A campanha contra o Partido da Causa Operária (PCO) assumiu um caráter beligerante nos últimos dias. A Direita, extrema-direita e uma parte da esquerda se uniram numa frente ampla com o intuito de desmoralizar o partido. Com calunias e difamações, a Veja, o reacionário Reinaldo Azevedo e o bastião da extrema-direita, a Jovem Pan, deram a linha que seria seguida por figuras da esquerda, como foi o caso do Youtuber Jones Manoel e o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. Até aí, tudo dentro da normalidade; o PCO sempre incomodou os golpistas e os arrivistas da esquerda pequeno-burguesa. Mas o que está por detrás desses ataques?
Fundo partidário
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que o PCO não recebe o fundo partidário há bastante tempo, e, quando o recebia, era uma quantia ínfima perto do que partidos como o MDB, PSDB, DEM etc., recebiam. Essa questão, inclusive, foi motivo pelo qual partidos e elementos da esquerda pequeno-burguesa se moveram à direita para não ficarem de fora da fatia destinada aos partidos que passaram pelo crivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse, ao menos, foi o caso do PCdoB, que se uniu ao Partido Pátria Livre (PPL). O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) seguiram essa guinada e ambos foram para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Afora essas considerações, a polêmica em torno do fundo partidário foi capitaneada pela direita golpista através da revista reacionária Veja, bastião do golpe de Estado contra o governo de Dilma Rousseff (PT) em 2016; pelo igualmente golpista e reacionário Reinaldo Azevedo, criador do termo “petralha”; e pela Jovem Pan, o reduto dos bolsonaristas e iletrados do país. Não é novidade para ninguém que esses veículos de comunicação são movidos e financiados pela burguesia. Todos defendem um programa, portanto, uma política. Como porta-vozes da burguesia, buscam influir sobre os acontecimentos, moldando-os à sua imagem e semelhança. São apêndices dos partidos burgueses e, sem sombra de dúvida, os defendem, ora de maneira clara, ora disfarçadamente. Agora, resolveram atacar o PCO sob o pretexto de que o Partido receberia fundo partidário. Mas no que consiste esse ataque, sendo que os partidos burgueses o recebem e nenhum deles espumou de raiva contra esse sacrilégio? Trata-se, tão somente, de uma campanha de calúnias que encontra eco na esquerda pequeno-burguesa.
O que está em jogo?
Não é de hoje que o TSE vem transformando as eleições em um jogo de cartas marcadas cada vez mais antidemocrático. Embora muitos não saibam, sindicato não pode financiar campanha eleitoral, mas empresário pode – ou seja, os trabalhadores não podem financiar seus partidos, mas os grandes capitalistas, sim. Dessa maneira, independentemente do fundo partidário, os partidos da direita sempre terão o apoio dos capitalistas, enquanto à esquerda será sempre negada a possibilidade de receber dinheiro das organizações ligadas ao movimento operário. O problema, porém, não para por aí. Coincidentemente, o TSE postula a proibição do financiamento de canais políticos na internet. Essa medida, totalmente antidemocrática, terminará por sufocar os canais de esquerda que vivem da contribuição de seus membros. Assim, sobrará apenas para os grandes monopólios da imprensa capitalista o direito de falar sobre política. As eleições, mais uma vez, serão controladas no sentido de permitir que apenas os candidatos da direita possam ganhar. Essa campanha da direita contra o fundo partidário não é um raio em meio ao céu azul, é o pretexto para o aumento da restrição de aporte financeiro pelos partidos, organizações e imprensa de esquerda. A direita, seja ela bolsonarista ou ligada à terceira via, goza de todos os direitos e recebe investimento pesado dos grandes capitalistas. Mas e a esquerda?
Com campanha reduzida, tempo de televisão quase inexistente e a impossibilidade de receber contribuição dos sindicatos e canais no YouTube, a esquerda seria a única prejudicada com a restrição do fundo partidário. A direita sempre terá o apoio da burguesia, seja na época das eleições ou não. Por isso eles fazem demagogia quanto a essa questão. Sabem que a esquerda seria a mais prejudicada, contam com o apoio do TSE e do STF para impor um regime ditatorial contra as organizações de esquerda. O fundo partidário é um meio de garantir que as eleições sejam minimamente democráticas. Quem sai atacando histericamente o PCO por supostamente receber o fundo, além de ser um mentiroso e estar atacando o Partido para favorecer a “terceira via”, está também favorecendo que a burguesia tenha um controle ainda maior do sistema eleitoral.
