A pandemia mundial do coronavírus aterrizou no Brasil causando não só uma grande devastação, mas fazendo eclodir também um conjunto de situações inusitadas, até então pouco vistas na história recente do País.
A crise epidêmica fez desencadear em quase todo o território nacional um enorme festival de demagogia e de pura encenação teatral, materializada em uma suposta entrada em ação de ministros, governadores e até militares, junto a outras personalidades do universo político.
Os casos mais evidentes desta peça teatral, desta farsa grotesca, estão configurados no formidável “desempenho” que vêem tendo os governadores de alguns estados diante da pandemia que se instalou no País, com destaque para os direitistas-bolsonaristas, João Dória (SP); Wilson Witzel (RJ) e Ibaneis Rocha (DF), Ronaldo Caiado (GO), somente para citar os principais.
De repente, de uma hora para a outra, como num toque de mágica, os senhores governadores, eleitos no rastro da corrupta máquina de propaganda bolsonarista, foram guindados ao panteão dos ‘heróis do povo”, dos “heróis da nação”. Num piscar de olhos, portanto, Dória, Witzel, Ibaneis, Mandetta e outros de menor brilho e projeção, elementos que nunca fizeram nada além de conspirar contra os interesses e os direitos do povo trabalhador, aparecem aos olhos da nação como os maiores e grandes “benfeitores da população”, “salvadores de vidas”, homens “comprometidos” com as grandes “causas populares”.
Farsa maior não poderia haver. Aqueles que nos estados são os reprodutores fiéis das políticas de austeridade, (leia-se ataques), arrocho fiscal e salarial contra os trabalhadores, contra as massas populares; aqueles que vêem destruindo a capacidade de intervenção do Estado através da liquidação dos serviços públicos, das privatizações, dos cortes de recursos para as áreas sociais (saúde, educação, transporte, habitação) estão sendo guindados como “heróis do povo”.
É preciso desmascarar toda esta farsa com uma política de denúncia sistemática destes “heróis de cêra”, vilões do povo, verdadeiros hipócritas, demagogos profissionais, exploradores do sofrimento alheio, aproveitadores criminosos do desespero da população pobre, explorada, desassistida, que já está morrendo nas filas de atendimento dos hospitais sucateados, das unidades de saúde desmontadas pela política consciente dos neoliberais golpistas, estejam eles em Brasília, nos ministérios, no parlamento, nos tribunais ou nos estados.
Esta iniciativa e esta luta (denúncia da farsa que significa a política criminosa dos governadores) deveria ser o compromisso maior e primeiro da esquerda nacional. É rigorosamente inaceitável a conduta que neste momento a esquerda brasileira assume diante da grave crise na qual o País está imerso.
Não é aceitável, sob qualquer ângulo que se queira ver o problema, que os sindicatos, a CUT e outros espaços de representação da luta popular estejam fechados, com o agravante de que alguns estão sendo cedidos para que os governadores direitistas aprofundem a política demagógica contra a miséria social do povo; de exploração das necessidades da população, que deveriam ser atendidas com os recursos do Estado, com o dinheiro que é destinado aos banqueiros e capitalistas.