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Renan Arruda

DCO entrevista pré-candidato ao Governo do DF pelo PCO

Renan faz parte da categoria dos bancários e luta pela construção de um partido revolucionário no Brasil desde o final da década de 80

Seguindo sua série de entrevistas, o Diário Causa Operária entrevista Renan Arruda, pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo Partido da Causa Operária.

Confira, abaixo, destaques da entrevista que pode ser vista na íntegra por meio de nosso canal no YouTube. Link ao final da matéria!

Diário Causa Operária: Primeiro, Renan, você pode contar um pouco pra gente sobre a sua trajetória na vida política, principalmente dentro do Partido da Causa Operária?

Renan Arruda: Eu sou o produto das mobilizações do final da década de 80. Em 87, entrei para a categoria dos bancários e a minha militância começou justamente nas greves de 87. Trabalhei primeiro no Banco de Brasília, depois no Banco do Brasil e, naquele ano, eu mal tinha assumido no banco e o pessoal já estava fazendo piquete na porta do banco e já aderi ao movimento.

Na época, tinha um movimento “cutista” muito forte de oposição à diretoria do sindicato que, na época, era controlado pelo PCB, e eu entrei nessa oposição. Dentro dela, faziam parte companheiros da então corrente Causa Operária, que ainda era uma corrente do PT. Minha militância foi praticamente toda dentro do Partido, eu não tive uma militância em outra organização ou em outro partido.

Depois, participei da luta do partido contra a exclusão da corrente do PT. Aqui em Brasília foi um dos locais onde o PT agiu caçando a nossa candidatura nas eleições de 90. Nós ganhamos a convenção do PT para a primeira eleição para o governo daqui e, depois, a Direção Nacional do partido caçou essa candidatura. No momento seguinte, abriu o processo de exclusão da corrente que era feita nominalmente: os militares eram expulsos do PT individualmente e eu fui um deles.

Posteriormente, participei da fundação do próprio partido, da campanha que foi feita nos estados para podermos ter o número mínimo de filiados e atingir as exigências da época do Tribunal Superior Eleitoral para legalizar o Partido. Nesse período, também militamos na evolução dessa oposição do Sindicato dos Bancários. Construímos uma corrente própria no interior da categoria, os Bancários em Luta, e por diversas eleições lançamos chapas ao longo desses anos.

Fui candidato a governador na primeira eleição que o Partido participou à nível nacional em 98. Fui candidato aqui pelo DF. Na época, foi a única região que a gente tirou o candidato majoritário. Apoiamos a candidatura do Lula naquela eleição, mas já denunciamos, aqui em Brasília – inclusive foi o ponto alto da campanha -, a própria candidatura do PT na época que era do Cristovam Buarque. O candidato dele já era o próprio Fernando Henrique Cardoso, ele estava, na eleição, apoiando veladamente a candidatura do neoliberalismo. Isso daí veio a se confirmar depois na própria trajetória do Cristovam Buarque, que foi defensor do golpe de estado, saiu do PT, enfim…

DCO: Quais são as principais diferenças que você vê no panorama político daquela época com o de agora?

RA: Esse movimento que surgiu, do qual eu fiz parte, foi resultado direto das mobilizações operárias que se iniciaram no final da ditadura. Foi um fator fundamental para derrotar a ditadura, o movimento se iniciou ainda no final dos anos 70 no ABC Paulista. Daí que vai sair o próprio Lula, e isso como rastilho de pólvora, pois foi [a mobilização] pra tudo quanto categoria em nível nacional. A CUT se transformou em uma coisa muito viva.

Esse movimento foi derrotado em parte pelo próprio neoliberalismo não só no Brasil. Vemos que o movimento operário, em nível mundial, entrou em um refluxo. Por outro lado, esse refluxo, no Brasil, vem em parte pela própria capitulação da esquerda. O ascenso do movimento operário vai acontecer até a famosa greve dos petroleiros em 1995. De lá para cá, o movimento não conseguiu se recuperar.

Nós temos uma avaliação de que hoje, por conta da própria crise do imperialismo, está se abrindo uma nova etapa política que fatalmente vai chegar no movimento operário também no Brasil. Mas, sem sombra de dúvida, isso não é uma realidade ainda e, desse ponto de vista, tem uma diferença grande em termos de participação popular nos movimentos populares sindicais daquela época se comparado com o período de agora.

DCO: Nós vimos que, no passado, o TSE cometeu uma série de arbitrariedades contra o PCO, indeferindo uma série de candidaturas e tornando várias figuras inelegíveis. Como vocês estão avaliando esse próximo período, as eleições deste ano?

RA: Nós estamos vendo mais uma série de arbitrariedades por conta do STF por ter incluído o PCO no Inquérito das Fake News por conta de posições políticas que constam no programa do partido desde seus princípios. É o caso, por exemplo, da própria existência do STF enquanto um órgão Supremo acima de todos os poderes da República. Consta no nosso programa, desde a sua fundação, a luta pela reforma política que implica, inclusive, na extinção do STF.

Depois, temos esse problema da urna eletrônica. Nós temos uma crítica, obviamente política, que questiona por que teríamos que confiar cegamente [nas urnas]. Se analisarmos o passado, vemos que a história do Brasil está repleta de fraudes. A República Velha, por exemplo, era marcada pelo voto de cabresto. É um problema e nós achamos que devem existir formas mais efetivas de controlar isso. Se nós temos problemas até em eleições sindicais, que é um universo muito menor, por que isso não seria uma situação que poderia se dar no plano muito maior que é o plano nacional? Ou seja, é uma crítica absolutamente, vamos dizer assim, legal. Não temos que ter uma fé cega em nenhuma instituição A, B ou C.

Então, esse processo do STF tem por objetivo, obviamente, procurar calar o partido. É tudo muito nebuloso. Nós não temos conhecimento do próprio teor do processo contra nós, apenas o que veio à público de maneira muito superficial. No final, não sabemos como está a tramitação do processo, qual é o próximo desdobramento. Entretanto, sem dúvida nenhuma, pode se colocar o problema da cassação do partido ou algum tipo de impedimento para que o partido participe das eleições.

DCO: Especificamente sobre o Distrito Federal, como você analisa a mobilização da esquerda no DF em relação à campanha por Lula Presidente, as candidaturas de partidos como o PT e o PSOL? Como está essa situação?

RA: Essa frente que apoia a candidatura do Lula saiu dividida aqui em Brasília.  Temos um verdadeiro leque político que inclui, por um lado, uma Federação composta pelo PT, pelo PCdoB e pelo PV e, por outro, uma candidatura própria do PSB. Pelo menos até o momento, nada indica que haverá uma unidade aos moldes do que a Direção Nacional desses partidos procura propagandear com suas alianças.

Eu acho que o primeiro ponto que devemos realçar é que a candidatura do PT no DF não é do PT. O PT tem nomes que, sem sombra de dúvidas, embora haja divergências da nossa parte com relação a determinadas figuras do partido, eram pré-candidatos com muito mais expressão política do que o que saiu do acordo que foi feito. Quem está na frente da chapa é um Deputado Distrital, o [Leandro] Grass, que vem do PV. A trajetória política dele sempre foi em partidos burgueses: ele foi do PSB, depois foi da Rede e agora está no PV. É importante sublinhar que tudo isso no curto período do golpe para cá. Enquanto isso, todos esses partidos apoiaram o golpe de estado, apoiaram a política de perseguição ao Lula e de posterior prisão.

Nós apoiamos o Lula apesar dessa frente que tá colocada no caso do DF. Mas o PT teria uma possibilidade muito mais de peso para concorrer nas eleições. No que diz respeito aos candidatos do PT, particularmente na candidatura majoritária, ele está apresentando a candidatura da companheira Rosilene, que foi da coordenação do Sindicato dos Professores. Ou seja, apesar de nossas profundas divergências, é uma candidatura que poderia ter algum tipo de vínculo com o movimento sindical. Mas acaba que isso aí se dilui nessa própria campanha absolutamente conservadora.

Então acho que a importância de nossa candidatura vem no sentido de esclarecer esses problemas que estão colocados: o problema da importância da candidatura do Lula na perspectiva de um governo dos trabalhadores; da questão da necessidade de mobilizar os trabalhadores para que isso seja um instrumento da vitória eleitoral do Lula mas não apenas um instrumento eleitoral no momento, mas sim que seja, também, o pontapé para uma mobilização posterior às eleições. Porque obviamente, as necessidades dos trabalhadores e da população explorada são imensas e não vão ser os golpistas de ontem que vão ter uma política para isso. Então eles vão tentar tirar da candidatura do Lula tudo que possua qualquer sentido progressista. Nossa candidatura serve para fazer uma oposição a isso.

DCO: Como que a candidatura do PCO se diferencia das outras candidaturas no sentido das propostas?

RA: Em primeiro lugar, nós procuramos deixar claro que o propósito das nossas candidaturas está vinculado à mobilização popular. Nós não estamos aqui para fazer promessas. Isso é uma mistificação das eleições. Ao invés das eleições servirem como um espaço para a mobilização, para que você coloque o programa, para que você coloque o problema da necessidade da mobilização popular; ela se transforma meio que em uma pregação de todo mundo.

Nós temos um programa que não é um programa para as eleições, é um programa que a gente defende a todo momento. São questões fundamentais como o problema, por exemplo, do salário mínimo vital; o problema da estatização; no caso particular da atual etapa, a anulação de todas as medidas do golpe; o controle dos trabalhadores sobre o orçamento efetivo; e, fundamentalmente, a luta por um governo dos trabalhadores, apontando que só a luta pelo socialismo é que vai ser capaz de abrir uma nova perspectiva para os explorados do País.

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