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HISTÓRIA DA PALESTINA

O chefe militar do Hamas que sobreviveu a atentados do Mossad

Homem por trás da Operação Dilúvio de Al Aqsa representa a espírito de luta do povo palestino

Desde o dia 7 de outubro, intensificou-se a crise da ocupação da Palestina por “Israel”, devido à ação da Resistência Armada da Palestina, o que gerou um conflito aberto na região, especialmente em Gaza. Pelo lado palestino, as brigadas Al-Qassam, braço armado do Movimento de Resistência Islâmica – ou simplesmente, Hamas, lideram a luta. Quem busca acompanhar a situação do front já deve ter se deparado com informes dados por Abu Obaida, porta-voz das brigadas Al-Qassam, que para proteger-se não usa seu nome verdadeiro e tampouco expõe seu rosto, sempre coberto pelo tradicional lenço do mundo árabe, o keffiyeh. Poucos, porém, já viram ou ouviram falar do líder militar por trás da Operação Dilúvio de Al Aqsa, aquele que lidera de forma muito bem-sucedida as brigadas Al-Qassam contra a incursão sionista por terra em Gaza que, até o momento, vem sofrendo uma dura derrota.

O misterioso chefe militar do Hamas é Mohammed Diab Ibrahim Al-Masri, mais conhecido por seu nome de guerra, Mohammaed Deif. A palavra deif, em árabe, significa “convidado”, apelido atribuído ao guerrilheiro por seu hábito de passar todas as noites numa casa diferente, como precaução contra possíveis atentados à sua vida, algo com que Deif, infelizmente, tem familiaridade. Ao contrário de Obaida, Deif não aparece publicamente e, raramente, teve sua voz gravada, mas entre os palestinos sua popularidade é sem igual.

Há apenas duas fotos suas disponíveis publicamente, sendo a mais recente delas do ano 2000. Sua aparência hoje deve ser muito diferente da imagem reproduzida nesta matéria. O mentor das brigadas Al-Qassam tem hoje 58 anos e, segundo reportagem da emissora britânica BBC, durante a primeira década do século foi alvo de quatro tentativas de assassinato israelense que supostamente lhe custaram um olho e o deixaram alejado, possivelmente dependente de uma cadeira de rodas. Há relatos ainda do jornalista israelense Shlomi Eldar, que entrevistou muitos membros do Hamas, de que desde 2006 Deif tem estilhaços alojados em seu crânio, frutos de um dos atentados contra sua vida, e que desde então precisaria de tranquilizantes para lidar com as enxaquecas provenientes do ferimento.

Deif é um fantasma e as descrições de seus feitos, de sua insistente sobrevivência contra a perseguição israelense, deram-no um caráter mitológico que, naturalmente, é aproveitado pelas lideranças políticas do Hamas. Após ataque contra o “convidado” em 2014, em bombardeio que acabou por vitimar sua esposa e seu filho mais novo, as autoridades do Hamas simplesmente declararam que Deif “ainda estava vivo e liderando a operação militar”.

Mesmo os serviços de inteligência israelenses têm dificuldade para obter mais detalhes não apenas sobre o paradeiro do líder das brigadas Al-Qassam, mas sobre sua vida. Os poucos detalhes disponíveis o colocam como um palestino comum, nascido após a Nakba, em 1948.

Em 1965, Deif, então Mohammed Al-Masri, nasceu no campo de refugiados Khan Yunis, estabelecido desde a Nakba, quando palestinos foram expulsos de suas terras pelos sionistas. À época, Gaza  estava sob domínio egípcio. Sua família era muito pobre, o que levou o jovem Al-Masri a largar os estudos para ajudar o pai no trabalho. Ainda assim, conseguiu graduar-se como bacharel em Química pela Universidade Islâmica de Gaza em 1988.

Um ano antes de graduar-se, havia integrado as fileiras do Hamas, surgido quase que com o início da Primeira Intifada, como uma oposição às sucessivas capitulações da Organização pela Libertação da Palestina. Al-Masri participou da rebelião palestina e foi preso em 1989 pelas autoridades israelenses, por seu envolvimento com o Hamas. Após 16 meses de reclusão, foi libertado numa troca de prisioneiros e, logo após esse período, ajudou a fundar as brigadas Al-Qassam.

Nos anos 1990, com um papel secundário, ajudou a organizar atentados contra “Israel”. Muitos de seus companheiros foram capturados ou mortos e ele próprio foi preso pela Autoridade Palestina em maio de 2000, a pedido de “Israel”. Já como Mohammed Deif, o militante palestino estava na lista dos mais procurados pelas forças sionistas desde 1995.

A partir de 2002, Deif tornou-se de fato o líder das brigadas e transformou-as, de um grupo difuso de organizações amadoras e semi-independentes, num verdadeiro exército bem organizado. O resultado de sua ação é visível nas ofensivas de 2014, 2021 e agora, em 2023, a mais bem-sucedida de todas.

Os fragmentos de informação que juntamos para construir a história de Deif transformam-no, de certa forma, no representante perfeito da resistência palestina do último período. Nascido em Gaza, o menino que viu sua família viver com as mazelas de ter sido expulsa de suas terras juntou-se ao Hamas para resistir às forças ocupantes, participou ativamente das duas Intifadas e hoje comanda a guerrilha armada contra o sionismo. Deif expressa o direito sagrado do povo palestino à sua independência. É difícil saber se o guerrilheiro revolucionário está vivo ou se morreu e alguém tomou seu lugar, mas sua força vive, impõe medo nos sionistas e enche os palestinos de vontade de lutar.

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