A dez dias do segundo turno, a burguesia prepara uma armadilha contra o Lula. Toda aquela aparente neutralidade e até motivação de alguns oportunistas da esquerda, de que a burguesia estaria com o ex-presidente, se desfaz rapidamente. As pesquisas eleitorais – que de fato nunca foram confiáveis – primeiro apontaram Lula eleito no primeiro turno e agora passam para uma aproximação de Bolsonaro e uma tendência de virada. Toda essa manipulação tem uma jogada com objetivo claro: dar a entender que Bolsonaro irá ganhar e desmobilizar a campanha do Lula.
Outro ponto essencial na reta final da campanha eleitoral é o despejo de dinheiro na campanha de Bolsonaro. Um setor da burguesia abertamente coloca rios de dinheiro na campanha para propaganda virtual, e fica notório o aumento significativo nos últimos dias de vídeos promocionais de Bolsonaro em portais como YouYube. Outra denúncia é a de empresários coagindo os funcionários a voltarem em Bolsonaro, fato que não deixa de ser importante. O golpe está montado.
Diante de todo o cenário catastrófico, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que possui milhares de sindicatos e trabalhadores filiados a ela, não pode ficar olhando a extrema-direita assumir o controle do país e provocar uma derrota na esquerda. Com um dos congressos mais direitistas depois da ditadura militar e com Bolsonaro e Paulo Guedes, os direitos dos trabalhadores serão eliminados de forma sistemática e rápida. A crise do capitalismo é real e os grandes capitalistas vão tentar a todo custo jogar a conta no povo. A CUT em poucos momentos se mobilizou pelo movimento Fora Bolsonaro e quando o fez tentou atrair setores inimigos da direita como Ciro Gomes, caminho certo para o fracasso.
É preciso nesta última semana de campanha que a CUT intensifique a mobilização dos trabalhadores fazendo com que os sindicatos chamem plenárias de luta, realizem panfletagem nos bairros populares e portas de fábricas, conversando com os trabalhadores e explicando a situação crítica. É o momento do vira-voto e corpo a corpo. É completamente inaceitável que uma central como a CUT, construída com o suor dos trabalhadores, no momento mais crítico pós-ditadura, não consiga sair da imobilidade criada pela burocracia sindical, sendo que a própria burocracia corre sério perigo.
Só através da luta real é que podemos combater mais esse golpe contra o ex-presidente Lula, deixado para ser dado às vésperas das eleições. Mobilizar os trabalhadores e as massas, sair das redes sociais, remover o preconceito a possíveis trabalhadores bolsonaristas, dar uma guinada total à esquerda e saber que a eleição está longe de ser ganha e mesmo que fosse, o período pela frente é árduo. Nada garante que Lula não pode sofrer mais um golpe mesmo sendo eleito, pois a burguesia está muito decidida em atropelar os direitos trabalhistas no próximo período.