Campanha pela liberdade de Lula não é popular?

Em artigo publicado no sítio GGN no dia 8/7, o sociólogo Aldo Fornazieri critica a campanha Lula Livre por sua “falta de resultados”. Segundo ele, isso acontece porque a campanha pela liberdade de Lula não seria popular. Vejamos quais são seus argumentos centrais para chegar a essa conclusão.

Para começar, o artigo aponta como principal bússola para a orientação política os resultados da última pesquisa Datafolha que apontou números que, segundo ele, “não autorizam a conclusão de que Moro está morto politicamente, definitivamente derrotado, como sugerem algumas análises.” Segundo a pesquisa, 59% dos entrevistados acreditam que as decisões de Moro deveriam ser revistas contra 30% que acham ser adequada sua conduta. Mas apesar disso, 55% das pessoas acham que Moro não deveriam sair do ministério.

É incrível que mesmo depois de todo o processo golpista, todo o monopólio da informação que foi colocado em prática pela imprensa golpista e seus órgãos de pesquisa, Fornazieri insiste em levar em consideração para a análise tais dados. Qualquer análise séria deveria levar em conta este fato. Deveria levar em conta também o próprio resultado estapafúrdio da pesquisa que consegue através de uma manobra colocar na mesma entrevista dados que são contraditórios. Segundo a lógica, apesar de Moro estar cada vez mais desmoralizado diante do público, a maioria não quer que ele saia. Impossível de acreditar, mas nos parece que Fornazieri acredita.

Se essa pesquisa serve para alguma coisa certamente será para um interpretação oposta da que é dada por Aldo Fornazieri. Os dados contraditórios servem para disfarçar mas não conseguem esconder que a Lava Jato, Sérgio Moro e o golpe estão em uma crise profunda. O autor não nega que Moro esteja desgastado mas conclui que “os números não autorizam a conclusão de que Moro está morto politicamente, definitivamente derrotado”.

E qual o motivo dessa conclusão? A interpretação invertida da pesquisa Datafolha serve para justificar a tese de Fornazieri de que Lula Livre é impopular que é no final das contas a tese de grande parte da esquerda pequeno burguesa que se recusa a lutar pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro. Afinal, acrescenta-se aí a impopularidade de Bolsonaro, também indisfarçável, não só pelas pesquisas mas pelo povo nas ruas.

Segundo Fornazieri, os dados provariam que a campanha pela liberdade de Lula seria “pregar para convertidos” que “não conseguiu se traduzir numa campanha de massas e os atos que promoveu foram basicamente de militantes.” É preciso traduzir tal crítica. Quando Fornazieri diz que estão pregando para convertidos ele procura uma justificativa para não levantar a palavra de ordem de liberdade para Lula. Esta deveria ser substituída por alguma fórmula mágica que nem mesmo ele sabe direito qual seria e propõe, com base em artigo de Emir Sader, uma “reconstrução democrática e social do Brasil”. Resta saber se tal reconstrução será feita com ou sem Bolsonaro, com Lula fora ou dentro da cadeia.

Dizer que a liberdade de Lula não é popular é mais absurdo do que dizer que o próprio Lula – que só não ganhou a eleição contra tudo e contra todos porque foi preso – não é popular. Isso porque a luta pela liberdade de Lula se estende inclusive para aqueles que não são eleitores de Lula. É uma luta democrática que abrange amplos setores sociais.

Fornazieri critica ainda os partidos e organizações por “falta é empenho, capacidade explicativa e didatismo.” Podemos concordar com ele que existe realmente falta de empenho, mas se há, é necessário superar esse defeito através de uma luta política dentro da própria esquerda. O que há, na realidade, é uma completa falta de interesse de lutar pela liberdade de Lula, como já deixaram claro vários setores da esquerda pequeno-burguesa que chegam a declarar que “Lula livre não unifica” e que busca uma frente ampla com os golpistas do PSDB. E aí, não há empenho, há grande confusão oportunista.

E é preciso dizer ainda mais uma coisa sobre isso. Mesmo se levássemos em consideração a ideia absurda de que a luta pela liberdade de Lula não é popular, ela ainda assim deveria ser feita com toda a força. É o que precisa ser feito para que possamos derrotar o golpe e talvez remotamente, “reconstruir o Brasil” como quer Fornazieri e Emir Sader.

O mau do sociólogo – assim como dos acadêmicos em geral – é buscar soluções em fórmulas que contradizem a própria realidade. Para Fornazieri, não se trata de uma luta política determinada pela própria situação e pelo desenvolvimento real da luta de classes no Brasil. Para ele, basta a vontade individual, basta querer, que o movimento de luta pode inventar suas próprias palavras de ordem. Não é assim que funciona. A luta pela liberdade de Lula, a luta contra o governo Bolsonaro e contra o golpe não é uma escolha, é uma necessidade imposta pela situação política e essa luta é de vida ou morte para os trabalhadores e todo o movimento popular no Brasil.

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