A região ucraniana de Ternopol anunciou neste terça que condecorou (com a medalha Yaroslav Stetsko), por “contribuição pessoal significativa para a prestação de assistência às Forças Armadas da Ucrânia, caridade ativa e atividade pública”, Yaroslav Hunka, militar que serviu a Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Hunka chamou a atenção do mundo no ano passado quando, durante uma visita do presidente ucraniano Vladimir Zelensky ao parlamento canadense, aplaudido por todo o parlamento como um herói ucraniano.
Após o ocorrido, quando foi exposto quem era Hunka, o tamanho do escândalo foi levou o presidente da Câmara dos Comuns, Anthony Rota, a renunciar o seu cargo. Ainda assim, o presidente da Federação Nacional Ucraniana do Canadá, defendeu Hunka, reafirmando que ele era um herói e que não havia nada de errado em exaltar alguém que lutou pela independência de seu país.
A extrema direita ucraniana se baseia largamente no nazismo alemão. Stepan Bandera, um supremacista racial ultranacionalista ucraniano, foi também um colaborador do Reich, sendo considerado um herói nacional da Ucrânia, um dos mais referenciados atualmente e exaltado, por exemplo, pelo Batalhão Azov, que hoje é oficialmente parte do Estado ucraniano.
Bandera e Yaroslov, de fato, lutaram pela independência de “seu país” contra a União Soviética quando os alemães a invadiram, e, apesar de Stepan não ter servido diretamente ao governo nazista como Yaroslov fez, os dois se uniram à Alemanha, com quem tinham muita afinidade política. Ambos faziam parte de um fenômeno tipicamente imperialista, responsável pela proliferação de diversos movimentos fascistas no pós-guerra, além de defenderem abertamente a supremacia racial, por meios extremamente violentos.
O nacionalismo ucraniano da época, viu os nazistas como seus aliados e se aproveitaram do momento para atacar diversas minorias étnicas presentes na Ucrânia. Com a queda da URSS, ressurgiu a ideia de uma formação de mitos nacionais ucranianos para diferenciá-los do resto dos países que formavam a União Soviética. Se formou então um revanchismo contra a Rússia, com Bandera e Hunka sendo reverenciados para impulsionar o sentimento anti-russo que queriam implantar.
A própria medalha dada na condecoração, “Yaroslav Stetsko”, tem o nome de um dos membros da OUN-B, organização liderada por Stepan e que foi líder de um Estado de curta duração durante a ocupação alemão dos territórios soviéticos. Hoje o nacionalismo ucraniano se encontra quase que completamente inseparável do apoio ao nazismo e suas ações durante a Segunda Guerra Mundial.