A movimentação em torno do nome para compor a chapa do ex-presidente Lula às eleições de 2022 vem gerando especulações das mais variadas. Neste momento, tudo indica que o ex-governador paulista, o tucano Geraldo Alckmin terá seu nome confirmado como o vice na chapa petista.
Enquanto ocorrem as tratativas para o fechamento da chapa encabeçada por Lula, o grande capital, a burguesia e seus principais representantes trabalham para dar vida a uma candidatura que os represente, se opondo ao bolsonarismo e ao lulismo, o que se convencionou chamar de “terceira via”.
No entanto, está cada vez mais difícil encontrar um nome que seja ao mesmo tempo popular e competitivo para enfrentar o ex-presidente, que lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto, com possibilidade de sair vitorioso ainda no primeiro turno.
O fato é que na hipótese – cada vez mais provável – de não conseguir viabilizar sua própria candidatura, a burguesia se movimenta para solapar a chapa petista, buscando um direcionamento à direita para o vice de Lula. A colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, em artigo datado de 17 de dezembro expõe muito claramente essa estratégia. Diz ela que o agora ex-tucano Alckmin pode fazer diferença estabelecendo “pontes efetivas com setores do chamado poder real que tem hoje relação esgarçada com o PT — e que aderiram ao bolsonarismo. Entre os principais estão algumas igrejas evangélicas, polícias e representantes do agronegócio”. (FSP, 17/12).
Está aí, sem meias palavras, o que representa o nome de Alckmin. Nada menos do que a tentativa de infiltrar, na chapa da candidatura que tem o maciço apoio das camadas populares, o que há de pior, os setores mais golpistas, mais retrógrados, mais direitistas, mais reacionários da sociedade nacional. Alckmin é, notoriamente, um representante da ala mais obscurantista da igreja católica, a Opus Dei. Mas não é só. O ex-governador chefiou o executivo do mais importante estado da federação (São Paulo) imprimindo uma dura política repressiva contra a população. À época, a PM, sob seu comando, foi chancelada como uma das mais violentas e brutais do País, com um sem número de crimes e outros delitos cometidos contra o povo pobre das periferias e bairros populares. Quanto ao agronegócio, os fazendeiros e latifundiários, nem é necessário tecer maiores comentários, pois este é o setor mais declaradamente não só bolsonarista, como inimigo dos trabalhadores sem terra, dos camponeses pobres, mantendo centenas de jagunços armados para assassinar os que lutam por um pedaço de terra.
Desta forma, as pontes que Alckmin estabelece não trazem qualquer mínimo avanço para a campanha popular do ex-presidente Lula; ao contrário, se dirigem no sentido oposto, pois está em oposição às necessidades mais sentidas das massas populares, dos direitos democráticos da população duramente atacados pelos golpistas, pela direita dita “civilizada e democrática”, a mesma que conspirou pela derrubada do governo eleito da presidenta Dilma Rousseff, do partido (PT) que agora busca uma aproximação com o anestesista reacionário, impopular e direitista, recém filiado ao PSB, a legenda partidária golpista que foi o fiel da balança no impeachment/golpe de Estado de 2016.
Se é do desejo de Lula e do PT derrotarem não somente a extrema direita fascista, mas também a direita golpista, reacionária e bolsonarista; se é do desejo fazerem um governo voltado para o atendimento das necessidades mais prementes da população; se é do desejo de um hipotético governo petista dar fim a toda essa política criminosa de destruição da economia nacional; de ataque e liquidação do patrimônio público; de colocar fim à tragédia social da fome e da miséria vivenciada por milhões de brasileiros que diariamente estão obrigados a dividir os latões de lixo com os urubus, ratos e baratas em busca de algum alimento; então, como tarefa imediata, o que está colocado para Lula e o PT é livrar-se, sem perda de tempo, dos cadáveres insepultos da burguesia, os inimigos dos trabalhadores e do povo brasileiro que buscam envolver a candidatura do ex-presidente no emaranhado direitista, para assim neutralizar qualquer perspectiva progressista e popular de um futuro governo petista.





