Começou na última segunda-feira (14) a Lide Brazil Conference, evento presidido pelo ex-governador de São Paulo João Doria, na cidade norte-americana de Manhattan, em Nova Iorque. Com a presença de 260 empresários, Doria também convidou para a conferência os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do TCU (Tribunal de Contas da União).
O evento tem como o objetivo, supostamente, “debater o respeito à liberdade, à democracia e à economia do Brasil a partir de 2023” e também vai contar com a presença de “autoridades monetárias, representantes de entidades de classe e gestores públicos e privados”.
A abertura será realizada pelo ex-presidente golpista, Michel Temer, e terá dois painéis: “Brasil e o respeito à liberdade e à democracia” e “A Economia do Brasil a partir de 2023”, tendo como mediador o jornalista do jornal O Globo, Merval Pereira. Para o primeiro painel, os expositores serão Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Antonio Anastasia. Para o segundo painel, a situação piora ainda mais — se for possível: entre os expositores estão Henrique Meirelles e Persio Arida.
Parece piada, mas não é. Um evento que se propõe a discutir o “respeito à liberdade, à democracia e à economia” está acontecendo nos Estados Unidos, o coração do imperialismo mundial, e não no Brasil! O país que, todos sabem, promoveu os golpes de 1964 e 2016 contra o Brasil.
Em segundo lugar, é absurdo querer discutir a democracia com uma verdadeira corja de golpistas, como Michel Temer — o qual foi banhado pelas graças de Alexandre de Moraes, que afirmou, neste evento, que Temer deveria ter tido mais tempo na presidência —, Henrique Meirelles, João Doria e Persio Arida.
Não só ocorreu a presença de todo um verdadeiro esgoto da política brasileira, mas como foi organizado por esse mesmo grupo, tendo como presidente do evento o ex-governador de São Paulo, o tucano João Doria. Outro absurdo que podemos citar é um evento que se propõe a discutir o respeito à liberdade e à democracia com os maiores censuradores do País dos últimos tempos, como é o caso do STF e do TSE.
É evidente que esse é um evento golpista, com dedo do imperialismo. Além de ser uma contradição absurda em termos, como já explicado anteriormente, é evidente que o evento tem ligação com a burguesia e vai dar os rumos para a política de todos esses setores daqui para frente.
Não só isso, mas também é preciso dizer que o evento acaba sendo essencial para a direita tradicional na medida em que estes foram afogados nas últimas eleições. Com raras exceções, esse setor da direita afundou como uma pedra, saindo em desvantagem total com relação ao bolsonarismo que, por sua vez, saiu consideravelmente forte apesar de Bolsonaro ter perdido a eleição. Boa parte do Congresso nacional acabou sob o controle da direita bolsonarista, assim como alguns importantes estados. Em contraposição, a direita tradicional só conseguiu se erguer com ajuda da esquerda, que os utilizou como “mal menor” em estados a exemplo do Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite, frente ao candidato bolsonarista opositor e a derrota de um candidato de esquerda.
A direita tem feito de tudo para tentar se reerguer, assim como o imperialismo tem feito de tudo para a ajudar nessa tarefa. Fica ainda mais evidente qual o lado do judiciário brasileiro, que senta junto com golpistas e imperialistas em uma situação crítica como a qual o País passa no momento, quebrando completamente a falsa pose de “justiça” dessas figuras.