Valéria Guerra

Jornalista (UMESP), historiadora, atriz com DRT-RJ, escritora, colunista do 247, PCO, e do meu site (https://guerraluz.prosaeverso.net/); mestre em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação; professora do Estado do RJ na cadeira de biologia, poetisa e ativista contra a desigualdade no Brasil e no mundo.

Coluna

Bolhas de poder no mar da invisibilidade popular

E a sua visibilidade, como está? Em meio ao caos e a desigualdade?

O clima político nacional está fervendo. A prisão domiciliar do ex-presidente da República Jair Bolsonaro está estampada na mídia nacional e internacional:

Prisão domiciliar de Jair Bolsonaro repercute na imprensa internacional
Decreto de Alexandre de Moraes afirmou que ex-presidente desrespeitou medidas cautelares (CNN, 04/08/25 às 19:17 | Atualizado 04/08/25 às 2h)

A notícia estava na primeira página do site inglês da Al Jazeera, do Catar. O veículo ressaltou que a decisão de Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi tomada por violação de medidas cautelares.

Em contrapartida, as notícias locais e regionais continuam pipocando nas páginas físicas e virtuais nos quatro cantos do país, em tabloides variados:

“O empresário Álvaro Borges Ribeiro, de 70 anos, foi assassinado a facadas, na manhã desta segunda-feira, num prédio comercial na Rua da Quitanda, no Centro do Rio. Uma câmera de segurança registrou o momento em que o suspeito do crime entrou e saiu do edifício, onde o idoso trabalhava. Ele tinha uma camisa enrolada na cabeça e usava máscara.” (Fonte: Jornal Extra, 05/08/2025)

“Polícia Militar prendeu 88 pessoas ao longo do mês de julho.” (A Tribuna de Petrópolis)

“No Acre, média salarial na hora da contratação é a segunda pior da região Norte.” (Jornal do Acre)

A população brasileira se levanta cedo, madruga, “pega” filas imensas para se transportar e chegar aos seus locais de trabalho. O salário é mínimo e, de sol a sol, chuva a chuva, as empregadas domésticas, os assistentes administrativos, os professores, os assalariados em geral nadam no mar da indigência, da invisibilidade. As mulheres estão perdendo suas vidas pelo feminicídio; as filhas do Brasil são bisavós aos 40 anos. E isto é uma ferida social.

As bolhas de poder estão na primeira página dos jornais, nas ondas da web, e a maioria desconhece a verdade, os bastidores, as filigranas do que a imprensa pode ou deve traduzir. As pessoas seguem seu roteiro comezinho, triste, sombrio, e avançam pela aventura de cada dia, atravessando ruas, avenidas, e dentro de trens e metrôs lotados: elas são escravizadas.

No coração de cada brasileiro há uma busca incessante por harmonia. O futebol é comentado por bocas inocentes daqueles que (ainda) perpetuam a lógica dos seus predecessores. Estatisticamente, a educação não é para todos — mas, se fosse, não teríamos tantas infelicidades expostas nos programas sensacionalistas.

No exposto abaixo, verificamos o quanto o percentual de explorados se amontoa na esquina da invisibilidade — e só vemos tal bolha de conformismo ser furada quando entra em cena: o jornalismo ético.

“O nublado dos últimos dias deu lugar ao sol. Um domingo ensolarado. O colorido das faixas e a diversidade de siglas e de pessoas ocuparam mais uma vez a Praça Vladimir Herzog para celebrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A segunda edição do Ato e Canto pela Vida reuniu 73 organizações na cidade de São Paulo, em 27 de abril de 2025.

A redução da jornada de trabalho, o fortalecimento das Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e de Assédio) e o trabalho integrado entre os órgãos públicos, com ações voltadas para a segurança e saúde no trabalho (SST), foram pautas defendidas tanto no manifesto distribuído à população quanto nas falas proferidas durante o evento.

“É importante que haja o direito contínuo e expresso de os trabalhadores estarem organizados em Cipas, porque a organização no interior dos locais de trabalho pode derrubar essa acidentalidade cruel que vitimou, no ano passado, cerca de 3 mil trabalhadores segurados. Porque o restante, que está informal, também está morrendo — e não é registrado”, afirma o diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro, Remígio Todeschini.

Segundo dados do AEAT 2023 (Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho da Previdência), elaborados pelo SEE-Fundacentro (Serviço de Epidemiologia e Estatística), 83,65 acidentes do trabalho ocorrem por hora no Brasil, e 2.007,54 por dia, totalizando 732.751 casos.” (Fundacentro – gov.br)

E a sua visibilidade, como está? Você já assistiu a algum noticiário diferente daquele que costumeiramente só lhe deseduca e aliena? Há um racha nas bolhas do poder, mas a ausência do jantar na mesa do brasileiro “médio” atualmente não é a notícia mais importante para a Casa Branca norte-americana — ou o que o valha.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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