Política nacional

Os ‘soberanistas’ que deram o golpe de Estado em 2016

Eduardo Guimarães chama o Brasil a cerrar fileiras em torno do tribunal que opera a destruição dos preceitos jurídicos nacionais e instaura uma ditadura no País

O portal progressista Brasil 247, neste sábado (19), publicou o artigo “O risco de o Brasil capitular é real”, assinado por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania. A matéria se destina a chamar a esquerda a apoiar os golpistas do STF e sua operação ditatorial ora direcionada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Inicia Guimarães, como uma primeira e evidente absurda colocação:

Em 22 de julho de 2024, o Brasil 247 publicou texto de minha autoria com um título que viria a se tornar profético: “não normalizem Donald Trump”.

A lide do artigo dizia: “a extrema-direita só precisa de mais uma peça para se transformar em uma máquina de guerra: Trump como presidente”.

Onde está, porém, essa guerra? Trump até o momento buscou encerrar a guerra da OTAN contra a Rússia, e até mesmo pressionou o governo israelense para um cessar-fogo. Onde está a máquina de guerra da extrema direita? Algo que não se concretizou, mas os fatos não impedem o colunista de manter sua tese. E continua:

O título do artigo surgiu do fato de que eclodira, entre setores da esquerda, a ideia de que Donald Trump, Kamala Harris e Joe Biden eram todos “a mesma coisa”.

Desesperei-me. Enquanto se contorciam em desespero aqueles que enxergavam o que representaria para a humanidade a abominação alaranjada chegar ao poder, aquela parcela insuportável da esquerda — que se julga muito genial — espalhava essa porcaria pelas redes.

Nos EUA, muitos eleitores pensaram o mesmo e nem foram votar. Deu no que deu.

Muito bem. De fato, era e é preciso diferenciar Donald Trump dos políticos americanos tradicionais, como Harris e Biden. Contudo, isso se dá pelo fato de que Harris e Biden são demônios piores do que Trump, e não o contrário. Afinal, foram esses mesmos que iniciaram a guerra contra a Rússia, que até hoje utiliza a população ucraniana como bucha de canhão contra a Rússia, e inúmeros outros fatos, como o próprio genocídio na Faixa de Gaza, o que rendeu-lhes os apelidos, nos EUA, de Joe Genocida (Genocide Joe) e Holocausto Harris (Holocaust Harris).

Ao que parece, Eduardo Guimarães se julga muito inteligente para considerar que o lado pior é o que mais ativamente pratica genocídios e golpes de Estado pelo planeta, e não o que fala grosso, mas ao fim e ao cabo, pouco faz. Segundo o articulista “deu no que deu”, o que quer que isso queira dizer.

Prosseguindo, Guimarães passa a defender o Judiciário verdadeiramente nazista do Brasil como um grande arauto do bem:

O Brasil, com seu destemido sistema de Justiça, inspira a humanidade a resistir à maior ameaça surgida nos últimos 100 anos

Nosso sistema de Justiça altivo — com a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal — impõe respeito ao custo do risco total às vidas de homens briosos que empunham a Carta Magna como uma espada flamejante contra o demônio de pelagem alaranjada e seu despachante patético aqui no Brasil.

De fato, aqueles que condenam o povo brasileiro às masmorras que são os presídios, e destacadamente a parcela superior desse sistema, que protagonizou o golpe de 2016, sua sequência nas eleições de 2018, os processos farsa do Mensalão e da criminosa operação Lava Jato, esses sim, são os grandes defensores da Constituição Federal, salvo todos os atropelos que praticam contra ela a nível diário. Inclusive, chega a ser vergonhoso que Guimarães cite a CF e mencione o julgamento de Bolsonaro no mesmo parágrafo, afinal, já é justo dizer que todas as garantias processuais que estabelece o direito de defesa vem sendo atropeladas sistematicamente pelo STF para condenar Jair Bolsonaro, como feito anteriormente com Lula, ainda que então em nível menor. O colunista tem então a indecência de, após defender tais impropérios, falar em democracia:

Todavia, a partir daqui, erguer-se-ão as vozes dos covardes, dos quintas-colunas e, enfim, dos que haverão de lucrar com a capitulação e com a hecatombe democrática que decorrerá de nos submetermos às exigências do Império.

Finaliza o articulista conclamando todo o povo brasileiro à defesa da corte que rendeu ao País os dois anos de Michel Temer, com mais quatro anos de Jair Bolsonaro, e hoje um governo Lula totalmente insosso, impotente:

Cabe a cada cidadã e a cada cidadão, aos jovens e aos idosos, aos ricos e aos pobres, aos letrados e aos não letrados — enfim, aos brasileiros de Norte a Sul — emprestar seu apoio incondicional a Andrei Rodrigues, a Paulo Gonet, a Cármen Lúcia, a Alexandre de Moraes, a Flávio Dino, a Cristiano Zanin, a Gilmar Mendes, a Luís Roberto Barroso e a Dias Toffoli — e torcer para que os outros quatro ministros criem juízo.

Essa mulher e esses homens constituem a barreira democrática que nos separa do abismo autoritário de triste memória, que olha para nós após tê-lo encarado nas formas hediondas de Donald Trump, Jair Bolsonaro e seus sequazes.

Trata-se de uma fantasia. Eduardo Guimarães ignora a sequência de golpes com Mensalão (2012), Lava Jato (2014), impeachment (2016), prisão de Lula (2018), e tem a cara de pau de dizer que o povo brasileiro, que os trabalhadores, devem defender a escória que vem servindo para destruir suas condições de vida. Aparentemente, Guimarães não deve ter sofrido com a destruição das condições econômicas provenientes do regime golpista, e nem ser alvo da censura hoje disseminada no próprio ar que se respira no Brasil. A forma hedionda que Guimarães diz combater é, contraditoriamente, a forma do STF pelo qual chama o povo a cerrar fileiras.

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