Todas as medidas tomadas pelo governo Bolsonaro que foram impostas contra os trabalhadores nos bancos estatais, como a diminuição de postos de trabalho, através do Planos de Demissões “Voluntárias” (PDV), fechamento de agências, descomissionamentos, faz parte de uma política que visa a transferência do patrimônio dos trabalhadores e da população, através das privatizações, para o bolso de um punhado de capitalistas, a exemplo do que foi feito com a Eletrobras, por exemplo.
As reestruturações nas dependências e agências dos bancos públicos teve como objetivo o enxugamento do quadro funcional das empresas, preparando o caminho para a privatização. Como aconteceu no governo golpista, Bolsonaro/Paulo Guedes, tanto no Banco do Brasil quanto na Caixa Econômica Federal e nos bancos de fomento, BNB (Banco do Nordeste) e BASA (Banco da Amazônia), foi uma verdadeira hecatombe para os bancários, quando jogaram no olho da rua dezenas de milhares de trabalhadores bancários e fecharam centenas de agências e dependências administrativas em todo o País.
Os ataques desferidos às empresas estatais fazem parte de um dos fundamentos do golpe de Estado: é a entrega do patrimônio nacional. Quando do golpe em 2016, na farsa do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff no reacionário Congresso Nacional, o interesse da direita em derrubar o PT não tinha nada a haver com a luta contra a corrupção. Na verdade, os interesses eram de atacar os direitos dos trabalhadores para favorecer os banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. Tanto foi assim que, logo que o vampiro Michel Temer (vice da Dilma) assumiu a presidência da República, uma das primeiras medidas do seu governo foi aprovar a famigerada lei da terceirização, liquidar com Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), dentre outras medidas draconianas contra a classe trabalhadora.
Os bancos estatais são uma importante ferramenta de desenvolvimento do País e que exerce uma função de desenvolvimento de extrema importância nacional.
A Caixa Econômica Federal, por exemplo, é garantia de fundamental relevância como instrumento de função social decorrente a financiamento imobiliário, saneamento básico e infraestrutura, com taxas abaixo do mercado, favorecendo a população mais carente.
Já o BNB atua em mais de 2 mil municípios abrangendo estados mais pobres do País da região nordeste, tais como Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, abrange também o norte de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo, que tem como objetivo a operacionalização de programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), administra o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que tem programas para incentivo a microempreendedores, etc. O Banco da Amazônia idem em relação ao desenvolvimento social e industrial daquela região. O Banco do Brasil, nem falar então, com mais de 200 anos de existência é uma instituição de fundamental importância no desenvolvimento do País.
É nesse sentido que as organizações de luta dos trabalhadores, nesse próximo período, devem ter um eixo claro de qual que deve ser o papel das empresas estatais, ou seja, para quem efetivamente, que classe social ou pelo menos a que segmento da sociedade deve estar voltada as verbas dos bancos estatais. Ter uma proposta de uma verdadeira política de utilidade das verbas dessas entidades que sejam um polo impulsionador do desenvolvimento social nacional, que deve expressar na construção e reformas de escolas, postos de saúde, moradia, facilidade no crédito para os trabalhadores, etc. Enfim propostas para um verdadeiro papel social, ou seja, uma proposta de utilização dos recursos desses bancos em favor dos trabalhadores e da grande maioria explorada.
Dessa forma, é necessário que os sindicatos e a CUT lançarem uma campanha nacional de defesa das estatais, convocar uma plenária nacional dos trabalhadores das estatais que deliberam as medidas necessárias para impulsionar uma campanha realmente de defesa dos bancos e das demais empresas estatais.
Artigo publicado, originalmente, em 16 de dezembro de 2022.