Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Marrocos culpa o Irã para disfarçar sua ocupação

"O uso da propaganda pelo regime marroquino revela a fragilidade de sua narrativa oficial, incapaz de sustentar-se diante do direito internacional"

Nos últimos dias, a cidade de Smara, no Saara Ocidental, foi palco de uma nova escalada militar, após a Frente Polisário anunciar que atacou posições militares marroquinas na região, como parte do confronto em curso desde a violação do cessar-fogo por parte do Marrocos em novembro de 2020. No entanto, o aspecto mais notável deste ataque não foi apenas seu caráter militar, mas sim a reação da mídia marroquina, que rapidamente promoveu uma narrativa carregada de propaganda e desinformação, tentando envolver o Irã no conflito e alegando que os mísseis utilizados seriam de fabricação iraniana.

Uma tentativa desesperada de rotular o Polisário como grupo terrorista

Ao vincular os mísseis lançados sobre Smara ao Irã, a mídia paraestatal marroquina tenta colocar a Frente Polisário no mesmo patamar de organizações armadas classificadas como terroristas, como o Hesbolá e o Ansar Alá. Essa tática visa enganar a opinião pública internacional e apresentar o conflito no Saara Ocidental como parte de um suposto “eixo do mal”, em vez de reconhecer sua verdadeira natureza: uma luta de libertação nacional contra uma ocupação colonial.

A alegação de que os mísseis seriam “iranianos” não se baseia em nenhuma prova concreta ou verificada. Trata-se de especulações apoiadas em imagens vagas, fragmentos sem identificação clara e vídeos reaproveitados, que a própria imprensa marroquina já utilizou em outros contextos. Em vez de solicitar uma investigação internacional imparcial, o Marrocos prefere demonizar o Polisário e evocar o “fantasma iraniano” para justificar a sua repressão e legitimar sua presença militar ilegal no território.

Contexto político: exportar a crise interna para o exterior

É essencial entender essa ofensiva midiática dentro de seu contexto político. O regime marroquino, que enfrenta uma grave crise econômica e crescente descontentamento social, tenta criar um inimigo externo imaginário (o Irã) para desviar a atenção dos problemas internos. Além disso, ao associar o Polisário ao Irã, o Marrocos fortalece sua agenda de normalização com Israel, apresentando-se como um aliado confiável contra o “perigo xiita”, em troca de apoio militar e de inteligência por parte de Telavive e Washington.

A verdade no terreno: uma resistência legítima contra uma ocupação documentada

Por sua vez, a Frente Polisário afirma que suas operações visam apenas alvos militares marroquinos, o que é confirmado por testemunhos e fatos ocorridos no terreno. O uso de foguetes de curto alcance por parte do movimento não é novo — já foram utilizados em outras ocasiões.

A narrativa de um suposto apoio iraniano é infundada, usada apenas para encobrir as violações sistemáticas do Marrocos no Saara Ocidental, incluindo a repressão à liberdade de imprensa, à participação política e ao direito inalienável do povo saharauí à autodeterminação.

Conclusão: Não há democracia com ocupação, nem paz com mentira

O uso da propaganda pelo regime marroquino revela a fragilidade de sua narrativa oficial, incapaz de sustentar-se diante do direito internacional, que reconhece o Saara Ocidental como território não autônomo, sujeito a um processo de descolonização. Enquanto a resistência do Polisário continuar, nenhuma narrativa forjada poderá apagar a verdade fundamental: o conflito no Saara Ocidental é uma causa legítima de libertação nacional, e não um conflito sectário ou geopolítico regional.

* A opinião dos colunistas não expressa, necessariamente, a deste Diário.

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