Os defensores da frente ampla e da unidade com a direita são engenhosos para achar desculpas e subterfúgios quando são confrontados com fatos que evidenciam que os pretensos aliados burgueses apresentam ações contrárias aos trabalhadores e a esquerda.
O PCdoB é principal patrono da política de colaboração de classe com a burguesia, e exalta de todas as formas os novos “heróis” da luta pela “vida” e pela “democracia”, fazendo um esforço monumental para apresentar golpistas como “democratas”, procurando a ficha corrida de políticos burgueses como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos governadores “ científicos” da extrema direita como João Dória (SP), Wilson Witzel (RJ), o presidente da Câmera de deputados, Rodrigo Maia, entre muitos outros.
No artigo Duas frentes contra Bolsonaro de Ricardo Cappelli, representante do governador Flávio Dino (PCdoB) apresenta a noção de que a frente ampla “pela democracia” que nem sequer defende o impeachment de Bolsonaro seria uma “unidade política” em torno da defesa das “instituições democráticas” contra os ataques bolsonaristas, sendo que essa “unidade” não seria necessariamente uma “frente eleitoral”, que seria um segundo tipo de frente.
“É uma Frente eleitoral? Claro que não. Participar dela significa se submeter aos ditames de alguns de seus integrantes? Afirmar isso é uma grande bobagem. É fugir da disputa.” (www.brasil247.com/blog/duas-frentes-contra-bolsonaro)
Uma questão prévia que Capelli pretende responder é a crítica que a frente ampla não serve na prática para nada, a esse respeito, o dirigente do PCdoB.
“É pouco provável que tantos atores importantes estejam se mobilizando em torno de uma causa fictícia. A democracia está ou não ameaçada? A Frente Democrática já provou sua importância quando impediu a transferência de Lula para Tremembé. Está unida na defesa do jornalismo, vítima cotidiana de agressões. Impediu que o Planalto indicasse “Reitores biônicos” para as universidades federais durante a pandemia.”
Na verdade, a Frente Ampla tem se demostrada vazia de conteúdo, apresentado tão somente a defesa da “democracia” em abstrato , e fazendo uma “oposição” de mentirinha ao governo Bolsonaro. As realizações que Capelli aponta como sendo da “ frente ampla”, são na maioria a negociação com o bolsonarismo, na política da burguesia em enquadrar o governo. Sendo que a defesa de “ Lula” é uma grotesca falsificação, uma vez que foram os aliados golpistas que prenderam lula , visando inclusive facilitar a “ eleição” de Bolsonaro.
A questão eleitoral, a chamada segunda frente, nada mais é do que uma adequação oportunista. A frente ampla não tem nem mesmo um critério democrático no sua composição, uma vez que os políticos burgueses golpistas e decadentes são privilegiados e cortejados, enquanto o PT, especialmente Lula, que comprovadamente um grande capital político e apoio popular é atacado. Neste sentido, os manifestos como “juntos” e “#somos 70%” e atos como “ Direitos Já” nada mais são de uma operação política de reciclagem dos políticos dos partidos burgueses tradicionais, que apoiaram o golpe e colocaram Bolsonaro na presidência.
O que são as duas frentes apoiadas pelo Capelli: uma frente ampla que só serve para deixar a esquerda a reboque da direita e uma frente de esquerda com fins meramente eleitorais. O que é preciso é uma frente de esquerda na qual estejam os movimentos e partidos que realmente representam os trabalhadores e querem fazer a luta nas ruas e no meio das massas pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas.