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Pós-eleições

Boulos: “junte-se a mim, não ao PSOL”

Como qualquer político burguês, Boulos procura se projetar independente do partido

Nas avaliações dos comentaristas da imprensa burguesa sobre as eleições municipais é denominador comum a política de valorização do centro golpista e a noção que na esquerda, o PT foi o grande derrotado e o PSOL se credenciou como o “grande partido da esquerda” na era pós PT, sendo que a ida de Guilherme Boulos ao segundo turno na cidade de São Paulo seria a comprovação dessa “avaliação”.

Trata-se evidentemente de um exagero intencional, que é indicador da política da burguesia para “renovar” a esquerda favorecendo uma “esquerda bem comportada”, sem nenhuma presença na classe trabalhadora.

Entretanto, a ênfase de Boulos na campanha e pós eleição nunca foi de fortalecimento do próprio PSOL. A campanha de Boulos pós eleição mostra mais um aspecto direitista de sua candidatura e do próprio Boulos e do PSOL. Sua campanha é como a de um político burguês, uma campanha personalista, não partidária.

Essa política não é  por acaso, a própria entrada de Boulos no PSOL foi uma manobra de tipo individual. O PSOL serviu como uma legenda de aluguel, Boulos não é do PSOL de verdade, ele entrou para usar o partido como trampolim. O PSOL é assim em geral, há outros casos, é um partido sem programa definido e qualquer um pode entrar.

A esquerda pequeno burguesa critica o PT e o PCdoB pelo oportunismo eleitoral, assim com o PT critica os partidos tradicionais pelo vale tudo eleitoral, mas no essencial a esquerda reproduz as características fisiológicos do sistema eleitoral brasileiro, que favorece não a estrutura partidária, mas os indivíduos, e as manobras oportunistas.

O caso de Erundina, uma política que vem de um partido burguês, é a mesma coisa. Boulos não é de confiança nem mesmo pro PSOL, a campanha eleitoral dele muito oportunista, sua defesa da frente ampla, mostram que ele pode muito bem sair pra um partido burguês se isso for interessante pro seu interesse

Esse esquema de funcionamento do regime político a partir dos candidatos e não dos partidos parece à primeira vista completamente disfuncional, mas cumpre um papel fundamental, garantir o controle do regime política pela burguesia, e colocar obstáculos a organização consciente dos explorados em representações políticas efetivas.

Copiar essas características dos partidos tradicionais da direita tem levado a transformações dos partidos de esquerda, mesmo os que não tem um grande apoio eleitoral, em tão somente máquinas eleitorais, que se resumem em fazer demagogia para angariar votos dos eleitores.

Neste sentido, o PT, o maior partido da esquerda brasileira, é um exemplo dessa adaptação da esquerda ao sistema eleitoral. O partido é dirigido por representantes de mandatos eleitorais, que procura utilizar o apoio dos trabalhadores ao PT tão somente como um capital eleitoral para conquista e renovação de mandatos. A força do partido não é esse funcionamento, mas o inverso, o grande capital político do partido não é a organização eleitoral, mas justamente o apoio dos trabalhadores, que não estão organizados no partido, mas que enxergam o partido como seu representante.

Por sua vez, o PSOL não tem de forma alguma essa contradição, o PSOL já foi constituído como um aglomerado de mandatos de políticos pequenos burgueses que romperam com o PT. Por isso, diferentemente do PT, o PSOL não tem um suporte organizativo advindo do apoio da classe trabalhadora, sendo na forma e no conteúdo a expressão da pequena burguesia carreirista, que busca através das eleições um lugar ao sol no regime político. De acordo com essa perspectiva, ou melhor essa falta de perspectiva, os aderentes do PSOL atuam sempre buscando um auditório que possa garantir uma ” representação” dos movimentos, na verdade um mandato eleitoral nas instituições burguesas, vistos como o suprassumo da ” participação política”.

Conforme, a crise política foi se desenvolvendo no país, a burguesia golpista intensificou a política de tentativa de quebra da polarização, que se expressou nas eleições municipais desse ano na operação de esvaziamento das candidaturas do PT, visto como concorrente principal no jogo eleitoral. Como parte dessa política, candidaturas da “esquerda não petistas” foram sendo impulsionadas pela imprensa capitalista. Daí a projeção de Guilherme Boulos como “ grande liderança da esquerda” pelo Partido da Imprensa golpista ( PIG).

Ao terminar as eleições, sendo apresentado pela imprensa, pelos políticos burgueses e até mesmo por setores da direita do PT como a expressão da “ renovação da esquerda”, Boulos procura consolidar-se como um cacife eleitoral, como qualquer liderança tradicional do esquema eleitoral, por isso tem divulgado cards e mensagens conclamando os seus apoiadores e eleitores a se “organizarem” não no PSOL, mas com “ Boulos”.

O objetivo dessa política também é aproveitar a campanha da imprensa e dos defensores da frente ampla de que o ex-presidente Lula “ já era” e que está “ obsoleto”, para se apresentar como o “ novo líder” da esquerda nacional. Na verdade, trata-se de uma política completamente artificial, uma vez que Boulos não é uma liderança autêntica dos trabalhadores, o que se pretende é aproveitar os votos conseguidos, por sinal, em larga medida às custas do eleitorado PT, para impulsionar a subordinação da esquerda à política de frente ampla.

De sorte que os trabalhadores não podem cair em mais essa manipulação da burguesia; “Organiza-se com Boulos”, significa na prática a desorganização dos trabalhadores, representa ficar completamente a reboque não simplesmente de mais um carreirista oportunista de plantão, mas fundamentalmente ficar a reboque das manobras traiçoeiras da burguesia.

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