O primeiro-ministro francês Sebastien Lecornu anunciou sua renúncia menos de 12 horas após nomear um novo gabinete. O parlamento francês está profundamente dividido em relação aos esforços para aprovar um novo orçamento que enfrentaria o aumento da dívida.
Ex-ministro da Defesa, Lecornu foi o sétimo primeiro-ministro nomeado pelo presidente francês Emmanuel Macron e o quinto em dois anos. Sua renúncia repentina, com menos de um mês no cargo, faz dele o primeiro-ministro com o mandato mais curto da história moderna da França.
Um antigo aliado de Macron, Lecornu enfrentou duras críticas de ambos os lados do espectro político no domingo (5) após apresentar seu novo gabinete, que permaneceu praticamente inalterado em relação ao governo anterior de François Bayrou. Partidos de toda a Assembleia Nacional ameaçaram rejeitar a proposta.
Após o anúncio, vários partidos políticos pediram a convocação de eleições parlamentares antecipadas. O partido Reunião Nacional declarou no X que “o Macronismo está morto” e pediu a Macron que escolha entre a dissolução da Assembleia Nacional ou a renúncia.
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de esquerda França Insubmissa (LFI), também pediu a apresentação de uma moção para destituir Macron do cargo.
Pouco depois da notícia da renúncia de Lecornu, o índice CAC 40 da França, de US$3 trilhões, caiu 1,3%, tornando-se o índice com o pior desempenho na Europa. O euro também registrou queda devido à instabilidade política.
As finanças públicas da França têm estado sob crescente pressão, com o déficit atingindo 5,8% do PIB em 2024 e a dívida pública subindo para 113%, bem acima do teto de 60% estabelecido pelas regras da UE. O governo tem tentado aprovar um orçamento de austeridade visando conter os gastos e estabilizar a relação da dívida, mas as divisões na Assembleia Nacional têm dificultado o acordo.
O impasse político decorre das eleições parlamentares antecipadas do ano passado, que deixaram a França sem uma maioria clara. A câmara baixa está agora dividida entre três blocos — a aliança de Macron, a Nova Frente Popular de esquerda e o Reunião Nacional — nenhum dos quais pode governar sozinho. Como resultado, os governos de Macron têm repetidamente enfrentado dificuldades para garantir votos em legislações-chave.
Apesar da divisão, está claro que Macron tem uma minoria no parlamento, pois tanto a extrema direita quanto a esquerda tem se unido em oposição à sua política neoliberal. Os três últimos primeiros-ministros caíram rapidamente porque foram impostos por Macron à revelia da maioria parlamentar, uma espécie de golpe de Estado.





