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Fundo do poço

A frente ampla que vai do PSTU a Joice Hasselmann

Plenária nacional virtual une extrema-direita e esquerda parlamentar em um circo de horrores

Impensável até pouco tempo atrás imaginar um encontro que reunisse expoentes das manifestações golpistas de 2016 e da campanha eleitoral de 2018 em defesa da candidatura de Jair Bolsonaro com representantes de partidos de esquerda que sofreram diretamente o golpe, como o PT e o PCdoB, acompanhados de uma legião de representantes de partidos que foi do PSDB ao PSTU em nome de uma suposta unidade de interesses em torno da unificação dos pedidos de impeachment de Bolsonaro.

Tal manifestação grotesca ocorreu na sexta-feira (23) e colocou lado a lado, embora virtualmente “bolsonaristas arrependidos”  –  Kim Kataguiri (MBL), Joice Hasselmann (PSL-SP), Alexandre Frota (PSDB-SP) -, representantes de partidos que defenderam abertamente o golpe de 2016  – Roberto Freire (Cidadania), José Maria (PSTU), Rede, PV, PSB -, representantes de partidos e organizações de esquerda – Gleisi Hoffmann (PT), Arlindo Chinaglia (PT), Marcelo Freixo (PSOL), Fernanda Melchionna (PSOL), Edson Silva (Intersindical), PCdoB e de movimentos sociais, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

Uma política inócua

A plenária nacional do impeachment pode perfeitamente ser definida como a ação de maior desmoralização, entre as muitas tomadas até o momento, supostamente contra Bolsonaro. 

A operação da esquerda parlamentar em apoiar uma candidatura do Centrão nas eleições para a Câmara Federal embora tenha sido um erro político gigantesco, baseado na ilusão de que haveria um movimento dos golpistas contra Bolsonaro, tinha pelo menos uma base real, ou seja, envolvia uma maioria parlamentar na Câmara Federal. 

Já a atual “unidade” com parlamentares bolsonaristas arrependidos, soa ridícula. Quantos votos têm Kim Kataguiri, Joice Hasselmann e Alexandre Frota? Salvo os seus próprios votos, nada! Em outras palavras, a esquerda parlamentar está em uma operação ridícula, que serve no final das contas aos interesses dos próprios parlamentares direitistas em desvincular seus nomes de Bolsonaro e à própria direita da frente ampla pela desmoralização dos setores da esquerda que em alguma medida lutaram contra o golpe e que agora se agrupa com a extrema-direita. Ora, se é possível estar junto com o MBL, qual a diferença de estar junto com João Doria, Rodrigo Maia, o PSDB, o DEM, esses os verdadeiros pais do golpe?  Nenhuma, a esquerda defensora da frente ampla está nessa cruzada.

A desmoralização da militância

 “Eu disse que não seria possível fazer atos conjuntos, porque temos visões muito distintas e rivalidades. O MBL e o PT têm diferenças históricas que não vão ser superadas, mas a gente poderia organizar atos no mesmo dia, mesmo horário, para ter uma demonstração de força conjunta. Algo que seja possível fazer durante a pandemia”, declarou Kim Kataguiri ao O Globo, 23/4

De fato as visões são muito distintas ou pelo menos era no período do golpe, da prisão e cassação de Lula nas eleições de 2018 e na fraude eleitoral que elegeu Bolsonaro. 

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também citada pela mesma matéria d’O Globo, teria afirmado que  “A articulação na Câmara para aumentar a possibilidade do impeachment só vai acontecer se houver uma pressão social. Se não tiver, é difícil. A maioria (dos participantes do encontro) acha que não temos que chamar atos (de rua). Alguns colocaram que teríamos que ter atos diferenciados. Mas todo mundo sabe que mobilização social é importantíssima” .

Embora seja verdadeira a sua colocação sobre os atos de rua como o principal instrumento que pode levar ao impeachment, o ato do qual ela e o PT participaram vai no sentido totalmente oposto. Juntar a esquerda e a extrema-direita no mesmo barco é uma política de neutralizar a polarização política. É esquecer o golpe de 2016 e acreditar que Bolsonaro foi um acontecimento fora do script do próprio golpe. 

No final das contas é emblocar Lula e o significado da sua  candidatura como expressão popular da luta contra o golpe aos interesses da frente ampla. É permitir, ainda, levantar Bolsonaro e o bolsonarismo como a candidatura “contra o sistema”, “todos  contra Bolsonaro”, um prato cheio para viabilizar sua própria candidatura, desmoralizar a esquerda e alçar a frente ampla como “oposição” a Bolsonaro.

Uma nota sobre a “esquerda revolucionária”

Entre os protagonistas do encontro, a participação coadjuvante de dois partidos chamam a atenção, o PSTU e a UP. Ambos são críticos ferrenhos ao lulismo por ser a expressão da “colaboração de classes”, “dá corrupção”, etc. Ocorre que no presente encontro estão se alinhando não com o lulismo, mas com a extrema-direita. PT, PCdoB e o PSOL são partidos que se assumem mais ou menos ao reformismo, mas os dois em questão se colocam no campo da “revolução”, agora com Kim Kataguiri, o parlamentar pornô Alexandre Frota? PSTU e UP estão ainda mais desorientados do que a esquerda reformista. O PSTU, por exemplo, acaba de denunciar o ato virtual das centrais no 1o de maio por se unir aos algozes do povo, por isso fará um ato classista contra o ato da colaboração de classes.

Sem contar o fato que o ato do PSTU e da CSP-Conlutas será virtual, ou seja não é ato, mas uma live, pois as duas organizações também são adeptas da política da burguesia do “fica em casa” não vão se reunir no mesmo palanque virtual com Fernando Henrique Cardoso, mas se permitem reunir com a fina flor da extrema direita?

Mobilização popular é a única saída

O que seria da atual frente em gestação caso não houvesse o pretexto da pandemia para evitar atos de rua? O PT seria capaz de colocar Lula com o MBL? Qual seria o resultado dessa política se não desmoralizar o próprio Lula? Por pressão da frente ampla as esquerda, em particular o PT, estão retrocedendo em suas posições contra o golpe, ou pior ainda, em nome de uma suposta luta contra o “mal maior” representado por Bolsonaro, estão encobrindo o próprio golpe e passando um atestado de “bons antecedentes” para a direita golpista e sua ala de extrema-direita.

Sem dúvidas que esse será um caminho de derrotas não apenas para a esquerda, mas para os explorados do País. O que a frente ampla busca é neutralizar Lula e o PT. Estão dando passos nesse sentido.

É fundamental que os setores mais conscientes da esquerda apontem a mobilização popular como o único caminho real para derrotar Bolsonaro e o golpe.

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