Para a conferência da Liga da Juventude Socialista – 18 de julho de 1938
Um partido revolucionário deve necessariamente se basear na juventude. Pode-se até dizer que o caráter revolucionário de um partido pode ser julgado, em primeira instância, por sua capacidade de atrair os jovens da classe trabalhadora para suas bandeiras. O atributo básico da juventude socialista – pensando na verdadeira juventude e não nos velhos de 20 anos – reside na vontade de se entregar total e plenamente à causa socialista. Sem sacrifícios heroicos, valor, decisão, a história, de modo geral, não avança.
Mas o sacrifício por si só não é suficiente. É necessário ter um entendimento claro do curso dos acontecimentos e dos métodos apropriados de ação. Isso só pode ser obtido através da teoria e da experiência vivida. O entusiasmo mais flamejante esfria e evapora rapidamente se não encontrar a tempo uma compreensão clara das leis do desenvolvimento histórico. Observamos com frequência como jovens entusiastas, atingidos na cabeça, tornam-se sábios oportunistas; assim como ultra-esquerdistas desencantados logo se tornam burocratas conservadores; assim como pessoas “fora da lei” se corrigem e se tornam excelentes policiais. Adquirir conhecimento e experiência e, ao mesmo tempo, não perder o espírito de luta, o auto-sacrifício revolucionário e a vontade de ir até o fim, é a tarefa da educação e auto-educação da juventude revolucionária.
A intransigência revolucionária é uma qualidade preciosa quando dirigida contra a adaptação oportunista à burguesia, contra a debilidade teórica e a hesitação medrosa de todos os tipos de oficiais, de oradores comunistas e socialistas do tipo de Browder, Norman Thomas, Lovestone(1) e similares. Mas a “intransigência” se torna seu oposto quando só serve de conforto para os sectários e confusionistas por sua incapacidade de se ligar às massas.
A fidelidade às bandeiras ideológicas é a qualidade fundamental do revolucionário autêntico. Mas, infeliz de quem transforma essa “fidelidade” em teimosia doutrinária, na repetição de formulas prontas, decoradas, como se fosse estáticas, incapazes de prestar atenção à vida e responder às suas exigências. Uma verdadeira política marxista significa levar as ideias da revolução proletária a massas cada vez maiores, através de combinações das condições históricas que estão em continuas transformações e muitas vezes são situações novas e inesperadas.
O principal inimigo dentro das fileiras do proletariado é, obviamente, o oportunismo, especialmente em sua forma mais nociva, o stalinismo, essa sífilis do movimento operário. Mas para ter êxito na luta contra o oportunismo precisamos banir os vícios do sectarismo e da fraseologia pedante de nossas próprias fileiras. A história da Quarta Internacional, incluindo a seção nos Estados Unidos, nos deu muitas lições a esse respeito; devemos entendê-las e aplicá-las. Os gregos antigos faziam Hilotas bêbados desfilarem para os jovens a fim de tirar a juventude do alcoolismo. Todos os Oehelers, Fields, Vereecken(2) e Cia., são Hilotas do sectarismo que fazem caretas e acrobacias como se seu objetivo essencial fosse que nossos jovens rejeitassem o sectarismo estéril e irritante.
Temos a esperança de que a próxima conferência da Liga se converta em uma etapa importante no processo de aquisição de experiência política sobre as bases de granito do programa marxista. Somente nessas condições será assegurado o destino do grande movimento histórico do qual a Liga da Juventude é um de seus destacamentos de vanguarda.