Nesta segunda-feira (20), a ONG britânica Observatório Sírio para Direitos Humanos noticiou que oito soldados do Exército Nacional Sírio (ENS) teriam sido mortos e oito das Forças Democráticas Sírias (FDS) teriam sido feridos em confronto perto da represa de Tishreem, na região norte da Síria.
Esta região está há anos sob o controle das FDS, uma coalizão curda controlada pelos EUA e utilizada por eles para controlar o norte da Síria, região rica em petróleo e em produção agrícola de grãos. A principal força armada dessa coalizão são as Unidades de Proteção Popular (YPG), braço armado do Partido Trabalhista do Curdistão (PKK), organização curda que está há anos em conflito com a Turquia. Neste cenário, o ENS é um grupo controlado pela Turquia, para tomar controle do chamado Curdistão Sírio (nordeste país) e desarticular o PKK.
Conforme noticiado pelo The Cradle, os grupos vem guerreando na represa de Tishreem e na cidade de Manjib, próxima ao local. Citando a emissora Síria TV, The Cradle noticia que as forças governamentais estariam prontas para entrar no combate, junto ao SNA. Destaca-se que o golpe contra Bashar al-Assad levou ao poder o Haya Tahrir al-Sham (HTS), anteriormente o braço da Al-Qaeda na Síria. Em que pese o apoio do imperialismo ao golpe, o HTS vem atendendo primariamente aos interesses da Turquia, possivelmente o principal país a impulsionar e apoiar o grupo.
The Cradle ainda informa, citando a agência de notícia Reuters, que paralelamente ao confronto armado, negociações estão ocorrendo entre os EUA, FDS e HTS, entre a Turquia e o HTS, e entre este e as FDS.
O novo governo sírio exige que as milícias curdas entreguem suas armas ao Estado. Recentemente,Mazloum Abdi, comandante das FDS, afirmou que a coalizão está disposta a fazer parte das forças governamentais, mas como um “bloco militar”. No entanto, a proposta já foi rejeitada pelo HTS, conforme informado pelo ministro da Defesa sírio, Murhaf Abu Qasra.
Apesar de o golpe contra o governo Bashar al-Assad ter sido uma derrota para o Eixo da Resistência, o imperialismo não está conseguindo manter a estabilidade no país, correndo o risco de perder o controle sobre a região norte e, consequentemente, ver o fortalecimento da Turquia como potência regional, o que poderia ir de encontro aos interesses imperialistas na Ásia e na Europa.