Na última semana se concretizou a política de “frente ampla” para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados. Esta política é uma exigência, e porquê não, uma chantagem promovida já há muito tempo pela direita golpista tradicional, o chamado “centrão”, contra a esquerda, em especial contra o Partido dos Trabalhadores.
O centro desta manobra é apresentar o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, de extrema-direita, como sendo o mal maior, e os “pais” de Bolsonaro, ou seja, o bloco político que organizou e levou adiante o golpe de estado, como sendo o “mal” menor, ou até mesmo o setor “civilizado”, “progressista” da direita brasileira. Com este tipo de chantagem, os setores fundamentais do bloco golpista (DEM, PSDB, PDT, PMDB, etc) exigem o apoio da esquerda para uma suposta derrota do bolsonarismo.
Foi o que ocorreu na escolha dos candidatos para a eleição da Câmara. Contra o candidato bolsonarista, a esquerda decidiu ceder apoio ao a direita tradicional. Estabeleceu-se um bloco político amplo com 11 partidos, dentre estes os maiores responsáveis, como dissemos antes, pelo golpe de estado, e as “reformas” que acabaram com os direitos dos trabalhadores, como a trabalhista e a previdenciária.
A imprensa golpista, é claro, celebrou a aliança como uma grande vitória. O argumento político utilizado para justificar o apoio a estes verdadeiros bandidos do povo brasileiro não poderia ser mais falso. Bolsonaro e seu candidato seriam os representantes do autoritarismo, da ameaça à democracia e da violência contra os direitos das “minorias”, como os negros, LGBTs, mulheres, etc. Já a “frente” integraria os defensores da “liberdade”, da “democracia”, do “respeito” às diferenças. Um escárnio total contra a população.
Este, no entanto, é o único objetivo da “frente ampla”: fantasiar os piores inimigos do povo, responsáveis direitos pelos golpes de estado, a ditadura militar, como é o caso do DEM, pela matança generalizada dos negros nas periferias, como é o caso do PSDB e outros partidos tradicionais da direita em “aliados”, amigos dos trabalhadores, dos negros, das mulheres.
É preciso denunciar esta política e afirmar o óbvio, longe de ser uma vitória, a “frente ampla” é uma política de derrota para os negros e todos os setores explorados. A unidade com os golpistas tradicionais não irá progredir um milímetro sequer a luta dos negros contra a desigualdade social e a opressão. Pelo contrário, reforça-se ainda mais o bloco dominante que sempre esteve a frente das maiores atrocidades contra a população e, com apoio da esquerda, tal bloco tem o respaldo necessário para continuar seus ataques a todo o povo.
A única maneira de progredir na luta em defesa dos negros e dos demais setores explorados é por meio de uma mobilização independente contra toda a direita golpista. A frente necessária é a frente única dos trabalhadores, dos negros, das mulheres e das organizações de esquerda e populares contra o golpe de estado. É preciso impulsionar nas ruas o “Fora Bolsonaro e todos os golpistas” e levantar um programa democrático que atenda todas as reivindicações da classe trabalhadora.