Política internacional

Ataque de Trump contra USAID fere máquina de golpes imperialista

É certo que as divergências entre os setores menores da burguesia norte-americana e o imperialismo ainda produzirão mais avanços positivos aos povos oprimidos do planeta

Uma ordem executiva assinada por Donald Trump, que impõe suspensão de 90 dias no financiamento da “assistência ao desenvolvimento” dos Estados Unidos, provocou um abalo em um dos principais instrumentos da política imperialista norte-americana: a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Embora “Israel” e Egito tenham sido poupados, o corte afetou diretamente organizações não-governamentais e veículos de comunicação que dependiam desse financiamento para operar, especialmente na Ucrânia e na Nicarágua. O impacto imediato foi o pânico entre ONGs e jornais imperialistas, que agora recorrem a campanhas de doação para sobreviver.

A medida levou à suspensão de contratos e demissões em massa na própria USAID, com centenas de funcionários dispensados. Nos bastidores de Washington, o clima é de desespero. A ordem de Trump também serve para relembrar o verdadeiro papel da USAID: longe de ser uma agência de “assistência humanitária” e de “promoção da democracia”, ela atua como fachada para operações de desestabilização e golpes de Estado em países que resistem à dominação imperialista dos EUA.

Na Ucrânia, o impacto foi imediato. Desde o golpe de 2014, que derrubou o presidente Victor Ianucovich, os EUA investiram bilhões de dólares para construir uma oposição anti-Rússia e financiar veículos de propaganda, como o Hromadske e o VoxUkraine. Esses órgãos, que celebraram até mesmo grupos neonazistas em sua cruzada contra a influência russa, agora enfrentam dificuldades para manter suas atividades sem o dinheiro da USAID. O presidente Vladimir Zelensqui admitiu que programas “críticos” foram suspensos, apelando para que a Europa aumente seu apoio financeiro.

Na Nicarágua, a situação não é diferente. Desde a volta do sandinismo ao poder, em 2006, os EUA investiram milhões de dólares em grupos de oposição e veículos de comunicação de direita, como o 100% Noticias, que incentivou a violência golpista durante a tentativa de derrubar o sandinismo em 2018.

O canal, financiado diretamente pela USAID, chegou a pedir abertamente uma intervenção militar dos EUA no país. Com o corte de Trump, veículos como o Nicaragua Investiga lamentam o “golpe severo” à sua capacidade de atuar contra o governo nacionalista de Daniel Ortega.

Na Venezuela, a agência financiou grupos de oposição e tentou desestabilizar o governo de Nicolás Maduro, inclusive apoiando tentativas fracassadas de golpe. O fato não passou despercebido pelo líder da revolução bolivariana, que em transmissão do programa Maduro Live De Repente falou da agência e do esquema criminoso da “ajuda humanitária” da USAID:

“260 milhões (de dólares) para suposta assistência humanitária, 247 milhões para desenvolvimento, 200 milhões de um fundo que eles chamam de fundo de desenvolvimento (…) Nos documentos há mais de 700 milhões”, disse. Maduro enfatizou ainda: “desde que sequestraram [a Citgo, subsidiária da estatal petroleira PDVSA], eles deveriam ter pelo menos US$ 1 bilhão para entregar ao país todos os anos, e já têm cinco anos para entregar o que chamam de lucros de fim de ano”, concluiu.

Nos Bálcãs, a agência é parte de uma rede que inclui a famigerada National Endowment for Democracy (NED) – outra fachada da CIA – e a Fundação Open Society, do banqueiro George Soros. Após as guerras da década de 1990, a região foi transformada em um laboratório de intervenções estrangeiras disfarçadas de “apoio ao desenvolvimento” e à democracia. Agora, com a suspensão dos recursos, milhares de ONGs enfrentam cortes de pessoal e incerteza sobre o futuro de suas atividades criminosas.

Criada durante a Guerra Fria, a USAID sempre operou como braço civil da CIA, facilitando operações clandestinas sob o pretexto de fornecer “ajuda humanitária”. Sem poder disfarçar completamente sua natureza golpista, o sítio brasileiro UOL (de propriedade do Grupo Folha) procurou amenizar o papel da agência, apresentando-a como uma “ferramenta de soft power no artigo O que é a Usaid, agência que Musk chama de ‘ninho de vermes’ e quer fechar:

“A agência era considerada uma importante ferramenta de ‘soft power’ dos EUA em suas relações exteriores, de acordo com oficiais do governo americano ouvidos pela rede CNN. A segurança nacional dos EUA é construída em três pilares: defesa, diplomacia e desenvolvimento — o primeiro deles é responsabilidade do Departamento de Defesa, o segundo pelo Departamento de Estado e o terceiro pela Usaid.”

Será preciso acompanhar a evolução do caso, mas, certamente, o estrangulamento da USAID é um duro golpe dado pelo governo Trump no imperialismo, e o mundo certamente agradece. Exceto, é claro, elementos da esquerda pequeno-burguesa viciados no dinheiro do imperialismo roubado dos oprimidos do mundo, como o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que, em seu perfil no X, lamentou:

“DESCASO! Musk e Trump querem destruir a vida no planeta! Pretendem fechar a USaid, agência do governo dos EUA responsável por 40% de toda a ajuda humanitária no mundo! Só em 2023, ela destinou 72 bilhões de dólares em ajuda para todo o planeta! Não há dúvidas que a política desses dois crápulas é de destruição e morte!”

É certo que as divergências entre os setores menores da burguesia norte-americana e o imperialismo ainda produzirão mais avanços positivos aos povos oprimidos do planeta, independente dos motivos que fundamentam determinadas decisões. Cabe à esquerda ter a cabeça no lugar – diferente do deputado psolista – para aproveitar as oportunidades que a crise abrirá para fazer avançar a luta dos trabalhadores.

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