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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Decadência cultural

Intolerância, hipocrisia e asfixia: o fim de uma civilização

Uma das provas de que o capitalismo está desmoronando é o nível cultural dos defensores do regime

Um dos principais aspectos a serem observados quando se analisa o declínio de uma sociedade é o seu nível cultural. Atualmente, o nível político, ideológico e cultural da civilização burguesa encontra-se no seu nível mais rebaixado desde sempre. Podemos notar esse fenômeno observando justamente os pretensos seres “iluminados” que estariam encabeçando essa civilização: os intelectuais burgueses. Dentre eles, juristas, jornalistas e muitos líderes políticos que pertencem à ala esquerda do regime.

Não toleram mais debates. Na realidade, não toleram questionamento nenhum e nem mesmo que alguém pense diferente. Sim, esses são os membros da ala esquerda desse regime. Por isso mesmo que digo que esse é um parâmetro muito significativo da derrocada fatal da civilização burguesa.

O curioso, que revela a insanidade mental da nossa época, é que se comportam de tal maneira acreditando que estão defendendo o progresso. Dizem-se progressistas. Democratas na luta contra a barbárie e o retrocesso. Até mesmo subversivos, transgressores. Não percebem, talvez, que são na verdade os maiores defensores dessa civilização em bancarrota ─ portanto, reacionária.

Em nome da democracia, pisoteiam os direitos democráticos mais elementares. O que seria essa democracia? Ora, exatamente o retrocesso, pois anacrônica: seu tempo histórico passou, já se foi. E, como a humanidade caminha para frente, ela não voltará jamais. O legado que deixou foram os direitos e liberdades democráticos, esses sim ainda fundamentais para o progresso da humanidade. A democracia que advogam nada mais é do que uma grande farsa: instituições carcomidas, viciadas, putrefatas ─ que se chocam com as garantias dos direitos democráticos.

Exemplo maior disso no Brasil foi a recente determinação de bloqueio do Telegram pelo ministro Alexandre de Moraes. Um homem, tal qual um monarca absoluto da Idade Média, é mais poderoso do que milhões de usuários da plataforma, que com a decisão não podem mais utilizá-la para se comunicar, ou seja, para exercer seu direito à liberdade de expressão. Esse ditame veio de uma instituição da democracia dos nossos queridos esquerdistas. A concretização da democracia suprimiu um dos mais básicos direitos democráticos.

E os juristas, jornalistas e líderes políticos “progressistas” vão às alturas com esse orgasmo tirânico gozado do pau dos outros. Porque, apesar de se sentirem parte importante do regime, nossos “progressistas” não passam de parasitas agarrados no tecido envelhecido da civilização burguesa, que se desintegra levando seus elementos pretensamente mais avançados junto com ele.

A arte (de boa e de má qualidade, como o filme de Danilo Gentili e Fábio Porchat) é censurada sob as mais variadas desculpas morais. Toda a cultura do cancelamento, na verdade, não passa de moralismo barato. Tanto dos “progressistas” como dos reconhecidamente reacionários, como Bolsonaro. 

Pelo mundo todo, censura-se tudo o que tenha alguma relação com a Rússia. Isso porque os russos cometeram o crime de desafiar os donos dessa civilização moribunda. Mas como a classe dominante não está somente contra Putin mas sim contra toda a humanidade, o castigo recai sobre todos os cidadãos, que se veem castrados do direito de acessar aos canais russos, de assistir a concertos e exposições de artistas russos, de provar a culinária russa.

Novamente, nossos juristas, jornalistas e políticos “progressistas” aplaudem tal decisão draconiana. Porque a imprensa ou as personalidades russas são negacionistas dos supostos crimes de seu governo. Assim como são negacionistas do COVID-19 os trabalhadores que não quiseram se vacinar, e por isso merecem ter anulado seu direito ao emprego e devem ser demitidos por justa causa por seus patrões ─ esses sim, verdadeiros cidadãos. Ou assim como são negacionistas aqueles que questionam o porquê de as coisas serem do jeito que são. Não, não se pode questionar. Não se pode questionar o porquê de um governo comprar a vacina de um laboratório e não de outro, o porquê de se restringir um direito individual em detrimento de um suposto direito coletivo. Não, quem questiona é negacionista. “Anti-cientítifico”. Curiosamente, todos os grandes filósofos e cientistas sempre defenderam a necessidade de se questionar tudo. Seriam eles também anti-científicos? Negacionistas? E condena-se os hereges à fogueira.

Se você não seguir à risca as normas estabelecidas pela ditadura que se traveste de democracia, as consequências podem ser muito sérias. É preciso ser politicamente correto, seguir estritamente as convenções. Novamente: os caga-regras dizem-se progressistas e mesmo transgressores! Nossos jornalistas defendem a censura. Nossos juristas defendem a prisão. Nossos líderes políticos defendem a proibição de partidos. Tudo isso, em nome da democracia, da liberdade, dos direitos!

É a sociedade da completa hipocrisia.

Autores reacionários são utilizados para aplicar uma política reacionária em nome do progresso. Não se pode tolerar os intolerantes! É preciso combater o totalitarismo! Pois esta é uma sociedade dominada precisamente pela ditadura daqueles que estabeleceram essas palavras de ordem. É a ditadura totalitária dos intolerantes (que não toleram os intolerantes). Como qualquer ditadura totalitária, as instituições do Estado não agem sozinhas para suprimir os dissidentes (isto é, os “negacionistas”, os “irresponsáveis”, os “extremistas”). Contam com o apoio da massa de retardados (dentre eles os juristas, jornalistas e líderes políticos) “progressistas” para vigiar e punir os que não se encaixam nos padrões impostos por essa civilização em ruínas.

Você precisa pensar um milhão de vezes antes de fazer uma piada ─ embora esta devesse ser espontânea. Precisa medir suas palavras a todo o momento. Teme o que pode sair de sua própria boca. Imagina que pode contribuir de alguma forma ao debate de um determinado tema, mas adota a autocensura com medo de ser “cancelado”. Ou pior: censurado, proibido de se manifestar nos espaços públicos (virtuais, via de regra). Calado. Se a representação na arte convencional e de massas é perseguida porque pode fugir à regra cagada pelos censuradores, a arte singela e natural que surge da atividade cotidiana do ser humano ─ como a piada, o sarcasmo, a ironia, a encenação ─ também tem sido alvo cada vez mais frequente. Como em toda ditadura, os responsáveis pela repressão são burros, ignorantes e não entendem as figuras de linguagem e a tentativa do outro de deixar a realidade brutal mais leve por meio do recurso à ficção. Aqui se encaixam novamente os juristas, os jornalistas e os líderes políticos “progressistas”. Mas acompanhados de seus seguidores menos ilustres, do verdadeiro gado ─ que ironia! ─ que segue esses pilantras e limitados intelectualmente.

Trata-se de uma sociedade obscurantista. Vive-se cada vez mais nas trevas, onde é preciso se esconder para não ser vítima do arbítrio dessa civilização em decomposição.

A insanidade dos funcionários desse regime totalitário, inquisidores morais de todo o conjunto da sociedade, é tamanha que leva as vítimas também à loucura. Estamos, sem dúvida alguma, em uma civilização doente, em todos os sentidos. E é uma doença terminal.

Felizmente, o sentimento de revolta naqueles que não aguentam mais tamanha opressão é inevitável. Não apenas o sentimento, mas a materialização dele. A revolta é inevitável!

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