Incompetência na pandemia

Os “cientistas” europeus foram um desastre no combate ao Covid

Diante da urgência para agir na pandemia, os governos “científicos” europeus demonstraram uma lentidão criminosa. E a direita tradicional é tão culpada quanto a extrema-direita.

Não há dúvidas de que a atuação de Bolsonaro foi decisiva para o rápido avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil, mas, como esse Diário vem destacando desde o começo da atual crise sanitária, os governadores da direita tradicional tiveram papel tão importante quanto o ilegítimo presidente. O mesmo ocorreu no continente que reune a maior parte dos países capitalistas desenvolvidos do mundo, a Europa. No Brasil, os governadores que ensaiaram uma “oposição” ao governo federal apenas encobriram a falta de investimentos e ações do poder público estadual, com quarentenas farsescas que atingiram apenas alguns setores da classe média. Já na Itália, durante o trágico pico de mortes no norte do país, os operários também seguiam amontoados nas fábricas, enquanto setores menos oprimidos da sociedade italiana faziam quarentena. O mesmo enredo se repetiu em diversos países ao redor do mundo.

É importante destacar que a lentidão para reduzir os contágios a partir das informações divulgadas pela China ainda em 2019 foi responsabilidade desses governantes europeus que procuram se apresentar como “democráticos” e “científicos”. Fechamentos ou “lockdowns” reais e com auxílio aos trabalhadores e pequenos comerciantes seriam uma coisa logo nos primeiros meses de 2020, em especial seriam mais curtos. Depois que a crise saiu completamente do controle, esses países têm imposto fechamentos por longos períodos, gerando desgaste com a população e quebrando os pequenos negócios. Para piorar, ao mesmo tempo em que inviabilizam atividades de lazer, vários países europeus insistiram na reabertura das escolas. A mesma fórmula adotada aqui no Brasil pelos governadores “científicos” já se mostrou um caminho para o desastre em países menores e mais ricos na Europa.

Assim como no Brasil, esse vai e vem de abrir e fechar algumas atividades deixa a população confusa. Quem surfa nessa onda de insatisfação popular acaba sendo a extrema-direita, que faz demagogia com as liberdades individuais e com o sofrimento de setores afetados pela crise. No quesito repressão ao povo, direita e extrema-direita competem em pé de igualdade, mas no momento atual quem exerce as medidas repressivas é a direita “iluminista” e “científica”. Com a apatia da esquerda, quem tira proveito político é justamente a extrema-direita, tanto aqui como lá. Pelo atraso e incompetência na implementação das medidas sanitárias e pela insistência em reabrir escolas, por exemplo, esses governos da direita tradicional europeia se vêem agora com apenas uma carta na mão: a repressão.

As taxas gerais de vacinação nos países da União Europeia estão mais próximas às do Brasil do que às do que do Reino Unido, recém saído do bloco. Como é possível que tantos direitistas “esclarecidos” tenham obtido resultados próximos ao negacionista Bolsonaro? Por que o “democrata” Macron, que chegou recentemente a sugerir uma intervenção na amazônia brasileira para “salvar a floresta”, não usou o poder da ciência francesa no combate à pandemia? A França foi um dos países imperialistas europeus que aplicou a bizarra fórmula de “lockdown” com abertura das escolas. Na Espanha, a imposição do fechamento de setores econômicos sem contrapartida para a população tem provocado diversas manifestações nas ruas. É o “fique em casa passando fome”, que está se repetindo em diversos países com os mesmos resultados sociais. Essas medidas não passam de paliativos desesperados em resposta à lotação dos hospitais, não se tratam de um plano racionalmente organizado nem apontam para cenários de médio ou longo prazo.

Como explicar que um país pobre no Caribe esteja desenvolvendo suas próprias vacinas, enquanto poucas soluções aparecem no rico continente europeu? Como é possível que países com economias muito mais desenvolvidas e recursos mais abundantes sejam superados por Cuba no combate efetivo à pandemia. Nunca é demais lembrar que a maior das Antilhas sofre um criminoso embargo econômico há décadas e que teve capítulos especialmente desumanos durante a pandemia, com o bloqueio a importações de respiradores e de insumos para a produção de medicamentos. Essa “amostra grátis” do socialismo cubano, que obvimente não é o socialismo propriamente dito, expõe o quanto a economia capitalista há muito já relegou a ciência a um posto secundário. O discurso pró-ciência só existe de fato como auto-propaganda e como demagogia, não há uma disposição real para o desenvolvimento, pois o capitalismo monopolista é essencialmente parasitário e tende à estagnação e até ao retrocesso econômico.

Essa decadência do sistema capitalista foi escancarada pela pandemia e as máscaras democráticas, científicas e progressistas dos governos europeus vieram abaixo. Ainda hoje é possível encontrar esquerdistas no Brasil aplaudindo figuras nefastas como Merkel ou Macron, os mesmos que se colocam a reboque de governadores como Dória ou Ibaneis. Essa afinidade da esquerda pequeno-burguesa com a burguesia “puro sangue” a afasta inevitavelmente dos interesses populares. Seja no Brasil, na Europa ou em qualquer país capitalista, é preciso organizar a revolta popular contra esses governos e contra esse sistema econômico anacrônico.

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