O assassinato covarde de Ismail Hanié, morto enquanto descansava em sua residência na capital do Irã, abalou o mundo. Ninguém precisou perguntar o que houve, o que aconteceu ou quem disparou contra o líder revolucionário. Todos sabem a resposta. Todos sabem quem teria a capacidade de arquitetar tal monstruosidade. Todos sabem quem seria capaz de assassinar um dos homens mais admirados no mundo no território de um país que não está oficialmente em guerra com nenhum outro. Todos sabem quem seria capaz de estragar a cerimônia de posse do presidente de um país que acaba de perder o seu comandante em um trágico acidente de helicóptero – ou que, até então, parecia ter sido um acidente.
Ismail Hanié foi mais uma vítima dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de “Israel”. Resta saber se há outros colaboradores – que estes, no entanto, são seus mentores, não há dúvida. O líder palestino se soma a Malcom X, Osama Bin Laden, Martin Luther King, Yasser Arafat, Saddam Hussein, Muammar Gaddafi e outros tantos que foram covardemente assassinados pelos ditadores da ordem mundial.
Aqueles que já não parecem mais serem dotados de qualquer senso de humanidade e que apoiam a carnificina na Faixa de Gaza vibraram. “Eliminado”, carimbou O Antagonista, o portal que exalta os delinquentes políticos da Operação Lava Jato e que é editado por um cidadão cujo pai vivia em “Israel”. “Viva o Mossad!”, grita a escória sionista, escondida por trás de suas telas de computador, uma vez que só sente corajosa quando há um criminoso como Benjamin Netaniahu para lhe proteger.
Vitória de “Israel”? Vitória da CIA? Não, pelo contrário. O martírio de Hanié nada mais representa que o desespero de uma entidade enfraquecida, acuada, isolada. Uma entidade que está cercada em todas as frentes e que não consegue vencer uma única batalha. “Israel” apenas acelerou seu fim. E o imperialismo norte-americano, na medida em que ajudou a acelerar o fim de seu projeto macabro no Oriente Médio, também se aproxima da própria morte.
E o Hamas? Que será do Movimento de Resistência Islâmica sem seu maior líder? Não será a mesma coisa, naturalmente. Não há como negar a importância de Hanié para a vanguarda revolucionária palestina. Hanié, que poderia ter sido o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, não fosse o golpe traiçoeiro de Mahmoud Abbas, se tornou a cara do Hamas no último período, liderando um verdadeiro governo palestino no exterior. Cada vez mais popular, cada vez mais admirado, não era à toa que estivesse em Teerã: os grandes homens de nosso tempo sabiam que o lugar de Hanié era junto aos grandes acontecimentos.
Dizer que Hanié desempenhava um importante papel político, intelectual, organizativo e diplomático no Hamas não quer dizer, no entanto, que o Movimento de Resistência Islâmica sairá desse episódio enfraquecido. O Hamas é, como dizem os seus integrantes, um movimento, uma causa. São, acima de tudo, uma promessa: jihad até a vitória! O Hamas é o produto da luta de mais de um século de um povo por sua libertação. É um movimento que já superou os mais inacreditáveis desafios impostos à condição humana.
O Hamas já lutou de pedras na mão e de foguetes. Já disputou eleições e já teve de garantir o poder pelo uso da força. Já provou seu amor ao povo pela mais singela ajuda aos necessitados e já provou pelo mais sublime sacrifício, lançando homens à própria morte para combater o inimigo. O Hamas não é obra de um único homem, nem é produto de circunstâncias fortuitas. O Hamas é a materialização da certeza que os palestinos têm de que limparão suas terras dos monstros que as ocupam.
Obrigado, Hanié, por cada minuto de sua vida dedicado à libertação dos povos. Seu legado viverá na solidariedade entre os oprimidos, em cada bala trocada com o inimigo e, sobretudo, em cada vitória.