Com a iminente candidatura de Lula por conta da devolução de seus direitos políticos, parte da esquerda, influenciada pela propaganda da própria direita inimiga do povo, começa a fazer a campanha de que Lula deveria escolher um vice ligado à burguesia.
Esse “conselho” da direita, obviamente, serve aos interesses da própria burguesia, que tem um duplo objetivo com isso: o primeiro deles é desmoralizar a candidatura de Lula para o movimento de luta contra a direita; o segundo é cavar um nome de confiança caso a candidatura de Lula não consiga ser barrada ainda nas eleições.
O golpista Michel Temer (MDB), escolhido como vice de Dilma Rousseff, foi um dos principais articuladores do golpe de Estado principalmente no que diz respeito à sabotagem interno do governo. Temer teve papel fundamental no golpe, foi ele que sabotou o governo, se articulou com as forças de oposição da direita e foi ele quem efetivamente tomou o lugar de Dilma no governo.
Está claro que um vice “do outro lado” facilitou o golpe. Se o vice de Dilma fosse um representante da esquerda e dos movimentos populares, mesmo que muito moderado, o trabalho dos golpistas seria mais difícil. Seria preciso um golpe capaz de derrotar não apenas Dilma Rousseff mas seu vice, deixando ainda mais claro que se tratava de um atentado contra as próprias instituições democráticas da burguesia.
A presença de Temer na vice-presidência ajudou a legitimar, ainda que muito precariamente, a sucessão do governo.
Muitos setores da esquerda oportunista têm defendido que procure um vice burguês, ligado a setores empresariais como a dona do Magazine Luiza, Luiza Trajano.
A escolha de um direitista para ser vice vai indicar o tipo de governo que será feito, com inúmeros acordos prejudiciais aos trabalhadores e um risco enorme de desmoralização política do movimento de luta. Ao passo que um vice ligado ao movimento popular indica que será um governo de maior enfrentamento com a direita e a burguesia.
O correto para a candidatura de Lula é um vice que de fato represente os trabalhadores. Um representante dos sem-terra ou dos sindicatos, por exemplo.
Em suma, é preciso colocar um vice que seja da confiança dos movimentos de luta. A experiência com Temer mostra que até mesmo do ponto e vista de um governo de reformas como é o caso dos governos do PT colocar a direita apenas serve para boicotar as iniciativas desse governo.
É preciso transformar a candidatura de Lula em um grande movimento de luta, uma alavanca para derrotar todo o regime golpista. Como parte desse movimento também está a escolha de um vice que represente os anseios dos trabalhadores e de todo o movimento que luta desde 2016 contra o golpe e todas as arbitrariedades contra Lula.