Assim como os indígenas e os sem-terra, os quilombolas também passam as agruras de constantemente serem atacados não só pelo Estado, mas pelos capangas dos fazendeiros e grandes latifundiários, que se acham no direito de massacrar a população pobre para favorecer a burguesia agrária. Assim aconteceu no último domingo (18), no município de Serrano – MA, com membros do Quilombo de Açude, quando um grileiro atacou o local ateando fogo nas plantações do Quilombo. Segundo os moradores do local, há tempos eles vêm sendo ameaçados pelo tal grileiro, que chegou a afirmar que voltaria para terminar o serviço.
O homem, claramente um grileiro, afirma ter comprado terrenos no território onde o Quilombo se encontra, contudo, a área ainda está em processo de regularização pelo Incra desde 2011. Há pelo menos oito anos o Quilombo briga pela regularização do território e logo em seguida herdeiros da família Cadete surgiram fazendo ofertas para vender o território, mas sem avisar que a área poderia ser desapropriada pela União.
O grileiro chegou a assinar um acordo numa reunião com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais em Serrano, em 27 de julho, onde ficou decidido que eles resolveriam pacificamente a questão do território, o que não foi cumprido. Os quilombolas chegaram a recorrer às autoridades locais para que fosse aplicado algum tipo de proteção urgente sobre as terras dentro do Quilombo de Açude e seus moradores, porém não obtiveram resposta. Como sempre, a justiça burguesa se omite diante desses crimes, o que não é novidade, já que a justiça nunca fica ao lado da parte mais pobre da briga.
Assim segue a ofensiva dos latifundiários, que vêm sendo respaldados pelo governo golpista de Jair Bolsonaro, que desde que assumiu o poder vem favorecendo os interesses da burguesia agrária e recrudescendo as tensões entre indígenas, quilombolas e sem-terras com os latifundiários.