Para desviar o foco da crise atravessada pelo capitalismo, a burguesia vem dando destaque à política indentitária ou “identitarismo”, quando indivíduos de determinadas minorias – mulheres, negros, gays, travestis, índios, etc – têm uma ascensão social provocada pela burguesia para continuar a servir aos seus próprios interesses, é claro, os interesses do capital. A escatologia da vez foi que, em 02 de dezembro, o Mercado Pago acaba de lançar, junto com a Exame, uma plataforma de educação digital sobre empreendedorismo digital voltado à comunidade negra. Não é lindo? Um banco criando um curso exclusivo para negros onde estes irão aprender a empreender.
Finalizamos o ano de 2022 sem perspectivas de crescimento econômico e desenvolvimento social. O horizonte se torna mais tenebroso principalmente quando olhamos e percebemos que os países mais ricos e industrializados do mundo comungam desta mesma perspectiva. Economias como a norte americana enfrentam uma alta taxa de inflação que não se via há muito tempo. A Europa, além da inflação, tem uma crise energética provocada pela guerra da Ucrânia que torna o problema ainda mais desafiador.
O resultado imediato deste panorama é o acirramento da luta de classes que torna a sociedade uma “selva” cada vez mais agressiva pela sobrevivência humana, setores médios desesperados buscam refúgio na extrema-direita, a fome e o desemprego aumentam e o futuro se torna incerto.
Neste ritmo, a burguesia se vê obrigada a fazer algo para que esta convulsão seja pelo menos atenuada, medidas definitivas não podem ser implementadas pois colocam em risco a sobrevivência da própria burguesia, o jeito então é a boa e velha demagogia política.
Aí fica a pergunta: por que os negros não podem estudar em outras plataformas junto com brancos? O que será que se ensina neste curso onde só podem entrar negros? Quem foi Malcolm X ou como usar uma AK 47 contra aqueles responsáveis pela desgraça dos negros, ou seja, os capitalistas? Óbvio que não, esta não é a primeira e por enquanto não será a última farofada indentitária promovida pelos capitalistas para jogar uma nuvem de fumaça na luta de classes e esconder o real motivo da miséria não só dos negros, mas também dos brancos. Já tivemos outros exemplos como a Ambev e a Magalu.
É preciso deixar claro não só para os negros, mas para todos os trabalhadores, que os bancos e a burguesia em geral não defendem ninguém, mas apenas seus próprios interesses. Interesses estes que estão intrinsicamente relacionados com a exclusão social, miséria e falta de perspectiva do povo, concentração de renda e todos os transtornos emocionais e psicológicos que alguém pode sofrer vivendo sob a uma sociedade de tão decadente como o estágio atual do capitalismo.