Desde que em matéria da Folha de S.Paulo, um dos principais jornais da burguesia golpista, plantou a “fake news” de que Lula estaria cogitando Alckmin para vice, a imagem do então esquecido ex-governador do PSDB foi atrelada ao petista. A imprensa burguesa inteira passou a fazer uma campanha coordenada em torno de sua figura e das possibilidades ou não do golpista ser vice-candidato em uma chapa Lula/Alckmin.
As informações a todo momento sempre vieram como uma fofoca da burguesia em meio à crise que se cria na candidatura da terceira via. Lula, em declaração por meio de sua conta oficial no Twitter, já afirmou que não há qualquer negociação com o tucano. Mesmo assim, os rumores por parte da direita não cessaram.
1 – Já tenho 22 vices… Enquanto ainda nem decidi se sou candidato. A escolha de um vice tem que ser levada muito a sério. Tem que ser alguém que some, e não que tenha divergência.
— Lula 13 (@LulaOficial) November 15, 2021
Alckmin até o momento se mantém filiado ao PSDB, partido que vive forte crise desde as eleições municipais, tendo conflito direto sobretudo com a ala de João Doria em São Paulo. O ex-governador espera o resultado das prévias eleitorais no interior do PSDB para decidir seu futuro, no entanto desde já se coloca com um apoiador, assim como todo principal setor da burguesia, da política da terceira via.
Dessa forma, a tentativa por parte da imprensa burguesa em atrelar a imagem do tucano a Lula pode ter alguns significados, nenhum deles positivo para a candidatura do ex-presidente. Desde que foi lançada, a campanha na imprensa por esta chapa vem fazendo com que a ala direita do PT vislumbre uma nova aliança com a burguesia brasileira. Para este setor, Lula deveria buscar se aliar com toda a burguesia, indo à direita e garantindo apoio a seu governo. Contudo, esta política não passa de uma ilusão, uma armadilha que a burguesia promove para o PT. Os golpistas não querem saber de Lula e dos trabalhadores, podendo até mesmo ir novamente com Bolsonaro para impedir a vitória petista.
Dessa forma, esta suposta aliança vem apenas para confundir e boicotar a própria candidatura de Lula. Por outro lado, a burguesia também manobra para reerguer a imagem de Alckmin, uma das figuras mais impopulares da política nacional. A tentativa de trazer Alckmin poderia se converter até mesmo em uma nova candidatura da terceira via, sobretudo em um momento quando a burguesia vai apresentando todas as suas cartas para as eleições, indo de Doria a Moro, de Ciro a Bolsonaro para 2022.
Isso porque a crise na terceira via é muito grande. Ela é refletida na briga interna no PSDB (entre Doria e Leite) e reflete a crise da burguesia de um modo geral, que, diante da polarização política, levou as classes sociais a se deslocarem para os extremos, esvaziando o centro. E a política atual da burguesia, a fim de estabilizar o regime político, é justamente reabilitar o centro para colocá-lo no governo.
O que fica claro, independentemente das intensões imediatas da burguesia com esta campanha, é que tudo não passa de um ataque à candidatura do ex-presidente Lula. Como ele mesmo disse, Alckmin não é uma figura que “soma” mas sim que representa o completo oposto de todas as revindicações que a base de trabalhadores, a base da candidatura de Lula, busca levar à frente por meio das eleições. Alckmin representa o golpe de estado e o próprio governo Bolsonaro (uma vez que ele e seu partido foram os principais responsáveis pela ascensão desse governo) e, ao contrário do que pensa a ala direita do PT, uma aliança com este setor representaria uma desmoralização da candidatura de Lula contra Bolsonaro e todos os golpistas.