Desde a derrota do imperialismo na Guerra do Afeganistão, o mundo tem enfrentado uma profunda crise. Abriu-se, na escala internacional, uma cada vez mais aguda polarização entre a classe operária e a burguesia nacional de alguns países atrasados – como a Rússia e a China –, de um lado, e a burguesia imperialista de outro.
A situação se tensionou ainda mais com a guerra da Rússia contra a OTAN, em que o país eslavo está barrando o avanço do bloco imperialista no Leste Europeu. Com a aproximação da chegada do inverno e, com isso, a maior necessidade por parte dos países europeus do gás russo, a polarização tem evoluído de maneira muito significativa.
Somado a tudo isso, tem-se a debilidade cada vez maior do imperialismo e sua dificuldade crescente em manter sua ditadura mundial. O movimento operário se encontra em um estágio de arrefecimento desde o massacre da Paz Celestial, que gerou um grande exército industrial de reserva à nível internacional e que abriu espaço para as políticas neoliberais; no período recente, há indicativos de que, finalmente, esse período pode estar sendo superado e o movimento operário pode entrar numa fase ascendente. Com isso, é possível que estejamos próximos de uma etapa pré-revolucionária.
O presidente russo Vladimir Putin, tomando nota desta situação, fez um discurso bastante enfático. De acordo com o presidente, “a situação é, em certa medida, revolucionária, uma vez que as classes mais ricas não conseguem, e as classes mais pobres não querem mais viver assim. Então, tudo está em jogo, e o futuro de uma nova ordem mundial está sendo formado frente a nossos olhos”.
Tal frase, apesar de ser, em certa medida, um exagero – visto que a situação internacional ainda não pôs nenhum país em uma crise revolucionária –, expressa o contundente acirramento da luta de classes no terreno internacional.
Também em seu discurso, Putin disse: “O mundo unipolar está chegando ao fim. O Ocidente é incapaz de, sozinho, governar o mundo. O mundo enfrenta um marco histórico, ao início da década mais importante desde a Segunda Guerra Mundial”. Tal apreciação da situação, não é a correta – já que o que está acontecendo não é o surgimento de um mundo “multipolar”, em que vários países governariam o mundo de maneira harmônica, mas sim um enfraquecimento do imperialismo e de sua ditadura mundial; em suma, é totalmente intolerável para o imperialismo a independência dos países atrasados. No entanto, ela indica o acirramento profundo da Rússia na luta contra o imperialismo, visto que a ideia de um mundo “multipolar”, ainda que impossível, leva necessariamente a um choque contra o imperialismo.
Com este cenário de guerra contra a OTAN, de aproximação do inverno e de dependência do gás russo por parte da Europa, a situação internacional tende a se polarizar ainda mais, e os trabalhadores devem se mobilizar para derrotar o seu maior inimigo: a burguesia imperialista.