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Meio ambiente

Para defender imperialismo, articulista cria o ‘ateu climático’

Jornalista cria uma nova categoria: o ateu climático, como se isso fosse negativo. Para criticar, diz que os ateus não creem no clima. Faz tudo isso para defender o imperialismo

Crente climático

O artigo Tanto faz ser ateu climático: a crise do clima acredita em você, assinado Reinaldo José Lopes e publicado na Folha de S.Paulo, é um texto curioso, pois critica quem não se deixa levar pelo alarmismo das tais “mudanças climáticas”, quando deveria elogiar.

Na verdade, a campanha de “mudanças climáticas” são uma continuação da antiga política imperialista do “aquecimento global”, que rezava que boa parte das cidades litorâneas ficariam submersas devido ao derretimento das geleiras. Após anos de expectativas, e o desgaste do “aquecimento”, o imperialismo resolveu trocar seis por meia dúzia e lançou a campanha contra as “mudanças climáticas”.

Ao contrário dos ateus, os “crentes climáticos” estão aterrados com a situação do clima, como vemos no artigo: “‘Nunca vi uma coisa dessas’ é uma frase pronta que tem se tornado cada vez mais aplicável nos últimos tempos quando o assunto é clima. Observei seu uso repetidas vezes diante da situação trágica das enchentes no Rio Grande do Sul nos últimos dias”.

Os crentes climáticos se deixam levar para as aparências e esperam que o clima tenha um funcionamento regular, como um reloginho, como almeja o articulista: “Basta olhar o aplicativo de previsão do tempo no meu celular. O outono deveria estar começando a dar lugar ao inverno, mas não há nenhuma máxima abaixo dos 30ºC, nem nenhuma mínima abaixo dos 18º C, pelos próximos dez dias. (Os dez dias passados foram a mesma coisa.) O aplicativo avisa que, nas máximas, estamos 6º C acima da média para esta época do ano”.

Safadeza?

O senhor Lopes, em seu tom alarde, reclama dos céticos que, segundo ele, afirmariam “‘Esse aplicativo não prova nada! Prova só que você é um aquecimentista safado!’, urrará [a] legião de gente que nega a realidade da emergência climática que atravessamos. Há muitos deles no Rio Grande do Sul, inclusive, assim como os há aqui perto de mim ou em tudo quanto é canto do planeta. É desumano achar que os habitantes de qualquer lugar ‘merecem’ cenários como o enfrentado pelos gaúchos neste momento por causa da prevalência de crenças equivocadas”.

Talvez o articulista não saiba, mas o clima muda constantemente, nosso planeta já passou até por uma era glacial. Escavações geológicas comprovam, por exemplo, que as neves dos Andes já derreteram por vota de 500 d. C., o que provocou uma seca que fez desaparecer a civilização Tiwanaku. Não havia naquele período industrialização, queima de combustíveis fósseis nem nada. A quem atribuir as “mudanças climáticas”?

A atividade humana influi no clima? Sem dúvida, mas não na proporção que os ‘aquecimentistas’ nos querem fazer crer.

Interesses e mais interesses

O que está por trás da campanha contra as mudanças climáticas são interesses econômicos do imperialismo. Países como Estados Unidos, França, Alemanha, dentre alguns poucos, querem que países atrasados não mexam em suas florestas ou explorem suas riquezas no subsolo, coisa que eles próprios não respeitam.

Para o imperialismo interessa que o Brasil, por exemplo, deixe intactas suas imensas reservas de petróleo e minérios, pois ele mesmo quer abocanhar esses recursos. Da mesma maneira, os países imperialistas utilizam as ‘mudanças climáticas’ para sancionar a agricultura dos países pobres, pois assim conseguem subsidiar os agricultores locais.

É importante notar que os países ricos, os que cobram que sejamos ‘ecologicamente sustentáveis’, já destruíram seus habitats naturais e nada fazem para recuperá-los.

As chuvas e o neoliberalismo

Reinaldo José Lopes se utiliza das enchentes no Rio Grande do Sul para embasar sua tese das ‘mudanças climáticas’. Ele diz que “crenças de indivíduos nunca foram o mais importante nessa questão [a das mudanças climáticas], e menos ainda agora, com a água (metafórica ou real) subindo até se aproximar do nosso pescoço. Você pode ser “ateu da mudança climática” o quanto quiser: ela vai continuar acreditando em você”.

Pois bem, a Folha de São Paulo, jornal para o qual o articulista escreveu, é defensora do neoliberalismo, das privatizações, dos tetos de gastos. O governador do Rio Grande do Sul é um neoliberal modelo, querido pela grande imprensa, privatizou tudo no Estado, entregou tudo o que pôde para o capital especulativo e não sobra dinheiro para as obras públicas.

As chuvas no Rio Grande do Sul não são novidades. Há anos que especialistas alertam que o regime de chuvas vinha aumentado, que obras preventivas deveriam ser realizadas, mas nada foi feito. Agora, fica fácil colocar a culpa no clima.

O máximo que o autor faz é uma crítica inócua contra a gestão pública “Qualquer governo municipal, estadual ou federal que não esteja levando em conta, desde o primeiro dia, que situações como as dos últimos anos têm tudo para se tornar a regra, e não a exceção, não merece ouvir mais um só apito de urna eletrônica. E isso implica pensar em soluções que podem soar radicais, mas terão consequências muito menos severas do que as oriundas da nossa mania nacional de enxugar gelo”.

Quais seriam as soluções radicais? Isso ele não diz. Os neoliberais vão continuar a defender tetos de gastos, pois os bancos não podem sobreviver sem parasitar o Estado. Lopes terá coragem de sugerir a reestatização da Corsan? Esperemos, ainda que em vão.

Mais exigências imperialistas

No último parágrafo, o articulista reitera sua adesão à campanha imperialista das ‘mudanças climáticas’, e afirma “Quem está no poder também não tem mais desculpa para se agarrar à fantasia de que nosso desmame dos combustíveis fósseis só vai acontecer quando entrarmos para o Primeiro Mundo (…) Ainda que uma transição energética brasileira, sozinha, esteja longe de resolver o problema [do aquecimento]”.

Os crentes das mudanças climáticas sempre voltam à questão dos combustíveis fósseis e da transição energética. Mas é preciso lembrar que petróleo não se restringe a combustíveis, e que ‘energias limpas’, até onde se sabe, estarão disponíveis, talvez em quarenta anos.

O que temos visto é que as ‘agendas climáticas’ nada mais são que um instrumento de dominação imperialista. O clima se tornou uma valise na qual cabe tudo, desde ‘marxismo ambiental’, ‘racismo ambiental’, e tudo quanto é reivindicação maluca. Tudo isso serve apenas para que os países ricos dominem a esquerda identitária e consiga mais facilmente impor sua dominação sobre países pobres.

O alarmismo de artigos como esse é bem oportuno, pois leva as pessoas a crerem que existe uma preocupação mundial, especialmente do imperialismo, em relação ao meio ambiente e ao clima, o que é falso.

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