Nesta última sexta-feira, dia 21, Lula fez um comício no município de Teófilo Otoni, em Minas Gerais, cidade onde o Partido dos Trabalhadores (PT) possui prefeitura. O comício foi marcado pela presença do povo em peso, com alguns adendos especiais. Foi um comício vermelho e popular, manchado pela presença inóqua e indesejável dos elementos direitistas que neste momento querem se pendurar na candidatura de Lula, como é o caso de Simone Tebet, que durante toda a campanha atacou o petista duramente, associando-o a Bolsonaro e à corrupção, e Marina Silva, uma suposta ex-adversária, que agora teria adentrado o barco da candidatura de Lula. Apesar desse pequeno show de horrores, tivemos um fato que chamou a atenção para o caráter popular e de esquerda que a candidatura do PT conserva apesar das alianças, que foi o gesto de Lula de exibir uma camiseta de uniforme dos Correios estampada com a palavra de ordem de: Não à privatização dos Correios.
Muitos da esquerda pequeno-burguesa tentam pintar a candidatura de Lula como uma candidatura burguesa dos patrões, apresentando a tese de que Lula neste momento seria o candidato preferencial da burguesia e do imperialismo neste segundo turno por uma suposta incapacidade desta de aceitar mais 4 anos de Bolsonaro por este ser antidemocrático, “negacionista” ou qualquer coisa que o valha. A esquerda apresenta ainda a ideia de que Lula fará o programa neoliberal do PSDB, ainda se aproveitando das péssimas alianças que a candidatura do ex-presidente optou por fazer, mas que não influem no caráter geral de classe da candidatura. Sim, a presença desses indivíduos prejudica a campanha e a puxa para a direita, mas mesmo assim não muda o fator determinante que define a candidatura do PT, que é o seu caráter popular e de massa. Sendo assim, uma coisa tem de estar claramente definida, a ideia de que Lula é o candidato contra as privatizações, e que Bolsonaro, que já afirmou que manterá Paulo Guedes no governo, e que também avalizou a sua atuação monstruosa e neoliberal no ministério da economia, é o candidato dos grandes capitalistas contra o povo trabalhador.
Muitos poderiam questionar o caráter de uma ação tão pequena como estender uma camisa com uma plavra de ordem de esquerda escrita, mas Lula não se colocou contra as privatizações apenas aí. Em diversas outras oportunidades o petista se declarou contra a privatização, seja em questões pontuais, ou como programa político geral, veja alguns exemplos:
No primeiro debate presidencial do segundo turno, Lula declarou o seguinte quando questionado sobre a política de privatização da Petrobrás:
“Esse país hoje só refina 80% da gasolina que usa e a gente reinava 100%. Esse país parou de refinar, portanto, a gente tem hoje com a privatização da BR. Diziam que ela tinha monopólio, que tinha que ter concorrência, que ia baixar o preço. Vendeu-se a BR e hoje temos 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos sem pagar imposto e com preço dolarizado. Na verdade o preço não tem que ser dolarizado pq a gente faz exploração em real, a gente paga o salário em real e fazia as plataformas e as sondas, o que não se faz mais. Eu sou contra a privatização e acredito que privatizar a Petrobras é uma loucura. hoje o governo dele privatizou os gasodutos e hoje a gente paga 3 milhões de reais para usar os gasodutos. Ou seja, em dez anos já será consumido o dinheiro que pegou e ainda assim vamos continuar pagando 3 bilhões”
Em outra oportunidade, Lula em seu perfil oficial no Twitter declarou o seguinte sobre a privatização da Eletrobrás, realizada durante o governo Bolsonaro:
“Está em curso mais um crime contra o povo brasileiro e o futuro do nosso país. O alvo da vez é a Eletrobrás, que Bolsonaro quer vender a preço de banana, colocando em risco a soberania e a segurança energética do Brasil”
“se esse crime não for evitado, a privatização da Eletrobrás vai também elevar consideravelmente as tarifas de energia, levando a conta de luz a fazer companhia aos preços abusivos do gás de cozinha, da carne e dos demais alimentos, que não param de subir”
“o risco de apagões, como o que aconteceu em novembro no Amapá. Uma série de falhas cometidas pela empresa privada responsável afetou o abastecimento de energia elétrica e água encanada, além dos serviços bancários, internet e telefonia, levando o caos à população”.
Nestas duas declarações podemos ver o programa da candidatura de Lula para as estatais, Lula é contra as privatizações, e está sendo mais radical do que nunca nesse sentido. Temos de pressionar a candidatura mais ainda para a esquerda nesse sentido, e exigir a reestatização daquilo que foi privatizado. Para isso temos que ir às ruas por Lula presidente.
