A posição da Central Única dos Trabalhadores do DF sobre entregar suas sedes ao governo de direita de Ibaneis é uma posição criminosa dentro do sindicalismo e da esquerda. É um desrespeito aos operários cutistas, aos defensores da história da central, como nós, do PCO, que somos e sempre fomos cutistas.
A entrega das sedes foi feita com o argumento de que estaria a disposição da direita para ela utilizar usa estrutura para o combate ao coronavírus. Para o incauto, é uma medida de solidariedade, para o olho aguçado é demagogia barata, prelúdio de campanha eleitoral.
É conhecimento geral que os governos não têm falta de espaço para combater ao coronavírus.
O governo do DF está usando o Estádio Mané Garrincha, ele têm a sua disposição todo o sistema escolar de Brasília, uma única dessas escolas seria maior que a sede da CUT, as aulas estão suspensas. Galpões, prédios do governo estadual e federal que estão vazios. Há vários prédios para serem usados.
Criticamos essa posição em artigo neste Diário, e fomos respondidos com uma carta que é cínica e demonstra uma desonestidade intelectual geral.
Fomos acusados de sermos oportunistas e egoístas, enquanto a CUT estaria salvando vidas.
Comecemos pelo final. Categorias de trabalhadores como bancários e ecetistas estão trabalhando, arriscando suas vidas. No DF, de acordo com levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde do DF, no dia 8, havia 143 leitos de UTI disponíveis, de mais de 500. O vírus atingiu a capital mais que qualquer outra cidade proporcionalmente, a vida dos brasilienses depende de apenas de 143 leitos. Outra informação pertinente, a CUT-DF deu a Ibaneis sua sede, Ibaneis acaba de relaxar as medidas de isolamento na mesma toada de Bolsonaro.
No site da CUT não há nada sobre isso, fora o fato de que fez uma reunião com Ibaneis, ele decidiu ignorar a central, e avança contra o trabalhador. Conversar com a direita tem pouco ou nenhum efeito, eles entendem força.
Se for para falar de salvar vidas temos que nos perguntar: quantos vidas a sede da CUT salvará se aqueles 143 leitos não forem suficientes? Quantas vidas ela salvará se a quarentena for suspensa e a sede ficar na mão do governo? Nenhuma.
Pensem agora: quantas vidas serão salvas se a sede abrir agora e começar a fazer oposição.
Se a CUT abrir suas portas aos operários, ouvir suas queixas e demandas, paralisar as categorias e estabelecer uma pauta de reivindicações séria para o Distrito. Se for aos bairros conversar com os famintos, defender aqueles que ninguém defende. Quantas vidas serão salvas, quantos escaparão da fome? Inúmeros, isso é salvar vidas, o resto é demagogia rasteira.
Um escritório burocrático serve para pouco em tempos de paz, em tempos de guerra como agora, não serve para nada. Uma Central que fica em casa vendo o povo morrer, entrega sua sede ao organizador dessa matança, é apenas um escritório burocrático.
Falaram que somos egoístas e oportunistas, claramente é o inverso. Pensamos no povo, para ele aquela estrutura transformada num balcão de informações ou similar, pois nem para hospital serve, significará tudo. Se aquele mesmo espaço e incontáveis outros abrirem suas portas e organizarem o povo, significará a vida para ele.