A farsa do lockdown

Franceses contestam medidas restritivas de Macron… e no Brasil?

A esquerda tem que romper o laço que a une a direita tradicional, denunciar a ditadura e lutar por um conjunto de medidas de salvação nacional

O governo francês pretende aumentar as restrições à circulação em certos territórios do país. Segundo o porta-voz do governo, Gabriel Attal, o país deve adotar “medidas adicionais” em alguns territórios, notadamente em Paris e no norte da França. Diante de um forte rechaço popular, o governo não conseguiu impor um terceiro lockdown nacional, no momento o governo adotou um toque de recolher que funciona das 18 horas às 6 horas da manhã.

As medidas, embora menos restritivas que anteriores, terão impacto sobre pelo menos 20 milhões de pessoas, que estão em confinamento a partir da última sexta-feira (19), escolas e comércios essenciais ficam abertos, incluindo livrarias. A França também anunciou, assim como outros países europeus, que retomará a vacinação com a vacina Astrazeneca, cuja utilização havia sido suspensa devido aos efeitos colaterais.

Amplos setores na França, sobretudo, a esquerda, denunciaram o caráter autoritário da medida do governo de Emmanuel Macron, presidente francês. É uma cassação dos direitos democráticos do povo, notadamente o toque de recolher que é uma medida efetivamente de um estado de sítio e que não tem impacto nenhum no combate ao vírus.

A política de lockdown feita como está sendo na Europa e aqui no Brasil é um engodo da burguesia para iludir a população. O isolamento proporcionado por ele é muito limitado, uma vez que boa parte da classe operária continua trabalhando nas fábricas, que são importantes vetores de transmissão, também, como na França, e como queriam os governadores no Brasil, as escolas continuam abertas, escolas que são um dos mais importantes focos de transmissão.

Como uma medida isolada, como está sendo feito, não surte um impacto de grande significação, pelo seu caráter parcial, no achatamento da curva de transmissão. No Brasil, durante o lockdown dos governadores, os transportes públicos continuam lotados. Ademais, não há um plano de combate ao vírus que acompanhe essa medida, não há testagem e isolamento de contaminados, monitoramento dos infectados, com testagem das pessoas próximas, ação orientada nos bairros de maior concentração de contaminação, durante o lockdown não se cria nem mesmo um único leito ou hospitais especializados.

O lockdown no Brasil, muito mais que na França, que já é problemático, cria uma situação de calamidade em ampla camada da população pobre de pequenos comerciantes, que, sendo impedidos de trabalhar e não obtendo nenhuma contrapartida ou auxílio do governo, vão à bancarrota financeira. O lockdown feito como medida parcial e isolada, e sem o Estado oferecer as condições econômicas, é ato verdadeiramente criminoso.

Retira de milhões de pessoas seus ganhos financeiros completamente com a justificativa que se trata de reduzir a infecção, no entanto, como medida parcial que é, milhões de trabalhadores continuam trabalhando nas fábricas, ou transportes lotados. Para que tivessem um impacto verdadeiro, como medida única que é, teria de ampliar enormemente esse lockdown e de maneira indefinida, o que é absolutamente inviável.

O lockdown é um subterfúgio da direita, para deslocar o centro da questão, que é justamente um plano efetivo de combate ao vírus com um conjunto de medidas, cujo isolamento social com condições deve também ser utilizado, juntamente com investimento pesado em recursos médicos e em pessoal, planejamento, testagem, e sobretudo vacinação, pois a solução do problema já foi inventada, é preciso vacinar o povo.

Ou seja, a direita lança mão desta medida farsesca do lockdown para parecer que estão comprometidos com o combate ao vírus, quando na verdade não fazem nada há um ano. Os governadores, assim como Bolsonaro, são criminosos e responsáveis pela massacre que o vírus produziu no país.

No entanto, a esquerda apoia a direita tradicional, os governadores, como meio de se contrapor ao bolsonarismo, ou seja, apoiam criminosos responsáveis pelo massacre do povo. A esquerda tem de romper com essa orientação e oferecer um plano de emergência para as massas e mobilizar o povo por esse programa.

Para os governadores o lockdown não custa nada, ainda se passam como combatentes do coronavírus, para o povo o custo é enorme e condena um número incalculável de pessoas à miséria e à falência.

A direita utiliza o lockdown, que vem sempre acompanhado de grande repressão da polícia, contra a população, pequenos comerciantes e o povo que tenta ganhar o pão de cada dia, e, juntamente com o toque de recolher, é também uma maneira da burguesia se proteger de possível, e no Brasil, inevitável explosão social. É uma forma de preparar a ditadura contra o povo, uma vez que o governo não tem nenhuma política para conter a crise, tanto a sanitária, quanto a econômica.

A crise sanitária deve ser enfrentada com um programa amplo de medidas necessárias para conter o vírus. Nenhuma medida isolada e draconiana vai salvar a população, mesmo porque o número de mortos só cresce e não há perspectiva de contenção da crise.

A esquerda deve romper com essa ligação com a direita tradicional, tão ou mais responsável pelo massacre do povo quanto Bolsonaro, e chamar a mobilização popular por um conjunto de medidas. É preciso imediatamente um fórum das organizações operárias e populares para discutir o programa e lançar uma campanha de rua ampla, esse é o único jeito de lutar contra a pandemia. Deixar nas mãos da direita tradicional somente levará a mais mortes e a mais miséria.

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