O último primeiro de maio, data magna da luta dos trabalhadores, começou de maneira criminosa contra a classe operária. A ocupação de um prédio no Largo do Paissandu, ocupado por mais de 146 famílias, ardeu em chamas destruindo os pertences e assassinando dezenas de trabalhadores. As causas ainda não foram investigadas, mas não é difícil de serem identificadas.
É muito comum o incêndio em grandes centros urbanos, sobretudo, aqueles que afetam a população pobre e trabalhadora. Na capital paulista mesmo, sobram na imprensa notícias de barracos em extensos terrenos nas favelas aderem em chamas. A favela de Heliópolis já sofreu com esse drama por mais de uma vez.
Contudo, sempre que há uma acontecimento desses, a imprensa burguesa começa a especular causas que atribuem aos próprios habitantes da localidade a responsabilidade do fogo. Sem nenhuma investigação científica séria, saem a entrevistar qualquer primeira patente da Polícia Militar para colocar a culpa nos “gatos” de energia existente no local.
Com esse estratégico ardil, a imprensa joga um véu de fumaça sobre uma pergunta básica que surge nesses trágicos momentos. Quem ganha financeiramente com esses incêndios? A resposta é muito clara e objetiva: o mercado imobiliário. Alguém duvida que um predador financeiro do mercado imobiliário é capaz de tudo?
A ocupação que foi queimada no último dia do trabalhador, um antigo prédio da Polícia Federal, é situada em uma localidade muito valorizada na cidade de São Paulo. Todo tipo de interesse por aquele terreno percorre as ambições dos empresários do ramo imobiliário da cidade. No fim das contas, um incêndio faz em 12 horas o que uma reintegração de posse leva meses para conseguir, ou seja, a evacuação imediata do prédio. Quem ficar, morre.
É importante não perder de vista todas essas variáveis nas análises sobre o incêndio no Largo do Paissandu. É um método muito recorrente da burguesia para desvalorizar uma localidade lançar mão dos recursos mais espúrios, desde um incêndio criminoso e político até o estabelecimento de filiais da “cracolândia” em pontos estratégicos onde os investidores querem aplicar seu dinheiro.
Depois de comprados os terrenos, limpam as cinzas ou jogam a Polícia Militar apara expulsar os “cracudos”. Como não se tem nenhuma conclusão sobre as causas desse incêndio, por via das dúvidas na sociedade de classes, trata-se de uma ação criminosa organizada pela burguesia.