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Frente ampla

Tarso Genro e a “mesa de unidade contra o fascismo”

Dirigente procura apresentar Bolsonaro como único responsável pela pandemia e propõe aliança com a direita de conjunto

Em novo artigo publicado no portal A Terra é Redonda, o ex-governador gaúcho Tarso Genro, notório representante da ala direita do PT, voltou a defender abertamente a aliança com a direita golpista em nome de uma fraudulenta “luta contra o fascismo”. Recorrendo a uma crônica, segundo a qual “dois homens de cabelos brancos, vestidos de maneira simples, defronte a uma casa pequena e antiga” estariam debatendo a cada vez mais grave situação do País, o dirigente petista tenta apresentar o cenário brasileiro como sendo resultado unicamente da política do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.

A frase que melhor resume a crônica, vinda de um dos dois personagens da crônica, diz: “é que temos que escolher entre morrer de fome ou morrer do vírus”. Tarso Genro se apega ao desabafo do homem de cabelo branco e, partir de então, procura demonstrar que, para conter a pandemia, bastaria combater o “bolsonarismo”.

“A política de Bolsonaro é precisamente isso: convencer aquela parte indefesa – disponível na sociedade – que é bom ser confinada entre duas ilusões-limites: não entre a vida e a morte, mas entre os dois tipos de mortes no mercado liberal do ódio: morte pela fome ou morte pelo vírus”.

É fato que a política de Bolsonaro está levando a um colapso social. Já são 260 mil mortes causadas pela pandemia, dezenas de milhões de desempregados, a economia indo de ladeira abaixo etc. No entanto, não se trata de uma invenção do bolsonarismo, mas sim do resultado da política neoliberal, a política oficial dos banqueiros diante da crise econômica e da crise sanitária.

A ideia de que Bolsonaro seria o único responsável pela pandemia não passa de um mito. Não há dúvida alguma de que o governo federal tenha uma responsabilidade muito significativa em relação à pandemia, até mesmo do ponto de vista ideológico, uma vez que Bolsonaro, desde o início da crise sanitária, deu a entender que ou não havia a pandemia ou que ela fosse de uma capacidade destrutiva muito pequena. No entanto, atribuir a culpa a Bolsonaro sem a denunciar os outros governos, principalmente os estaduais, que falaram muito sobre a pandemia, criticaram o governo federal, mas não fizeram coisa alguma, não tem qualquer sentido. Pelo contrário: impede que a esquerda e os trabalhadores tenham uma política séria.

No mundo inteiro, os governantes, sejam eles de extrema-direita, sejam eles integrantes da direita “tradicional”, tiveram a mesma política: correram para salvar os bancos e demonstraram uma incompetência astronômica para combater a pandemia. Políticas como a testagem em massa, a construção de hospitais, a implementação de um auxílio emergencial com valor digno etc. não foram vistas em lugar algum. No Brasil, não só Bolsonaro, como todos os governadores lavaram as mãos durante a pandemia. Todos eles foram a favor da reabertura do comércio e defendem a volta às aulas.

Um caso exemplar é São Paulo, governado por uma das pessoas que aparece na imprensa como grande oposição ao bolsonarismo: João Doria. Na cidade mais populosa do País, o transporte coletivo permanece lotado, as grandes empresas continuam trabalhando normalmente, as igrejas foram consideradas serviço essencial, a construção civil também virou atividade essencial e, principalmente, as escolas estão abertas.

O mito de que Bolsonaro é o único culpado pelo desastre da pandemia, além de completamente equivocado, serve de pretexto para uma política determinada: a frente ampla com os golpistas. E isso fica claro no texto de Tarso Genro:

“Todos os que rejeitam a barbárie, todos os que recusam o fascismo, todos os que não aceitam que a disjuntiva seja ‘a morte ou a morte’, mas a vida ou a morte – e estejam dispostos a lutar pela vida – deveriam sentar numa larga e generosa Mesa de unidade política contra o fascismo”.

O dirigente petista é claro: já que Bolsonaro é uma espécie de “mal supremo”, qualquer pessoa que se coloque contra ele seria um aliado para a esquerda. Traduzindo em bom português, para Tarso Genro, vigaristas como Rodrigo Maia, Luiz Mandetta, Sérgio Moro e tantos outros são mais do que bem-vindos em uma frente com a esquerda, desde que se comprometam a subir em um palanque e falar três palavras ou quatro palavras em defesa de uma “democracia ” abstrata.

Esse tipo de política só leva à derrota e à desmoralização da esquerda e do movimento operário de conjunto. Em primeiro lugar, trata-se de uma política ineficiente, como a própria eleição na Câmara dos Deputados já demonstrou. A direita nacional não está disposta a levar adiante um programa que confronte o bolsonarismo. Pelo contrário: não pensará nem duas vezes em apoiar a extrema-direita. Em segundo lugar, mesmo que, por algum motivo, a união com a direita golpista pudesse levar a um resultado positivo, essa política de alianças acaba por, inevitavelmente, dispersar os trabalhadores dispostos à luta, uma vez que verão suas próprias organização servindo de guarda-chuvas para os seus inimigos.

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