A pressão feita pela FUP e seus sindicatos surtiu efeito e o governo Lula está reavaliando os nomes dos indicados para o Conselho de Administração da Petrobrás. Dos sete membros apresentados para ocupar as cadeiras que a União tem no CA, quatro são da cota pessoal do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG). Todos eles “ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”, como afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, imediatamente após o anúncio das indicações.
Em nota divulgada na terça-feira, 28, a FUP repudiou os nomes indicados por Silveira e manifestou preocupação com os obstáculos que os conselheiros propostos podem criar “para o cumprimento do programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobrás e fim das privatizações na companhia”.
A indignação da FUP foi compartilhada por diversos integrantes do governo e pela presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, que acusou o ministro das Minas e Energia de traição e estelionato eleitoral ao indicar conselheiros para a Petrobrás que estão na contramão do programa de governo.
“Ele não pode colocar um conselheiro que seja contra o que o presidente (Lula) falou na campanha. Não tem por que manter essa política de preços da Petrobrás, de dolarização. Não tem por que pagar esses dividendos. Isso é um tapa na cara dos brasileiros. Isso é escorchante. Quem for para a Petrobrás, no conselho, na diretoria, tem que saber isso”, afirmou a presidenta do PT em entrevista ao site de notícias Metrópoles.
A reação surtiu efeito e já na quarta-feira, 01/03, o governo anunciou a substituição de um dos indicados por Silveira. No lugar de Wagner Victer, foi indicado Bruno Moretti, Secretário-Executivo Adjunto da Casa-Civil no governo Dilma (2015 a 2016) e atual Secretário Especial de Análise Governamental da Presidência da República.
Segundo alguns veículos da imprensa têm noticiado, outros nomes indicados pelo ministro das Minas e Energia para o CA da Petrobrás podem ser revistos nas próximas semanas. Por conta disso, a empresa decidiu transferir do dia 19 de abril para 27 de abril a data da Assembleia Geral Ordinária, quando os acionistas se reúnem para confirmar Jean Paul Prates na presidência, aprovar o novo Conselho e os resultados de 2022.
O mercado financeiro e a mídia corporativa, no entanto, seguem articulando e pressionando para manter o PPI, as privatizações e os megadividendos que a estatal vem gerando para os acionistas, apesar do alto custo que essa política danosa gera para o povo brasileiro e a soberania nacional.
Não por acaso, o jornal Estado de São Paulo, que apoiou os governos Temer e Bolsonaro, estampou em suas páginas a foto do celular da presidenta do PT, quando lia mensagem recebida do coordenador da FUP, criticando os nomes indicados por Silveira para o CA da Petrobrás.
Gleisi Hoffmann acusou o jornal de invasão de privacidade e reafirmou que “não há desvio, ilegalidade, sequer impropriedade na mensagem que recebi. Há sim desrespeito ao direito constitucional da privacidade – que a todos protege, inclusive às fontes dos jornalistas”.
A FUP e seus sindicatos seguirão cumprindo o papel de defender a Petrobrás enquanto empresa estatal que deve ter por prioridade os interesses do povo brasileiro. “Por conta da nossa pressão, o governo Lula, através do MME, encaminhou à Petrobrás ofício, cobrando a suspensão de todos os processos de privatização que estão em curso na empresa. Continuaremos fazendo o nosso papel de disputar os rumos da Petrobrás, como sempre fizemos”, afirma Deyvid Bacelar.
Fonte: FUP