Diante de mais de 450 mil mortes por coronavírus agravadas pela política genocida do governo de Jair Bolsonaro, as manifestações do dia 29 de maio foram enormes em todo o Brasil. Apesar da pouca convocação das organizações de esquerda, a população foi às ruas exigindo o Fora Bolsonaro e mostrou a grande disposição em derrotar Bolsonaro nas ruas.
As grandes mobilizações, no entanto, não foram uma unanimidade dentro das organizações de esquerda, sendo que algumas delas foram abertamente contra a mobilização e decidiram fazer campanha contra os atos. Apesar de essa oposição aos atos de rua ter sido extremamente reduzida.
Um que se colocou abertamente contra os atos de rua contra o genocídio e o governo Bolsonaro foi o presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia, Éden Valadares. O presidente do PT da Bahia afirmou que não poderia usar a “mesma moeda” contra Jair Bolsonaro e defendeu a continuidade dos inúteis atos virtuais, afirmando que o PT da Bahia está de luto.
“Somos contra qualquer aglomeração. Não vamos responder a Bolsonaro na moeda dele: a insanidade. (…) A defesa da vida é um valor acima de qualquer outro. Por isso estamos orientando atividades virtuais, nas redes sociais, ou atos simbólicos, com pouca gente e com todo protocolo de segurança sanitária. Vamos mostrar nossa reprovação a Bolsonaro sem oferecer risco à nossa base militante. É possível, sim, repudiar e reprovar Bolsonaro sem aglomeração, sem sujeitar ninguém ao risco de contágio”, afirmou.
Essa decisão do dirigente petista vai na contramão da tendência em toda a América Latina diante dos ataques da direita fascista que está matando a população de diversas maneiras, seja de coronavírus ou seja de fome, passando pela pistolagem. Praticamente todos os países da América Latina se encontram convulsionados e com a população enfrentando a direita nas ruas.
A burguesia e sua imprensa propagam essa ideia de que é preciso ficar em casa para evitar de todas as maneiras uma mobilização da população contra o governo Bolsonaro para não perder o controle da situação política. E setores da esquerda pequeno burguesa adotam essa política para se aproximar de setores da classe média direitista e ficar “bem” com a burguesia enquanto a maioria esmagadora dos trabalhadores tem que sair às ruas para trabalhar e não morrer de fome. O presidente do PT da Bahia vai a reboque da burguesia para evitar confronto com a direita e que as alianças realizadas pela direção do PT baiano com ex-carlistas não sejam abaladas.
Ficar em casa favorece Bolsonaro e sua política genocida
A decisão de Éden Valadares de se colocar contra o ato e pedir para a militância petista não participar dos atos é uma maneira de manter Jair Bolsonaro na presidência e sua política de destruição do país.
Isso porque, desde o início do governo Bolsonaro e com o surgimento da pandemia, a política adotada foi de não sair às ruas e entrar em confronto com a direita. Desde 2019, a direita tomou conta da situação e colocou em marcha uma política de ataques contra os trabalhadores com retirada dos direitos trabalhistas, despejos, demissões e privatizações a todo o vapor porque não encontrou nenhum obstáculo das organizações de esquerda.
Se a esquerda mantiver a política proposta pelo presidente do PT da Bahia, o governo Bolsonaro vai manter seus ataques e vai se manter porque não há nenhuma oposição. Além de boicotar uma tendência da população de lutar contra o governo Bolsonaro, deixando a mercê os trabalhadores que estão se mobilizando.
Não sair às ruas e apoiar a luta da população contra o governo Bolsonaro é tudo que a burguesia e a direita necessitam. Isso porque a burguesia apoia as medidas colocadas em prática pelo governo Bolsonaro, como deixar a população a mercê do coronavírus, economizando recursos públicos para serem despejados nas empresas privadas. E, também, nas medidas de ataques aos trabalhadores e à população como cortes de direitos e demissões. Justamente o que a população está lutando contra.
O governo de Jair Bolsonaro e da direita golpista conseguem aplicar seus planos macabros devido à decisão da esquerda em não sair às ruas, como está sendo defendido pelo presidente do PT da Bahia, para lutar de maneira efetiva contra os ataques.
A esquerda precisa parar de ficar a reboque da direita golpista e se colocar ao lado dos trabalhadores e das suas lutas para efetivamente lutar contra a direita e o governo Bolsonaro. Ficar em casa é apenas uma desculpa para que as alianças com a direita golpista se mantenham e seja encaminhada uma “luta” parlamentar que não resolve absolutamente nada.
Com esse tipo de posição à Valadares, a esquerda simplesmente perderia a maior chance nos últimos tempos de derrotar o golpe. Por sorte, os trabalhadores estão passando por cima dessa política covarde e no dia 19 mostrarão novamente sua força.