Os empregados do Metrô de Belo Horizonte, operado pela CBTU (Cia. Brasileira de Trens Urbanos), estão em greve desde a zero hora do dia 14, em sinal de protesto contra a privatização anunciada pelo governo federal.
A greve atingiu 100% das 19 estações que permaneceram fechadas e os trens sem operar. No mesmo dia de início da greve, a CBTU conseguiu liminar na justiça do trabalho contra a greve, o que indica que o tribunal do trabalho está a serviço das empresas e, portanto, contra os trabalhadores.
Para diminuir o forte impacto da greve aos usuários, foi colocada uma linha emergencial de ônibus, E019, passando pela estação Eldorado e sem paradas no percurso. Ela funciona das 5h30 às 23h00, ao preço de R$4,50, de acordo com o Sintram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano).
Na liminar do TRT-BH, o juiz inventou uma nova categoria de greve, que poderíamos chamar de greve fantasma, que ninguém vê, pois ele determinou que o funcionamento diário deve atingir 100% dos trens em horário de pico, e 70% nos demais horários. Ainda, o não cumprimento dessa tirania chamada de liminar acarreta multa diária de R$100.000,00 ao sindicato. Isso é um decreto de extinção do direito de greve. Uma vergonha nacional e um ataque a todos os trabalhadores do País.
Isso significa que os trens que estão em manutenção e não operando, obviamente, deverão ir para o serviço, mesmo quebrados? Também que os empregados afastados por doença, em auxílio à maternidade, acidentados, os que estão de férias, etc, deverão voltar ao trabalho imediatamente?
Afinal, todos sabem que diariamente os trabalhadores faltam por diversos motivos, justificados e não justificados: tem os afastados por doença e acidente, os que estão de férias, etc. Nem em dias normais as empresas trabalham às vezes com sequer 70% dos funcionários e dos equipamentos que precisam de manutenção corretiva e preventiva. Isso é fato.
Esse é um exemplo do verdadeiro papel do judiciário no sistema capitalista, que atua a favor das empresas e contra os trabalhadores. É uma atitude clara de negar os direitos garantidos pela Constituição e, nesse caso, o direito de greve.
O pior de tudo é que o tribunal do trabalho mostra, através da liminar, o completo desconhecimento do dia a dia das empresas e dos trabalhadores no processo de trabalho. Não sabe que nem todos os equipamentos estão operando normalmente todos os dias por motivo de manutenção, de falta de meios de operação, etc. e ainda que nem todos os empregados estão presentes diariamente por diversos motivos citados acima.
Os tribunais julgam sem saber o que estão fazendo na prática, um verdadeiro absurdo e, sendo assim, inaceitável, principalmente pelos trabalhadores. Por isso é que juízes devem ser eleitos e não nomeados ou concursados, e com mandatos revogáveis.
E estamos falando de greve contra um processo de privatização que é outro escárnio contra o povo. A licitação prevê que o governo federal e o de Minas Gerais arquem com investimentos de 3,2 bilhões de reais para entregar melhorias na já instalada linha e a criação da segunda linha. Os investimentos totais ficariam em 3,7 bilhões de reais, ou seja, quem vencer a concorrência vai levar 3,2 bilhões em caixa e vai gastar apenas 500 milhões para operar e lucrar diariamente. São 178 mil passageiros por dia nesse metrô, vezes 4,50 reais a passagem, temos arrecadação de mais de 800 mil reais diários, quem não quer isso de presente?