A deputada federal Tabata Amaral conseguiu autorização judicial para sair do PDT e manter o mandato no Congresso ainda em maio deste ano. Depois de negociações que envolveram PSD e PSDB, a “Batata Liberal”, como é conhecida jocosamente nas redes sociais, se prepara para ingressar no PSB, partido do namorado João Campos, aquele que desencadeou uma verdadeira campanha fascista para se eleger prefeito de Recife em 2020.
Poderia ser o Novo ou a Rede, afinal esse tipo de partido não passa de legendas de aluguel, plataformas eleitorais para carreiristas dispostos a servir bem à burguesia. O PSB, aliás, já conta com algumas das outras crias de Jorge Paulo Lemann.
Criada pelo bilionário em 1991, a Fundação Estudar vem oferecendo bolsas de estudo para “formar lideranças” no país. Essas bolsas levam jovens escolhidos pela fundação a universidades e empresas imperialistas, onde terminam sua preparação para “transformar” o Brasil. No começo, a fundação de Lemann impulsionava iniciativas mirando o judiciário e a iniciativa privada, porém a partir de 2010 passou a dar peso à área de “gestão pública”, tendo financiado e dado apoio operacional à iniciativa golpista Movimento Vem Pra Rua em 2014.
Recentemente, a empreitada deu os primeiros frutos no que foi chamado de “bancada Lemann”. O grupo suprapartidário dos ex-bolsistas de Lemann deteve mandatos por PDT, PSB e Novo, mas está amarrado por iniciativas como RenovaBR, Acredito e Livres, além de ser financiados majoritariamente por capitalistas como Nizan Guanaes e Abílio Diniz, apesar de fazerem demagogia com o “financiamento coletivo” das campanhas.
Agora, qual seria a diferença entre PDT e PSB no atual cenário político brasileiro? Absolutamente nenhuma. São dois partidos burgueses e direitistas, que inclusive estão costurando uma ampla aliança eleitoral para tirar votos da esquerda em 2022. No mais, o partido real de Tabata é esse grupo montado por Lemann e coordenado pelo imperialismo. Nas questões políticas fundamentais, os ex-bolsistas estão mais articulados entre si do que com os partidos que usam como plataformas. Isso ocorreu logo no começo do mandato de Tabata, quando a deputada ignorou a orientação de voto do partido e ajudou a aprovar a reforma da Previdência.
Para suprir a fraqueza das figuras mais tradicionais da direita, que derreteram diante da polarização política resultante de todo o processo golpista, o imperialismo planta essas figuras para ocupar o espaço e manter a esquerda afastada do poder político. Tabata se promoveu como “jovem da periferia”, que venceu na vida e se formou em Harvard, mas abriu mão de uma carreira brilhante para “ajudar o país”. Na verdade, toda essa leva de oportunistas foi preparada para esse tipo de carreira, a de políticos profissionais da direita.
