Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Xiitas no Marrocos: entre marginalização e vigilância

Abu Turab afirmou que os xiitas no Marrocos sofrem uma demonização sistemática, sendo constantemente associados ao regime iraniano

 

Em uma entrevista conduzida por Driss Mrani, presidente do Movimento Progressista Marroquino, com um dos xiitas marroquinos conhecido pelo apelido “Abu Turab” e defensor da proposta republicana no Marrocos, no seu canal alternativo no YouTube (já que seu canal oficial, com mais de 93 mil inscritos, enfrenta um bloqueio severo), o convidado fez uma série de declarações polêmicas sobre a realidade da comunidade xiita no país.

Abu Turab afirmou que os xiitas no Marrocos sofrem uma demonização sistemática, sendo constantemente associados ao regime iraniano, apesar de existir um grande número de xiitas marroquinos que não têm qualquer ligação com a política.

Em um ponto sensível, o convidado declarou que o rei do Marrocos não tem ascendência ligada ao Profeta, destacando que os livros de genealogia mostram que a figura à qual a família real marroquina reivindica sua linhagem sequer existiu.

Ele revelou que pode haver cerca de 100 mil xiitas marroquinos entre os que vivem no país e no exterior, embora esses números não sejam oficiais. Segundo ele, a maioria se concentra no norte do Marrocos e na região do Rif.

O entrevistado ressaltou que os xiitas no país são proibidos de realizar suas atividades religiosas e vivem sob vigilância permanente. Qualquer pessoa identificada pode ser acusada de formar uma célula ligada à Guarda Revolucionária Iraniana, o que leva à prisão.

Acrescentou ainda ter ouvido falar da existência de pequenas reuniões em casas particulares com o objetivo de praticar a fé. Também relatou o caso de um xiita detido sob acusação de desvio de fundos no serviço postal, mas sustentou que a verdadeira razão da prisão foi sua insistência junto ao Ministério do Interior para obter uma licença oficial e criar um espaço de atividade religiosa. Segundo Abu Turab, as autoridades utilizaram essa acusação para evitar protestos de solidariedade por parte de organizações internacionais de defesa das minorias.

O convidado revelou que alguns xiitas marroquinos acabam colaborando com os serviços de inteligência do país, pressionados pelas condições impostas sobre eles.

Durante a entrevista, um comentarista anônimo interrompeu a transmissão, afirmando que o Irã é um “Estado policial”. Driss Mrani pediu então a resposta de seu convidado, que declarou: “No Irã, os sunitas têm um representante no parlamento, enquanto nós, xiitas marroquinos, não temos nenhum representante no parlamento marroquino”. Ele acrescentou que, no Irã, existem mais liberdades do que se costuma afirmar e insistiu que não há comparação possível entre os dois países.

Ao encerrar, Abu Turab alertou sobre influenciadores marroquinos que viajam ao Irã e ao Iraque sob o pretexto de turismo ou peregrinação, mas que, segundo ele, estão diretamente ligados à inteligência marroquina – inclusive alguns xiitas.

Ele citou ainda um episódio envolvendo a prisão de um conhecido, após receber de um amigo iraquiano uma encomenda que continha terra sagrada, um rosário, uma bandeira com os nomes dos imames, um texto de jurisprudência religiosa e a foto de um líder espiritual. Quando foi buscá-la nos correios, acabou detido pelos serviços secretos marroquinos.

Durante o interrogatório, uma agente lhe disse ironicamente: “Percebi que não te enviaram o chicote de correntes para bater nas costas”. E acrescentou que sabia disso porque havia feito um curso de formação: seis meses no Líbano e seis meses no Irã, “fingindo ser xiita”.

Abu Turab concluiu levantando a dúvida se essa agente utilizou tal discurso apenas como técnica de interrogatório ou se, de fato, tinha sido infiltrada no Líbano e em Qom, no Irã.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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