Estados Unidos

Começo de governo Trump aumenta a crise no imperialismo

Afastando-se do neoliberalismo ortodoxo, presidente prejudica os interesses dos principais monopólios norte-americanos e europeus

Os primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, iniciado na segunda-feira (20), foram marcados por um turbilhão de ações e medidas que já começaram a abalar tanto a política interna quanto as relações internacionais do país. Logo no primeiro dia, o novo presidente retirou os EUA do Acordo Climático de Paris. O gesto, repetido de seu primeiro mandato, foi formalizado com uma carta enviada à ONU. Além disso, o presidente ordenou a saída dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos EUA, Trump iniciou sua ofensiva contra imigrantes, intensificando a repressão nas fronteiras e extinguindo um programa do governo Biden que permitia a entrada legal de migrantes. Além disso, reinstaurou o programa chamado “Fique no México”, que obriga solicitantes de asilo a aguardarem no país vizinho enquanto seus casos são processados. Essas medidas foram acompanhadas de declarações de emergência nacional na fronteira sul e a classificação de cartéis de drogas como organizações terroristas.

Outro ponto que gerou forte reação da imprensa imperialista foi a concessão de perdões a mais de 1.500 pessoas envolvidas na manifestação ocorrida no Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O perdão incluiu acusados de agredir policiais, causando divisões entre uma parte dos apoiadores de Trump, atraindo críticas de familiares de policiais e órgãos ligados à segurança pública.

Trump também determinou o congelamento de contratações no setor federal, com exceção do setor militar, e ordenou o retorno dos trabalhadores federais ao trabalho presencial. Por fim, o republicano anunciou um investimento de US$500 bilhões em inteligência artificial, em parceria com gigantes como OpenAI, Oracle e SoftBank.

Na política externa, o novo presidente norte-americano reforçou sua agitação em torno do controle do Canal do Panamá, um ponto crítico para o comércio marítimo global por permitir a ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico. Trump ainda mencionou sua disposição para mediar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, mas condicionou a imposição de sanções adicionais à Rússia ao avanço das negociações.

Na última quinta-feira (23), Trump participou da abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos. Em sua apresentação, o mandatário anunciou “o maior programa de cortes de impostos da história” dos EUA a empresas e trabalhadores norte-americanos. Ele reforçou que as empresas que optarem por produzir fora dos EUA enfrentarão pesadas tarifas, destinadas a alimentar o Tesouro e reduzir o déficit, um ataque a alguns dos principais setores do imperialismo norte-americano, que atualmente, produzem fora do país. Ainda, essa política cria um embate direto com a União Europeia.

A relação com a UE, aliás, foi alvo de críticas diretas. Trump acusou o bloco de práticas comerciais injustas e taxações excessivas sobre produtos norte-americanos, comparando negativamente o sistema europeu ao da China. Ele também condenou a regulamentação rigorosa da UE, que, segundo ele, impede o avanço dos negócios na região.

Entre as medidas econômicas mais ambiciosas, Trump declarou estado de emergência energética nos EUA, liberando a exploração irrestrita de petróleo e priorizando projetos de infraestrutura energética. Ele argumenta que essa medida não apenas reduzirá preços domésticos, mas também fortalecerá a posição industrial dos EUA, facilitando avanços em tecnologias como inteligência artificial e criptomoedas.

Trump também anunciou que pressionará por cortes imediatos nas taxas de juros do Federal Reserve, numa tentativa de aliviar a economia e impulsionar o crescimento.

Com essas medidas, Trump termina produzindo mais crise. Ao se afastar do neoliberalismo ortodoxo para priorizar políticas protecionistas e energéticas voltadas para o mercado interno, o presidente prejudica os interesses dos principais monopólios norte-americanos e também o imperialismo europeu.

O “America First”, seu programa de governo que prioriza os setores mais frágeis da burguesia norte-americana em detrimento dos setores mais poderosos, deverá ser acompanhado mais de perto, mas até aqui, mostra-se um fator de crise que pode ser positivo para os povos oprimidos do planeta.

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