De acordo com dados comparados entre o primeiro trimestre de 2021 e 2022, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 60% da população negra do Brasil não conseguiu retornar ao mercado de trabalho durante a pandemia, resultando assim em três milhões de desempregados.
Setores da economia como a indústria de base e construção civil foram amplamente atingidos pela crise gerada com a pandemia, assim como trabalhos de menor qualificação, acarretando em um grande número de demissões. Não por acaso, são esses setores que empregam a maioria dos negros em nosso país.
É nítido o empobrecimento geral da população brasileira, óbvio também, que as piores consequências desta situação dramática recaiu sobre os mais explorados, onde se encontram a maioria dos negros do Brasil. O desemprego entre a população negra no Brasil no período de pandemia, ou mesmo em outros períodos, não se deve a um problema de representatividade como prega a fé identitária. A luta do povo negro não está separada dos outros setores explorados da nossa população.
A crescente iniciativa de grandes empresas e da grande imprensa, que consiste em promover os negros a “lugares de poder”, ou seja, um cargo mais alto em determinada empresa, o protagonismo em uma produção televisiva qualquer, de nada resolvem o problema da população negra real, aquela que vive nas favelas e periferias. Afinal, a promoção de uma mulher negra “empoderada” ou de um negro que preencha os requisitos de aparência para um alto cargo de uma empresa não muda o fato de que as posições menos remuneradas da mesma empresa serão também ocupadas, na maioria dos casos, por negros também.
A tão sonhada igualdade racial, no que diz respeito às oportunidades, não virá da política das grandes empresas, da imprensa e muito menos de governos burgueses, que usam a bandeira da igualdade para iludir o povo e continuar lucrando com a liquidação dos direitos dos trabalhadores e a miséria geral da população.
Escolher uma meia dúzia de negros, amenizar seus discursos caso necessário e colocar em lugares estratégicos para promover uma falsa igualdade, é a estratégia do imperialismo norte- americano e seus aliados ao redor do mundo. Uma ampla mobilização dos explorados em busca de uma verdadeira revolução social é a única forma de colocar contra a parede esses verdadeiros inimigos do povo negro oprimido.