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Independência de classe

Boulos não fala em nome do movimento Fora Bolsonaro

A frente ampla é um instrumento da burguesia para tentar neutralizar a luta de classes que se aprofunda

Os acontecimentos em época de acirramento da luta de classes se sucedem com muita intensidade. Da mesma maneira que a esquerda que está na luta contra o golpe avança, também se coloca a reação da burguesia. Aliás, nesse quesito, a direita tem muito mais experiência em manobrar com a situação política do que a própria esquerda, particularmente diante dos seus setores mais confusos.

A burguesia tem os seus “exércitos” na extrema-direita golpista, e, a todo momento manobra, alicia, corrompe políticos da esquerda burguesa e pequeno-burguesa. 

No Brasil do golpe de 2016 a direita encontrou os seus aliados. Antes do impeachment da presidenta Dilma, quando o movimento golpista ainda estava em gestação, tivemos desde 2013 defensores da política de “arregar” para a direita e com isso defender o “abaixa a bandeira”, abrindo o caminho para que a extrema-direita levantasse a cabeça impulsionada pelos grandes meios de comunicação. Depois, tivemos a campanha do “não vai ter copa” e, finalmente, diante da ofensiva aberta da direita pela derrubada da presidenta Dilma, um setor da esquerda se aliou à direita pela derrubada dela, e uma outra parcela, que se colocava formalmente na defesa do governo de Dilma, buscou a todo momento dividir o movimento crescente de luta contra o golpe.

Em todos esses momentos, abertamente ou de forma camuflada, surgiu uma personagem com “ares esquerdistas”, mas que em essência defendia a política de divisão da esquerda diante da evolução do golpe de Estado. Essa personagem é Guilherme Boulos.

Dois acontecimentos marcam os primeiros passos de Boulos. Foi uma das lideranças da campanha contra o governo do  PT do “não vai ter copa”. Um movimento ultrarreacionário, que atacava a realização da copa do mundo de futebol no Brasil, com o pretexto do combate à corrupção, e de que, em vez de estádios, deveriam ser construídos hospitais, etc.

Em outro momento, diante da campanha aberta pela derrubada de Dilma que unificou todo o regime político e as instituições do País, sob o controle do imperialismo norte-americano, e em um momento em que a esquerda, em particular amplos setores do Partido dos Trabalhadores, evoluíam no sentido da mobilização contra o golpe, novamente Boulos foi um dos maiores defensores da divisão dos atos que se colocaram naquele período, marcadamente em São Paulo. 

Foi nesse período que surgiram os atos do “Largo do Batata” chamados pela “Frente Povo Sem Medo”, liderada por Guilherme Boulos, em oposição às mobilizações que ocorriam na Avenida Paulista convocadas pela Frente Brasil Popular, que unificava as principais organizações da esquerda no Brasil.

Lembremo-nos um pouco da evolução dos acontecimentos, da nulidade de Boulos e da sua Frente diante da evolução do golpe, da perseguição e prisão de Lula e finalmente da sua cassação das eleições de 2018. Tudo isso foi precedido pelo lançamento das candidaturas “esquerdistas” de Boulos e Manuela D’Ávila, que foram fundamentais para “coroar a democracia das eleições”, um processo todo controlado pelo regime político golpista, e que cumpriu como único papel garantir a eleição de um fascista: Jair Bolsonaro.

Chegamos a 2020, em plena pandemia, com a esquerda em sua esmagadora maioria na defensiva diante da política da burguesia do “fique em casa” em “defesa da vida”. Boulos, também um adepto dessa política, “pula” das lives e vai para as ruas, colocando-se à frente da mobilização popular, não sem antes ser um dos signatários do “Manifesto Estamos Juntos”, em aliança com notórios golpistas da burguesia.

Sem entrar no mérito do “Manifesto”, até porque já foi objeto de crítica neste Diário, mas sublinhando que não menciona sequer uma única vez o nome de Bolsonaro, Boulos se aliou a notórios defensores do golpe de 2016 e destruidores do País como Fernando Henrique Cardoso e outros arautos da ditadura militar de 1964 em nome de uma suposta luta contra Bolsonaro.

É com essa política de aliança com a burguesia, que Boulos se apresenta, em nome de uma “Frente Ampla” como “defensor das mobilizações populares”. Mas ele não fala em nome do movimento “Fora Bolsonaro”, sobretudo por que não defende a saída de Bolsonaro.

A constatação, se já era patente na  aceitação da imposição da justiça de São Paulo de proibir atos simultâneos da esquerda e dos bolsonaristas na Avenida Paulista, ficou escancarada com o acordo com o ministério público paulista entre Boulos e sua Frente Povo Sem Medo e a extrema-direita para alternar os atos na Avenida Paulista.

Não se trata simplesmente de uma capitulação. Isso já seria muito grave. É pior. É a expressão de uma política consciente da Frente Ampla em abortar a polarização presente entre a esquerda e a direita. As massas estão a caminho de esmagar a direita que é significativo diante do movimento popular nas ruas.

Boulos não representa o movimento “Fora Bolsonaro”, não pode falar em nome dos que lutam contra o golpe.

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