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Cuba

Intervenção “humanitária”?

Correspondente em Havana explica qual a verdadeira situação em Cuba

(*) Por Márcia Choueri, correspondente em Havana

Sei que é cedo pra cantar vitória, mas tenho de dizer: Em Cuba, gusano não se cria!

Eles fizeram uma operação de guerra não convencional como manda o figurino, em todos os detalhes, e deram com os burros n’água.

Quem são eles? Os de sempre: a máfia cubano-americana, financiada pelo governo da Flórida e pela USAID (agência norte-americana que serve supostamente para ajudar países pobres). A história foi assim:

> No dia 23 de junho, a Assembleia Geral da ONU votou o projeto de Resolução exigindo o fim do bloqueio norte-americano a Cuba, que já dura mais de 60 anos. Um aparte: é o bloqueio mais longo da história. Os Estados Unidos nunca impuseram tantas sanções e por tanto tempo a outro país – nem à China, nem à Rússia, nem ao Irã, nem a ninguém. Voltando:

> No dia 15 de junho – portanto oito dias antes da votação – uma empresa chamada Proactive Miami Inc. foi certificada para receber dinheiro do departamento de Estado da Flórida – onde a empresa está sediada. Nesse mesmo dia, ela lançou nas redes sociais a hashtag “SOS Cuba” e simultaneamente chamaram um protesto contra o governo cubano, diante da sede da ONU, no dia da votação. Tudo isso ficou sufocado, naquele momento, pela imensa campanha internacional contra o bloqueio, que dominou as redes.

> No dia 5 de julho, voltaram a atacar, pedindo Intervenção Humanitária e um Corredor Humanitário em Cuba.

Corredor humanitário é uma medida internacional para garantir, por exemplo, que chegue apoio médico em uma zona de guerra, sem que o comboio seja atacado. É um conceito que não se aplica a um país que está vivendo normalmente, sem nenhuma situação de emergência, como é o caso de Cuba. Claro que a pandemia é uma situação excepcional, mas é para o mundo inteiro. Também é verdade que aumentou a quantidade de enfermos pela Covid-19, e consequentemente de falecimentos, devido à entrada no país de cepas mais contagiosas. Mas a gravidade da situação não chega nem perto do que se vê em outros países, e ninguém fala em corredor ou intervenção humanitária no Brasil, por exemplo, onde o quadro é muito mais grave sob todos os aspectos: números de positivos, de falecimentos, cobertura de assistência de saúde, vacinação.

Intervenção “humanitária” foi o nome que deram ao ataque militar à Iugoslávia, em 1999, feito pela OTAN e a Alemanha, sem autorização do Conselho de Segurança da ONU (porque era “humanitária”). É disso que estão falando.

> No dia 9 de julho, então, voltaram a difundir a hashtag “SOS Cuba”, utilizando tecnologia de última geração para viralizar. Uma única conta postou mais de mil tuítes, ao ritmo de cinco postagens por segundo. É óbvio que isso só pode ser feito com a intervenção de trolls e bots. A operação foi denunciada várias vezes ao Twitter, que ignorou suas próprias regras e não bloqueou nenhum dos perfis que participaram.

Foram alterados mecanismos de geolocalização, para simular que a campanha tinha origem em Cuba, o que não é verdade. Está provado que os usuários dessas contas estão na Flórida e em outros países, como a Espanha, por exemplo, onde há “influencers” anticubanos muito ativos.

> No domingo, 11 de julho, ocorreram em Cuba várias manifestações públicas em diferentes pontos do país. A simultaneidade dos eventos mostra que não foram espontâneos, como quiseram que parecesse.

Assim que se soube o que estava acontecendo, o presidente da República e Primeiro Secretário do Partido, Miguel Díaz-Canel, foi com

outros dirigentes ao município de San Antonio de los Baños, perto de Havana, para conversar com os manifestantes.

Mais tarde, em uma emissão especial em rede nacional, ele comunicou os fatos e conclamou os revolucionários a tomarem as ruas. Suas palavras foram: está dada a ordem, as ruas são dos revolucionários, com os comunistas à frente. Ou seja, ele chamou todos os que apoiam a Revolução, tendo à frente os membros do partido, a ocuparem o espaço público. Em nenhum momento, ele sugeriu que entrassem em conflito, ou que atacassem os manifestantes, como afirmaram os meios de comunicação internacionais. Ao contrário, o discurso do governo cubano é de compreensão, diálogo e entendimento.

Todos reconhecem que a situação pode ser bastante incômoda, e até exasperante, para a população. Há condições objetivas para isso: durante cerca de duas semanas, algumas localidades sofreram apagões diários, devido a avarias em duas usinas geradoras de eletricidade. Essa situação já está resolvida. Outra questão desgastante é a do desabastecimento de alimentos e medicamentos, o que provoca falta de alguns itens e demoradas filas para adquirir produtos de primeira necessidade. No entanto, a grande maioria dos cubanos sabe que isso é provocado, antes de tudo, pelo próprio bloqueio.

Quanto aos atos públicos, os maiores do domingo foram os dos apoiadores da Revolução, que saíram às ruas imediatamente, ao chamado do Presidente. As manifestações contra o governo, nem foram pacíficas, como disseram na imprensa internacional, nem foram reprimidas com violência policial. Vários eventos foram, na verdade, simplesmente quebra-quebras, saqueio de algumas lojas e agressão aos policiais. E foram enfrentados por tropas de infantaria, apenas com meios de proteção pessoal. Não foram usadas tropas antimotim, nem bombas de efeito moral, sprays de pimenta, balas de borracha, jatos de água, nada. Apenas a força estritamente necessária para impedir maiores danos às pessoas e ao patrimônio.

Está provado que os líderes desses distúrbios são financiados por pessoas e organizações dos Estados Unidos, que devem estar bem frustradas, porque não conseguiram o resultado que sonhavam. Não houve explosão social. E o vexame foi tão grande, que tentaram usar fotos das manifestações pró-governo como se fossem deles. Usaram também imagens dos argentinos festejando a vitória no futebol e outras de uma manifestação no Egito, para convencer a opinião pública mundial, e a de Cuba também, de que houve grandes multidões nas ruas.

Volto ao início: aqui, gusano não se cria. Mas o perigo para Cuba não passou. Porque o grande problema não é uma explosão social – que todo mundo, aqui e em Miami, sabe que não vai acontecer. O risco é de usarem essas mentiras e fraudes para justificar uma “intervenção humanitária”.

Por isso, a melhor maneira de apoiar Cuba neste momento é difundir os fatos reais. Fazer ver que estamos em meio a uma operação de guerra, cuja primeira vítima, como já disseram, é sempre a verdade. Buscam pretextos para atacar a Ilha, porque 60 anos de bloqueio não foram suficientes para quebrar a resistência dos cubanos. Porque aqui há um povo corajoso, liderado por uma Revolução que trabalha por paz e justiça social.

Dica para saber separar os fatos das fakes: qualquer ação de apoio a Cuba pede, em primeiro lugar, o fim do bloqueio.

#IntervençãoNão

#ForaBloqueio

#CubaSalva

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