O atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), está em campanha eleitoral para a presidência da República desde o momento em que assumiu o governo estadual em 1º de janeiro de 2019.
Suas ações no governo são sempre peças de propaganda política de si mesmo. No período anterior à pandemia do coronavírus, o tucano se apresentava como um político de extrema-direita, com um discurso baseado na necessidade de fortalecimento do aparelho de repressão policial para combater a criminalidade e se dedicava a atacar a esquerda (PT), o ex-presidente Lula e os movimentos populares (MST).
O Massacre de Paraisópolis, acontecimento do final de 2019, foi uma consequência de sua política de repressão policial aos bailes funks nas favelas de São Paulo. Jovens que se divertiam foram pisoteados, espancados e assassinados pela Polícia Militar, numa verdadeira política de terrorismo de Estado. Quando questionado, Doria defendeu a ação criminosa da Polícia Militar.
Já no contexto da pandemia do coronavírus, o que se verificou foi a completa inércia do governo de São Paulo em termos de política para enfrentar a situação. A única medida foi o isolamento social, possível apenas para a burguesia para as classes médias. Doria aproveitou-se da situação para atacar os direitos dos trabalhadores, privatizar o patrimônio público e cassar direitos democráticos. Enquanto o povo morria de fome, Doria dizia que não se deveria protestar e insistia na política do “fica em casa”, apesar de reabrir as escolas em caráter presencial, sem nenhuma segurança. Mais de 80 professores faleceram em decorrência de contágio no interior das escolas públicas estaduais.
A vacinação tornou-se o mote da campanha de João Doria, que tenta apresentar o estado de São Paulo como um sucesso na imunização contra o vírus. O tucano organizou um evento para apresentar a vacina Coronavac, uma das menos eficazes e mais caras, e se travestir de pai da vacinação no Brasil. Não obstante, São Paulo é a unidade federativa mais atingida pela doença, com 4,38 milhões de casos confirmados e 151 mil mortes. Com cerca de 20% da população brasileira, o estado apresenta 25% das mortes, isso depois de seguidas mudanças na metodologia de compilação dos dados, uma evidente manobra para manipular os dados e esconder a realidade.
A política do lockdown serviu para ampliar a repressão e o controle social direto sobre a população pobre e negra e tornar a Polícia Militar o principal agente no trato com o povo. Doria não implementou nenhum programa social, não fiscalizou as fábricas e tampouco aumentou a frota de transporte coletivo. Sua política de combate à pandemia é puro marketing político-eleitoral, uma verdadeira farsa.
Os despejos aumentaram 70% na pandemia ao mesmo tempo que se dizia que as pessoas tinham que ficar em casa e não protestar para não gerar aglomerações. As operações policiais e a prisão de jovens negros e pobres não cessou sequer por um minuto. A máquina de assassinato e encarceramento de São Paulo, montada e comandada pelo PSDB nos últimos 25 anos, não deu trégua.
A mudança na conjuntura fez com que Doria mudasse de pele de cobra para preservar o mesmo conteúdo. Agora, por conveniência, ele tenta se apresentar como defensores dos direitos humanos e das minorias (mulheres, negros e LGBTs), um homem do povo, de apelo popular, sensível à situação de miséria que aflige as massa e pela qual ele é responsável. Até compareceu numa roda de samba na cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo. Mal sabe o cantor, que era negro, que Doria prepara uma cela na prisão e um projétil da Polícia Militar para os jovens negros.
Doria como um ser humano, humanista e humanitário. Este bilhete é verdadeiro, afinal? Claro que não. IdentiDoria por fora, BolsoDoria por dentro.