Palestina

A reunião de Ansar Alá com grupos da resistência armada palestina

Iêmen promete estender operações marítimas ao Oceano Índico e África do Sul

Na semana passada, em uma rara e importante oportunidade, membros do Birô Político do Ansar Alá do Iêmen reuniram-se com figuras de destaque do Movimento de Resistência Islâmica – Hamas, Jiade Islâmica e Frente Popular pela Libertação da Palestina, para discutir a coordenação de futuras ações contra “Israel” e o imperialismo. Enquanto o Iêmen domina o transporte naval nos mares Vermelho e Arábico, no estreito de Bab al-Mandab e no golfo de Áden, uma das rotas mais importantes para o comércio internacional do mundo, o líder do Ansar Alá, Abdul Malik al-Huthi, prometeu na noite de quinta-feira estender a ação de apoio à resistência palestina, impedindo que navios ligados a “Israel” cruzassem também o Oceano Índico até o Cabo da Boa Esperança na África.

A agência de notícias francesa AFP revelou que os grupos discutiram “mecanismos para coordenar as suas ações de resistência” para a “próxima fase” da guerra em Gaza, citando fontes anônimas sem identificar onde aconteceu o encontro.

Abdel al-Malik al-Huthi declarou em discurso televisionado: “Não só impediremos que os navios israelenses naveguem no Mar Vermelho e no Mar Arábico, mas também no Oceano Índico e na África do Sul, em direção ao Cabo da Boa Esperança. Este é um passo importante e significativo, e já começamos operações relacionadas a isso.

Durante um comício em Sana, o porta-voz militar do grupo, Iahia Saree, também afirmou que os “Houtis” estão prestes a proibir navios israelenses de entrar no Oceano Índico.

Em fevereiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) garantiu que desde que o Ansar Alá interrompeu o fluxo comercial global, o tráfego mercantil do Mar Vermelho havia diminuído 42 por cento.

Segundo o jornal independente Palestine Chronicle, o líder do Iêmen avaliou que 73 navios foram alvo de ataques desde o início das operações, incluindo 12 só esta semana. Neste domingo, 17 de março, as Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido disseram que um navio comercial “relatou uma explosão nas proximidades do navio”, que não causou vítimas ou danos.

O Washington Institute revelou em dezembro que as ações do Iêmen desde o 7 de outubro levaram algumas empresas a desviar os seus navios da rota do Canal de Suez percorrendo a rota mais longa ao redor do Cabo da Boa Esperança para chegar à Europa e à Ásia, aumentando o seu tempo de trânsito de 19 para 31 dias. Alguns analistas, no entanto, garantem que 90% dos navios cargueiros que normalmente viajariam através do Canal de Suez circulam agora pela África. As perspectivas de bloqueio da rota alternativa acentuam as preocupações em torno da crise econômica dos países imperialistas. 

Segundo o Washington Instituto, navios ligados a "Israel" demoravam cerca de 19 dias para percorrer a rota Ásia-Europa, agora demoram 31 dias
Segundo o Washington Institute, navios ligados a “Israel” demoravam cerca de 19 dias para percorrer a rota Ásia-Europa, agora demoram 31 dias

Em entrevista ao sítio Responsible Statecraft, Eugene Gholz, professor de ciências políticas na Universidade Notre Dame e especialista na relação entre política econômica e segurança nacional, alertou que o custo da resposta militar dos Estados Unidos às ações iemenitas é muito superior ao custo da perturbação econômica.

As ações do Iêmen aumentaram recentemente, apesar da resposta multinacional liderada pelos EUA e a Grã-Bretanha, em aliança com outros países, que lançaram operações militares contra o Iêmen a partir de 11 de janeiro. A aliança Prosperity Guardian (Guardiões da Prosperidade) afirma que os ataques aéreos no território iemenita visam enfraquecer a capacidade do grupo de ameaçar a navegação marítima no Mar Vermelho. Além dos ataques, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha redesignaram o governo do Ansar Alá como um grupo terrorista.

Segundo a AP, no início de fevereiro, foram alvos mais de 13 locais diferentes no Iêmen, atingidos por caças F/A-18 dos EUA do porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower, por caças britânicos Typhoon FGR4, pelos destróieres da Marinha USS Gravely e pelo USS Carney que dispararam mísseis Tomahawk do Mar Vermelho, de acordo com autoridades dos EUA e o Ministério da Defesa do Reino Unido. Na ocasião, as autoridades norte-americanas não foram autorizadas a discutir publicamente a operação militar e falaram sob condição de anonimato.

A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, entretanto, disse quinta-feira (14) que o Ansar Alá possui um forte arsenal, observando que semanas de ataques não minaram as suas capacidades militares. Singh acrescentou que Washington continuará a realizar ataques contra o grupo, sublinhando a sua confiança de que as suas capacidades continuarão a ser enfraquecidas. “Ansar Alá ainda tem acesso a armas, capacidades e apoio do Irão”, alegou ela.

O New York Times revelou na sexta-feira (15) que o Irã teria pressionado os EUA a mediar o cessar-fogo em Gaza durante recentes negociações secretas em Omã, enquanto os EUA teriam pressionado Teerã para conter os ataques do Ansar Alá e do Hesbolá.

Em recente discurso, o líder do Hamas, Ismail Hanié, saudou todas as frentes de resistência que apoiam a batalha do povo palestino contra a ocupação, no Líbano, no Iêmen e no Iraque, e todas as massas que se manifestam nas capitais do mundo em apoio a Gaza.

A AFP revelou também que, na recente reunião, o Ansar Alá e os grupos palestinos discutiram o possível ataque terrestre israelense a Rafá, no sul de Gaza.

Uma fonte palestina, que também pediu anonimato para compartilhar detalhes da reunião, disse à AFP que os presentes discutiram o “papel complementar de Ansar Alá ao lado das facções palestinas, especialmente no caso de uma ofensiva israelense em Rafá”.

 Nos últimos dias, Abdel al-Malik al-Huthi denunciou a continuação da guerra israelense em Gaza, dizendo que “Israel” comete o “crime do século” com a participação dos norte-americanos, países ocidentais e árabes.

O líder do Ansar Alá denunciou também que o Irã é o único fornecedor de armas aos palestinos, criticando mais de 50 estados islâmicos por não armarem a resistência palestina durante o genocídio sionista em Gaza.

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