Brasil

Mobilização ou demagogia eleitoral?

Colunista do Vermelho propõe continuar com a Frente Ampla e defende "mobilização" para vencer as eleições

O colunista do portal Vermelho, do PCdoB, Leandro do Erre, escreveu uma coluna no último dia onze de julho intitulada Mobilização, estratégia, composição e coragem para reconfigurar a política, na qual traça um possível cenário para o ano que vem e o que a esquerda deveria fazer para as eleições. Diz ele:

O enfrentamento à extrema direita exige mais do que críticas ao governo — exige ação direta, articulação entre os movimentos sociais e coragem para colocar a política no centro do debate.”

A política para que a esquerda vença as eleições, portanto, segundo o que diz  o articulista, parece ser a de mobilizar a população em torno de um programa realmente popular. No entanto, a proposta não é exatamente essa. Isso, porque apesar de falar em mobilização popular, o que Erre propõe é mais uma aliança com a direita que organizou o golpe de 2016, naquilo que nos últimos anos conhecemos como “Frente Ampla”.

Não há nenhuma menção no texto sobre o combate ao imperialismo. Pelo contrário, o que Erre diz, é que o foco deve ser o mesmo que a esquerda já vem tendo desde a eleição de Lula em 2022. Isso quando o imperialismo se vê em uma crise sem precedentes e, ao mesmo tempo, causa uma destruição enorme em todos os sentidos, como vimos na Faixa de Gaza. E assim o articulista vai atrás do apoio de setores da sociedade que seriam, pelo menos aparentemente, contra a extrema direita, os chamados “democratas”. No entanto, o que Erre não leva em consideração é que essa política não é popular como parece a  primeira vista.

Por exemplo, o autor cita ao longo do texto o que deveria ser feito para conquistar a população: “o fim da escala 6 por 1 e a taxação dos super ricos, ambas materializadas no plebiscito popular nacional”. No entanto, esses pontos só são levantados no Brasil pela esquerda atualmente pois são aceitos pela burguesia e têm pouco potencial de se transformar em um movimento de massas.

No caso do “fim da escala 6 por 1”, que vem sendo chamado em outros países de “four days week” (quatro dias por semana), trata-se de uma política não só aceita pela burguesia imperialista, mas sim, uma política impulsionada por ela. Isso porque, ao contrário do que dá a entender, a proposta de quatro dias de trabalho por semana não é uma proposta que vem dos trabalhadores, mas sim, dos patrões, com o intuito de flexibilizar a jornada de trabalho.

Caso realmente fosse uma proposta vinda dos trabalhadores, por que é que os trabalhadores não reivindicariam aquilo que já é tradicional, ou seja, redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais com o fim de semana livre?

Outra coisa, quem financia essa campanha por todo o mundo? No Chile, por exemplo, em que os quatro dias foram aprovados para ter início em 2028 mediante negociação entre patrão e empregado, muitos setores apontam que, ao invés de abaixar a carga horária do país de 45 horas semanais para 40 horas, o que acontecerá é que os trabalhadores irão trabalhar 40 horas semanalmente, mas, quando o patrão necessitar, trabalharão 50 horas. Isso, além de, na prática, aumentar o número de horas trabalhadas por dia de 9, com cinco dias semanais de trabalho, para 10.

A Frente Ampla, no entanto, amarra a esquerda de uma tal forma que somente propostas desse tipo podem ser feitas, acaba com qualquer possibilidade de uma verdadeira mobilização popular.

Ou será que figuras como Geraldo Alckmin, que o autor propõe como sendo o candidato da esquerda para o governo de São Paulo, vide o parágrafo abaixo, aceitariam um programa que defendesse a necessidade de o governo reestabelecer o controle do Banco Central e acabar com os juros monstruosos contra os brasileiros?

Um ponto relevante, que representaria uma jogada política inteligente, seria Lula lançar Alckmin como candidato ao governo de São Paulo. Essa movimentação tiraria Tarcísio da zona de conforto, forçando o campo conservador paulista a voltar sua atenção ao próprio território. Isso criaria um novo eixo político e poderia reconfigurar a disputa presidencial, ao afastar da corrida nacional aquele que hoje é considerado o nome mais competitivo da direita.

O que realmente faria a população a sair às ruas seria uma mobilização com um programa realmente popular, que defendesse os reais problemas do país, como a necessidade da geração de empregos, da reindustrialização do país, da reestatização de empresas públicas, por exemplo.

Isso sem falar em questões que dizem respeito à soberania do Brasil, como o fim do controle do FBI, da CIA e do Mossad sobre as forças de repressão brasileiras.

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