Polêmica

Uma apologia da truculência policial

Articulista aplaude a mais nova arbitrariedade de Alexandre de Moraes

No artigo Moraes chuta o pau da barraca de bolsonaristas no STF, publicado pelo Brasil 247, Esmael Morais comemora a mais nova decisão ilegal do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Diz ele:

“O ministro Alexandre de Moraes chutou o pau da barraca, literalmente. Na madrugada deste sábado (26), ele determinou o fechamento da Praça dos Três Poderes e autorizou o uso de força policial contra parlamentares bolsonaristas que tentavam ressuscitar acampamentos golpistas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O recado foi direto: ou desmontam por bem, ou serão presos.”

O tom já chama a atenção. “Chutar o pau da barraca” é uma atitude típica da polícia, que reprime camelôs, manifestantes, piquetes etc. E não é nada diferente nesse caso: embora Moraes, covarde que é, tenha se limitado a despachar uma ordem de seu gabinete, algum policial irá reprimir algum pobre coitado.

Dito isto, vejamos agora o mérito da decisão. Moraes proibiu toda e qualquer manifestação na Praça dos Três Poderes — local que deveria ser o mais acessível possível para manifestações de rua, visto que é lá onde estão as autoridades públicas. A decisão é tão rigorosa que até turistas tiveram o acesso restringido.

Falar em “acampamentos golpistas” é apenas uma intriga do autor que visa justificar a repressão. Conforme dito, a proibição é contra qualquer manifestação. E não apenas isso: as manifestações esperadas não são “golpistas”, são protestos contra o cerco judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os apoiadores do ex-presidente pedem anistia aos perseguidos políticos, se opõem às medidas cautelares impostas por Moraes, protestam contra a cassação de parlamentares — em resumo, defendem um conjunto de reivindicações políticas.

Se Esmael Morais de fato defende as medidas tomadas pelo ministro do STF, então ele teria de ter sido a favor, à época, de que as manifestações contra a prisão de Lula e contra o impeachment de Dilma Rousseff — ambos capítulos de um golpe de Estado — fossem proibidas. Afinal, elas tinham o mesmo conteúdo: eram protestos de um setor expressivo da população contra a ação do Estado.

A cegueira do articulista em relação ao papel do Estado — isto é, a incapacidade de entender que as mesmas medidas utilizadas contra a extrema serão utilizadas contra a esquerda — é apenas um aspecto do problema. Vejamos o que Esmael Morais diz em outros momentos no texto:

“Moraes não tolera repeteco de 8 de janeiro”

“Segundo apurou o Blog do Esmael, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi comunicado oficialmente da decisão e teria autorizado o uso da força policial para garantir o cumprimento.”

“Os atos em Brasília foram interpretados como provocação direta ao Judiciário, e Moraes reagiu como de costume, com a caneta e o peso da lei.”

“Mas Moraes também faz política. Ao endurecer com os parlamentares, envia um recado ao centro democrático, o STF não se curvará a novas investidas autoritárias.”

“O Brasil assiste, dividido, a mais um embate entre toga e farda, entre o Estado Democrático e os escombros do golpismo.”

O articulista deixa transparente que a sua “arma” para combater a extrema direita são os inimigos de classe da esquerda. É a polícia, o Judiciário, Ibaneis Rocha etc. Isto é, é a direita.

Quando a esquerda pequeno-burguesa considera que a maneira de derrotar a extrema direita é apelando para o uso da força por parte da direita, é porque já está derrotada. É porque considera impossível vencer o bolsonarismo na luta política.

Esse caminho é, obviamente, o caminho da derrota. Ao evocar Alexandre de Moraes para combater o bolsonarismo por não conseguir derrotá-lo nas ruas, a esquerda pequeno-burguesa irá se indispor ainda mais com a população e ficar ainda mais desmoralizada.

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