De Norte ao Sul do país, as medidas restritivas, sobretudo do chamado lockdown, aparecem como as grandes salvadoras da contaminação da população diante da pandemia. Governadores, tanto da burguesia golpista quanto da esquerda pequeno-burguesa, decidiram por optar utilizar da repressão, uma forma de fazer demagogia com os setores de classe média, divulgando-a como uma suposta política “anti-contaminação”.
A burguesia, que o anunciou como uma maneira de combater a pandemia, no entanto, rapidamente buscou abandona-lo quando a crise econômica se aprofundou. Revelando ser na prática uma política que corresponde extamente a falta de política da burguesia para combater a pandemia, o lockdown tornou-se a medida na hora do desespero, quando o país explode em mortes a população fica a ponto de se levantar contra o regime golpista.
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Curitiba, São Paulo, e muitos outros estados decidiram adotar esta política logo após seus governos praticarem um dos maiores genocídios da população brasileira, por meio da reabertura total da economia, liberando totalmente o trabalho presencial e reabrindo as escolas públicas em todas as regiões. O extermínio deliberado foi profundo, a indignação popular apenas cresceu, e o lockdown passou a ser aplicado para supostamente conter a pandemia, quando na realidade, serve apenas para reprimir a população.
Esta, ao contrário do que a esquerda pequeno-burguesa acredita, é na realidade uma política extremamente impopular. O lockdown, é visto pelos trabalhadores e pequenos comerciantes como uma política verdadeiramente ditatorial, que ao obriga-los a ficarem em casa, não da nenhuma garantia de sobrevivência para os mesmos e suas famílias.
Assim, a política de lockdown da burguesia não torna-se uma mera demagogia, mais uma ditadura contra o povo. Ao mesmo tempo que obriga o povo a não trabalhar, também não garante nenhum auxílio, que dirá, um salário mínimo real que sirva para garantir a sobrevivência da população.
Ao passo que está política é aplicada, a burguesia também sofre diretamente com a profunda crise econômica do capitalismo. O lockdown é a política do desespero, contudo, tirando a repressão contra a população, não garante controle nenhum da pandemia e busca garantir os lucros dos grandes capitalistas.
Dessa maneira, em diversos locais, o mesmo lockdown, salvador da população, que fora anunciado para todo o mês de março, não será aplicado da mesma maneira em abril. Mesmo que a situação apenas piore, de maneira inclusive exponencial, com o país atingindo números recordes em todo o mundo de mortes e casos confirmados, a burguesia deseja primeiramente garantir o lucro dos capitalistas, para após, se preocupar em controlar minimamente a pandemia.
Tal política é perceptível não apenas pelo abandono quase que completo de qualquer medida de restrição. Os leitos de UTIs de todos os estados encontram-se em colapso eminente, contudo, sequer a vacina é providenciada para a população, com a burguesia não sendo capaz de sequer vacinar o chamado “grupo de risco”, mesmo após quase três meses do divulgado início da política de vacinação.
Locais como Santos, Espirito Santo, e regiões de São Paulo anunciaram algum endurecimento da política de lockdown. Contudo, todas elas mínimas quando trata-se do controle da pandemia. A imprensa burguesa fala em lockdown, porém, a mesma deixa claro a necessidade de salvar os capitalistas. Não há dúvidas de quem será a prioridade para o governo golpista.
O lockdown, por fim, ainda vem a se comprovar como uma medida que cria bases para o aprofundamento da ditadura do regime golpista. Não só reprimindo a classe trabalhadora, como também criando um estado de sítio totalmente arbitrário e inconstitucional nos estados.
Os governadores seja da direita golpista ou até mesmo da esquerda pequeno-burguesa não combatem a pandemia, contudo, permitem o endurecimento do regime político, que ao passo que promove uma verdadeira onda de perseguição política contra a população, ainda se utiliza do pretexto da pandemia para impor uma ditadura em todo país.