Recentemente entrou em discussão na imprensa burguesa a negociação de Geraldo Alckmin para vice da chapa à presidência de Lula. Os burburinhos intrigantes da imprensa golpista, contudo, mostraram a verdadeira intenção de um setor do PT. A ala direita do partido, pensando em ganhar cargos e agradar a burguesia, pensou no nome mais direitista, que poderia se filiar ao PSB, que é o “picolé de chuchu” do PSDB. Nesse momento é preciso deixar clara a real função do tucano na chapa de Lula nas eleições: causar uma grande crise que venha de dentro da própria chapa, um boicote à candidatura Lula.
A realidade é que, muito longe de ser uma enorme aliança para Lula, a qual supostamente tornaria o ex-presidente mais palatável para a burguesia, esse deve ser o principal elemento de crise da candidatura. A burguesia não quer Lula. A burguesia não quer nenhum candidato que se coloque a executar gastos em favor da população. Como prova, uma das crises atuais decorre das manobras de Bolsonaro para driblar o teto de gastos. Lula não poderia apenas ultrapassar o teto, mas também acabar com essa regra que vai contra os interesses de sua base de apoio.
Outro elemento de crise da chapa Alckmin-Lula é o poder nos estados exigido pelo PSB para que o acordo seja efetivado. Nada mais, nada menos que Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. Quer dizer, alguns dos estados mais importantes do país (incluindo os dois principais: SP e RJ). A cessão do governo desses estados para o PSB coloca Boulos (garoto da burguesia golpista) como o candidato da esquerda em São Paulo, por exemplo. E fica a pergunta, o PSB retornaria essas concessões com uma grande campanha em favor de Lula nas eleições? Isso não é nada garantido.
Contra os ataques do governo Bolsonaro, contra a frente ampla e por Lula Presidente, todos às ruas com o Bloco Vermelho. #ForaBolsonaro #LulaPresidente #BlocoVermelho… pic.twitter.com/wLn3nFhENI
— PCO – Partido da Causa Operária (@PCO29) December 7, 2021
Isso porque, de fato, o compromisso de Alckmin é com os interesses da burguesia, não com Lula. E a pretensão da classe dominante é esmagar o candidato mais popular do Brasil com uma grande campanha de calúnias tematizada na corrupção. O falso estouro de escândalos de corrupção relacionados a Lula, nesse sentido, pode fazer Alckmin e o PSB romperem com Lula no meio das eleições, o que aumentaria a crise da candidatura já fragilizada pelos ataques do restante da burguesia.
A força da campanha presidencial de Lula, nesse sentido, não é a proximidade que ela possa ter da burguesia. Pelo contrário. A força de Lula vem do distanciamento claro da política burguesa e da forte reafirmação do seu caráter operário e popular. A única forma de Lula concorrer com chances de vitória em eleições profundamente fraudadas e controladas pela burguesia é que sua candidatura se apoie em uma grande mobilização popular. O poder das ruas, nesse sentido, é o elemento fundamental para derrubar o golpe de estado que retirou Dilma Rousseff da presidência com o objetivo de prender o próprio Lula.
Dessa mesma forma, a população deve se manifestar para demonstrar a sua insatisfação com a campanha direitista de uma chapa Alckmin-Lula. É preciso defender uma campanha de esquerda, classista. E criticar a possível chapa que já está preparada, por parte da burguesia, para derrotar Lula nas eleições.